Em tom de desabafo, ainda no gramado da Vila Capanema, o técnico Caio Júnior disparou: ?o cavalo paraguaio está chegando?.
Uma reação aos críticos, que colocaram em dúvida a capacidade do time após um início de returno marcado pela instabilidade. Com a 15.ª vitória no Brasileirão, o Paraná Clube elevou para 75% – segundo o matemático Tristão Garcia – suas chances de classificação à Copa Libertadores da América.
Apesar da euforia momentânea, com o resultado positivo obtido nos últimos minutos de jogo, o treinador prevê um alto grau de dificuldade na busca desse objetivo. Pelas projeções, o Tricolor só precisa de mais quatro vitórias para carimbar o passaporte, mas a meta é ir além. Para os paranistas, estimativas não são precisas. ?Essa questão é relativa.
Se vencermos quatro, mas o Vasco vencer seis, seremos ultrapassados?, lembrou o treinador paranista.
O clube carioca é, a rigor, o mais direto concorrente do Paraná. Até porque o confronto decisivo ocorrerá em São Januário, na 34.ª rodada.
Na quarta colocação, com uma vitória a mais que o Santos (e a mesma pontuação) e cinco pontos à frente do Vasco, a desvantagem do Tricolor fica por conta da sua tabela de jogos, na teoria mais complicada que a de seus rivais.
Ainda mais diante da meta traçada por Caio Júnior, de buscar o vice-campeonato para assegurar acesso direto à fase de grupos da Libertadores (a terceira colocação seria suficiente, caso o Internacional fique com o segundo lugar).
O problema é que Grêmio, Santos e Vasco fazem cinco jogos em casa e quatro fora. Com o Tricolor ocorre o oposto e, para piorar, serão três decisões na condição de visitante, contra Cruzeiro, Vasco e Santos (os outros jogos fora são frente a Atlético-PR e São Caetano).
?É importante manter o foco. Temos um aproveitamento razoável fora de casa e, na Vila, podemos fazer a diferença?, lembrou o treinador. Vale lembrar que as projeções são feitas com base no rendimento como mandante e visitante, sem levar em conta o local dos jogos. No Durival Britto, onde o clube passou a jogar desde o dia 20 de setembro, o rendimento é total, com nove pontos nos três jogos disputados. Nesta reta final, o Tricolor ainda recebe Flamengo, Palmeiras, Internacional e São Paulo.
Segredo está no equilíbrio
O Paraná Clube não precisa ir longe para buscar um exemplo a ser seguido nesta reta final do Brasileiro. Se repetir o que fez no primeiro turno, o Tricolor se garante – e com relativa folga – na Libertadores da América do ano que vem. Não que isso seja uma tarefa tranqüila. Nas nove últimas rodadas da primeira metade do campeonato foram 16 pontos conquistados, com cinco vitórias, um empate e três derrotas.
Naquele momento da competição, o Paraná chegou à última rodada disputando o título simbólico do turno com o São Paulo, no Morumbi.
Uma campanha marcada pelo equilíbrio, pois no returno, a história não se alterou. Mesmo com um início ruim – com três derrotas consecutivas – o Paraná se reencontrou e o desempenho atual, após dez rodadas, é superior ao rendimento no mesmo período da primeira etapa: 18 pontos, contra 15.
Se não considerarmos o revés frente ao Inter, no jogo atrasado, o Paraná já coleciona cinco vitórias seguidas. Frente ao Flamengo, domingo – às 16h, na Vila Capanema – poderá igualar a mesma marca obtida no 1.º turno. Além disso, o time de Caio Júnior recuperou o equilíbrio na artilharia. Possui o quarto melhor ataque, com 46 gols marcados, e a quinta defesa menos vazada, com 35.