Conviver com o ?fantasma? do rebaixamento não é bem uma novidade para o Paraná Clube. Porém, nos últimos anos, o clube havia conseguido – a duras penas – se firmar no cenário nacional. A inédita vaga na Libertadores da América, conquistada no ano passado sob a batuta de Caio Júnior, fez com que o clube rasgasse o ?rótulo? de favorito ao descenso. Um estigma que o Tricolor carregou ao longo dos anos, por mais que na ?era? dos pontos corridos – sem contar a atual campanha – o representante paranaense computasse o 8.º melhor desempenho entre todos os clubes da Série A.
Enquanto os ?videntes da bola? cravavam o Paraná como favorito ao rebaixamento, o time respondia em campo e os números serviam como uma resposta à mídia dos grandes centros. Neste ano, tudo mudou. O Tricolor já era visto como ?candidato à Sul-Americana? e parece que esse novo status foi como um tiro pela culatra. O clube incorreu em antigos erros, viveu a pior crise política (e moral) de todos os tempos e o reflexo foi inevitável: um desempenho pífio diante de quatro mudanças no comando técnico.
A situação do Paraná, hoje, é muito semelhante a de anos passados, onde somente ?nos acréscimos? o clube conseguiu a volta por cima. Em 1998, o hoje técnico do Goiás, Márcio Araújo, foi o ?salvador da pátria?. E com uma tremenda dose de sorte. Assumiu faltando sete rodadas e de cara levou três ?porradas?. Só conseguiu vencer no quinto jogo (2 a 1, sobre o Santos, na Vila Belmiro). Na última rodada, além de vencer, precisava de uma combinação de resultados. E não é que ela veio? O Paraná venceu o Flamengo (2 a 1, na Vila Olímpica) e um gol de Oséias para o Palmeiras livrou a cara do Tricolor.
Um alívio momentâneo, já que, no ano seguinte, o desempenho do Paraná foi novamente ruim. Para piorar, a CBF utilizou uma tal ?média ponderada?, que levava em conta as duas últimas temporadas para a definição do rebaixamento. Abel Braga assumiu o comando do time a oito rodadas do fim, mas mesmo com três vitórias e um empate, não conseguiu mudar o panorama. Uma derrota para o Cruzeiro (5 a 2), na penúltima rodada do campeonato, definiu a sorte do Paraná.
Média
E com uma marca histórica: o Tricolor é o único clube do futebol brasileiro um dia rebaixado por média, já que nem em 98 nem em 99 ficou entre os últimos colocados. Porém, em 2000 não houve Brasileiro e sim a Copa João Havelange e, com isso (e no campo), o Paraná reconquistou sua vaga na elite nacional. Ganhou o Módulo Amarelo, que até hoje é considerado o segundo título ?da Segundona? do azul, vermelho e branco.
O Tricolor viveria novo drama em 2002. A campanha sob a direção de Otacílio Gonçaves foi ruim e coube ao então auxiliar-técnico Caio Júnior assumir o desafio a apenas dez rodadas do fim. Após quatro vitórias e quatro derrotas, o Paraná chegava à penúltima rodada para um jogo de ?vida ou morte? contra o Grêmio. E não foi além de um empate (1 a 1), no Pinheirão. Na última rodada, em Florianópolis, parecia que o destino estava traçado quando o Figueirense abriu 2 gols de vantagem. Mas Maurílio empatou o jogo e o Paraná escapou da degola.
Dois anos depois, ainda tentando ajustar esquemas de parceria, novas dificuldades. Paulo Campos foi demitido quando o time completou seis jogos sem vitória. Mas o desempenho de Gilson Kleina foi muito pior. A saída foi apelar para a volta de Campos. E deu certo. Depois de boa parte da competição na ?ZR? – o treinador se recusava a usar a palavra rebaixamento – o grupo reagiu e a duas rodadas do término do se garantiu matematicamente na 1.ª divisão.
O Tricolor precisa vencer seus dois jogos e ainda torcer por ao menos um deslize de Corinthians e Goiás (ou ainda, duas derrotas do Náutico). É apostar no histórico de sobrevivência do Paraná e no carisma de Saulo, o ?Tigre da Vila?.