O técnico Edu Marangon está sendo cobrado no clube. |
A derrota no clássico -mais uma vez “de virada” -colocou o Paraná Clube em sua pior posição neste Brasileirão. A 14.ª colocação, com um aproveitamento de 43,33%, é resultado do pífio desempenho do Tricolor no returno da competição. São apenas quatro pontos conquistados e a única vitória ocorreu diante do combalido Fluminense.
A simples comparação com o futebol carioca já é um claro indício do momento turbulento do clube, que, não fosse a “gordura armazenada” no início do campeonato, estaria hoje revendo os mesmos fantasmas do ano passado. Restando ainda dezesseis rodadas pela frente, o risco ainda existe, mesmo que de forma pouco ameaçadora. Só que os atuais números da equipe são decepcionantes.
Com cinco derrotas no segundo turno, o Paraná tem rendimento de somente 19,05%, inferior à média geral do Grêmio, lanterna absoluto da competição. Na onda das sucessivas trocas de treinadores, comparações são inevitáveis e Edu Marangon apresenta o pior retrospecto da temporada, com somente 26,67% de aproveitamento (contra 50% de Cuca, 47,62% de Saulo de Freitas e 41,67% de Adílson Batista).
A cada rodada, evidencia-se o fato de o Tricolor ter perdido sua identidade. Cuca, atual técnico do Goiás, foi responsável pela montagem do grupo paranista e com ele – e apenas naquele momento – é que o time conseguiu um encaixe capaz de encher de otimismo o seu torcedor. Há outros fatores paralelos a esse. Mas, entre dirigentes, já se contabiliza o preço que o clube está pagando pela perda do treinador, dono da melhor campanha do returno e invicto há quinze jogos.
A repentina saída do Pinheirão também está custando caro ao Paraná. Não sob uma visão financeira – pois lá as arrecadações também foram muito fracas -, mas com as obras para o jogo da seleção o clube ficou sem casa e longe de seu reduto os números do Tricolor são preocupantes. No estádio da Federação Paranaense de Futebol, foram 7 vitórias, 2 empates e 1 derrota, com aproveitamento de 76,67%, resultados que garantem o clube ainda em uma posição intermediária na classificação do Campeonato Brasileiro.
Afinal, no Joaquim Américo (1 jogo) e no Couto Pereira (4 jogos) – como mandante – o Paraná só computou 33,33% dos pontos disputados. Pior que isso, é que a tabela prevê ao Tricolor mais nove jogos fora de casa nesta reta final da competição. E, como visitante, o Paraná tem um rendimento inferior a 20%. Serão somente mais sete jogos em Curitiba (a princípio todos eles no Alto da Glória) e, entre esses, há adversários como São Paulo e Cruzeiro, que seguem embalados no Brasileirão.
A crise fez com que a reunião semanal entre diretoria e comissão técnica fosse antecipada para ontem à noite. Na mesa, muitas cobranças e a certeza de que o Paraná precisa mudar o rumo de sua caminhada. Não se falou em nova troca de treinador – afinal, esse assunto já está mais do que batido no clube -, mas é certo que muitos dos “cartolas” não aprovaram o comportamento da equipe no clássico do último domingo, principalmente no segundo tempo, onde houve nova queda de produção.
As indefinições e as divergências
Se nos momentos difíceis é que se mede o potencial e a união de um grupo, o Paraná Clube está “em xeque” depois da 13.ª derrota no Brasileirão. No ano passado, o elenco mostrou coesão e coração para livrar o clube do rebaixamento. O perfil já não é o mesmo e a amizade que foi marca registrada deu lugar a divergências, que acabam “explodindo” dentro de campo.
No último domingo, a discussão entre Fábio Braz, Flávio e Ageu foi intensa, antes mesmo de sofrer o segundo gol, no lance em que Marcel acertou o travessão. Fruto do recorrente mau desempenho da defesa. Só no returno, o Tricolor sofreu onze gols, mais da metade deles em jogadas aéreas. Os adversários têm levantado a bola na área e “corrido pro abraço”. A história se repetiu seis vezes nas últimas sete partidas (quatro só nos jogos contra Bahia e Coritiba).
A aposta de Edu Marangon em Fábio Braz acabou sendo um “tiro pela culatra”. Com a missão de parar Marcel, o zagueiro vinha conseguindo um desempenho até razoável para quem ainda não havia jogado neste campeonato. Comprometeu sua atuação ao dar um chutão desnecessário para o alto e dar as costas para o lance, acreditando que a bola sairia. Surgiria daí, o gol da derrota.
Braz, porém, não foi o único culpado. Mais uma vez faltou comunicação ao time (e todos os treinadores não se cansam de reclamar do silêncio dos atletas dentro de campo) e, para piorar, Cristiano Ávalos foi facilmente driblado por Helinho e a bola chegou para o artilheiro Marcel definir. Com dois ou três zagueiros, o Paraná ainda não achou o posicionamento ideal e por isso já se aproxima de sua pior média de gols sofridos em campeonatos nacionais. Tem 1,6, contra 1,78, em 1998.