Prevendo um jogo truncado, com poucos espaços, o técnico Luiz Carlos Barbieri não teve dúvidas: sacou Marcelinho e confirmou Sandro no meio-de-campo do Paraná Clube. Aposta, assim, num time mais forte e, teoricamente, mais veloz para encarar o Rio Branco, amanhã, às 15h40, no Estádio Nelson Medrado Dias. Sem rodeios, definiu o time abrindo mão do mistério que iria levar para o jogo. O zagueiro Émerson volta à equipe e o goleiro Flávio, recuperado de lesão, teve escalação confirmada.
A decisão de sacar o jogador mais técnico do elenco foi amadurecida ao longo da semana. O fato de Marcelinho não ter tido um bom desempenho nas quartas-de-final pesou, mas não foi o fator decisivo na escolha de Barbieri. Com base nos dados que recebeu sobre o Rio Branco, o treinador direcionou todos os trabalhos da semana. ?Será um jogo de muito contato físico. Por isso, acredito que o Sandro é a melhor opção. O Marcelinho é o nosso jogador mais habilidoso, mas teria poucos espaços?, avaliou Barbieiri.
A ?nova? formação foi testada num trabalho tático, ontem à tarde, onde o foco foi uma marcação bastante agressiva, a partir da intermediária adversária. ?Quanto mais longe da nossa área os mantivermos, melhor?, lembrou o zagueiro Émerson, que volta ao time após cumprir suspensão. ?Por ter um time forte na jogada aérea, eles tentam lançamentos até em arremessos manuais?, ponderou. O treinamento foi paralisado algumas vezes para que o posicionamento defensivo fosse ajustado.
Apesar da troca de Marcelinho por Sandro, o treinador paranista não mexe no esquema tático. Quer o time variando do 3-6-1 para o 3-4-3 quando em posse de bola. ?Como o Sandro conduz a bola com velocidade, a idéia é impor o nosso ritmo, obrigando o adversário a quebrar a bola?, explicou. Como Beto continua de fora, suspenso, caberá ao volante Serginho ocupar os espaços no meio-de-campo, sem recuar em demasia. ?Esse foi um erro que cometemos nas últimas partidas e que não se repetirá?, garantiu Serginho.
Com esse perfil ?guerreiro?, o Paraná está pronto para o primeiro duelo com o Leão, na Estradinha. Barbieri, pragmático, não fala em jogo bonito, mas em um futebol prático, de resultado. ?Nunca vi uma equipe levar a melhor numa decisão só com técnica. Os jogos são, quase sempre, feios. Em jogos assim, prevalece o coração, a garra?, frisou. Nesse clima, o Tricolor desce a Serra disposto a assegurar vantagem para o jogo de volta, fazendo valer sua maior virtude na temporada: uma defesa segura, que se mantém como a menos vazada do Paranaense-2006, com apenas 14 gols sofridos.
Meia ganha uma chance e não quer desperdiçar
Um dos destaques do Paraná na reta final do Brasileiro do ano passado, o meia Sandro, só agora terá a chance de novamente se firmar entre os titulares. O processo de reestruturação do time acabou determinando a sua ida para o banco de reservas após a quinta rodada da fase classificatória. A rigor, Sandro perdeu a posição após cumprir suspensão automática, num momento em que Barbieri ainda buscava a formação ideal.
Sem a mesma eficiência ofensiva da temporada passada, Sandro participou dos cinco primeiros jogos marcando apenas um gol. Acabou expulso frente ao Paranavaí e foi ?castigado? pelo destino. Na rodada seguinte, o Paraná faria sua melhor partida até então, derrotando a forte equipe da Adap, em Campo Mourão, com Jeff formando dupla de ataque com Leonardo. Foi para o banco de reservas nos três jogos seguintes, entrando apenas nos minutos finais. Depois, sofreu uma lesão, que o afastaria de três partidas.
Recuperado, voltou a ser opção para mudar o ritmo da equipe, mas sem conseguir sensibilizar Barbieri a novamente escalá-lo entre os titulares. ?Trabalhei forte esperando essa oportunidade. Não quero decepcionar. Sei que o jogo será dificílimo, mas para ser campeão é preciso superar esses obstáculos?, comentou Sandro, empolgado. ?Não é fácil ficar no banco. Espero retomar, a partir deste domingo, minha boa fase, com muitos gols?. Nessa ?briga? com Marcelinho, acredita que quem ganha é o Paraná. ?Todos querem um espaço. É preciso estar ligado e focado nos jogos. Para chegar ao nosso objetivo, não podemos contar com apenas onze jogadores?.
