Mais uma vez o Paraná não soube fazer da Vila Capanema um alçapão. Jogando contra o pragmático Figueirense, o Tricolor errou e não conseguiu corrigir seus defeitos a ponto de ao menos empatar. Perdeu ontem por 2×1 e caiu pro oitavo lugar no Campeonato Brasileiro. E mais posições podem ser perdidas até o final da 11.ª rodada.
O Paraná não contou com seu zagueiro mais importante, Daniel Marques. João Paulo, que há muito não aparecia em campo, foi o substituto. Do meio para frente, Pintado voltou a optar por Vinícius Pacheco e Vandinho ao lado de Josiel, tudo para manter a característica ofensiva e criar opções pelos lados do gramado. Até porque ele (e todo mundo) sabia que o Figueirense, de Mário Sérgio, tentaria brecar os avanços dos donos da casa pelo meio, congestionando o setor.
E o Tricolor entrou direitinho no jogo dos visitantes. Centralizando a criação, Vandinho e Vinícius isolavam Josiel entre os grandalhões zagueiros do Figueira e não conseguiam chegar com perigo. Aos poucos, os catarinenses começaram a se acertar, com muita movimentação de Fernandes, Otacílio Neto e Cleiton Xavier. E o placar foi aberto aos vinte minutos: Henrique dominou a bola sem marcação e arrematou de longe. Flávio demorou muito para saltar e acabou ficando com as penas na mão. Um verdadeiro frango.
Quando a primeira etapa chegou na metade, o estrago ficou maior. Em uma bobeada coletiva do Paraná, o Figueirense partiu com tudo e o zagueiro Felipe Santana (talvez o melhor em atividade no futebol brasileiro) apareceu livre para tocar com estilo e ampliar a vantagem catarinense. Logo após o segundo gol, Pintado sacou João Paulo que ficou involuntariamente como responsável pela má atuação e colocou Everton.
O time melhorou, mas não a ponto de conseguir alguma coisa. Se Luís Henrique acertou uma falta na trave, Otacílio Neto mandou uma bomba no travessão. Ao final do primeiro tempo, Pintado saiu xingado pela torcida, enquanto os jogadores reclamavam da ?turma do amendoim?. ?Esse pessoal só vem atrapalhar?, disse o goleiro Flávio, que admitiu ter falhado no primeiro gol do Figueira.
Na volta do intervalo, Joelson apareceu na posição do apagado Vandinho. E aos trancos e barrancos o Tricolor foi para o ataque. Pressionou desde o início, de forma desordenada e permitindo os perigosos contra-ataques dos visitantes. Mas foi para cima, fazendo o que se esperava dele.
O resultado da pressão foi o gol de Josiel. Aos 21 minutos, após uma saída errada da zaga do Figueirense, o camisa 9 paranista deu uma meia-lua em Rafael Lima e chutou forte, sem chances para o goleiro Wilson (o melhor jogador em campo). A partir dali, aumentou a iniciativa do Tricolor, mas faltou calma. A irritação e as falhas cobraram um preço caro demais.
Flávio desconta na torcida que só reclama
Irritado, o goleiro Flávio desabafou durante e depois do jogo. O Pantera, que admitiu ter falhado no lance do primeiro gol do Figueirense, reclamou de alguns torcedores do Paraná. ?Tem gente que chega aqui e já começa a xingar. Eu não me preocupo, mas tem gente que sente. Aqui ninguém está de palhaçada?, atirou. Flávio reclamou principalmente dos torcedores que não teriam apoiado a equipe na partida de ontem. ?As pessoas chegam aqui já pensando em reclamar. Tem que apoiar durante os noventa minutos. Depois, pode cobrar. O torcedor tem que vir ao estádio comprometido em torcer. A gente está jogando para vencer sempre?, afirmou. E nem mesmo o frio de Curitiba na noite de ontem foi motivo para Flávio rever seus posicionamentos. ?A diretoria diminuiu o preço do ingresso e mesmo assim não tinha ninguém?, reclamou o camisa 1 tricolor.
Martírio tricolor na Vila
Ninguém gosta de errar, mas erra. E o Paraná Clube lamentou muito as falhas da partida de ontem contra o Figueirense. A derrota foi o preço pago pelo Tricolor que tem o fraco aproveitamento de 38,89% nos jogos em casa. Agora, a intenção dos jogadores e do técnico Pintado é corrigir rapidamente o que está errado para as próximas partidas do Campeonato Brasileiro.
?A gente às vezes não consegue entrar no jogo e acaba falhando. Temos que ficar atentos durante todo o tempo?, resumiu o capitão Beto, um dos melhores da equipe. Para o atacante Josiel, não se pode mais bobear na competição. ?Estamos falhando em lances simples e isto está nos prejudicando?, comentou o artilheiro do Brasileirão, com dez gols.
Pintado, que foi muito cobrado durante e depois do jogo, admitiu a pressão por resultados. ?É a pressão que a gente sofre. A profissão é assim, somos cobrados por resultados. A diretoria nos cobra constantemente. Mas eu confio no grupo, tenho certeza que eles vão responder positivamente?, disse o treinador, refutando categoricamente problemas de relacionamento no Tricolor. ?Posso garantir que não há este tipo de situação. Este grupo é maravilhoso?.
O técnico também confessou que o elenco sentiu os gols do Figueira. ?Nossa atitude seria fundamental para buscar o resultado. Temos responsabilidade?, disse Pintado, que lamentou a tristeza da torcida. ?Ninguém está de braços cruzados aqui. Fica a promessa da minha parte que vamos reverter esta situação?, finalizou.
Aproveitamento
Em seis partidas no Durival Britto, o Paraná venceu apenas dois jogos (Grêmio e Sport), empatou um (Atlético) e perdeu três (São Paulo, América-RN e Figueirense), marcando sete gols e sofrendo seis.
CAMPEONATO BRASILEIRO
1º turno ? 11ª rodada
PARANÁ CLUBE 1×2 FIGUEIRENSE
Paraná
Flávio; João Paulo (Éverton), Neguete e Luís Henrique; Parral (Alex), Goiano, Beto, Vandinho (Joelson) e Márcio Careca; Vinícius Pacheco e Josiel.
Técnico: Pintado
Figueirense
Wilson; Felipe Santana, Vinícius e Rafael Lima; Diogo, Henrique, Carlinhos, Cleiton Xavier, Fernandes (Anderson Luís) e André Santos; Otacílio Neto (Jean Carlos).
Técnico: Mário Sérgio
Súmula
Local: Durival Britto
Árbitro: João Alberto Gomes Duarte (RN)
Assistentes: Luís Carlos Câmara Bezerra (RN) e Eduardo Lincoln Neves (RN)
Gols: Henrique 20 e Felipe Santana 23 do 1º; Josiel 21 do 2º
Cartões amarelos: Beto, Vinícius Pacheco (PR); Diogo, Henrique, Wilson, Cleiton Xavier (FIG)
Renda: R$ 29.658,00
Público: 3.419 (2.744 pagantes)
