O Paraná Clube, ao logo dos seus quase 23 anos de história, já foi comandado por uma série de treinadores consagrados. Porém, o clube se notabilizou por abrir espaços para novos profissionais da área. Márcio Araújo, Cuca, Paulo Bonamigo, Adilson Batista e Caio Júnior são apenas alguns exemplos. Uma saída econômica para as já conhecidas dificuldades financeiras. Nesse processo, também tentou, por duas vezes, aliar o carisma de ídolos de um passado vitorioso nesta busca por um local de maior destaque no cenário nacional.
Situações absolutamente distintas, mas que não atingiram, por inúmeros aspectos, o objetivo final. Saulo de Freitas, maior goleador da história do Paraná. Ricardinho, a maior revelação da história do clube. Em comum, apenas o fato de terem sido referência para o torcedor paranista durante a década de 90, uma “era de ouro” para o clube. Com estrutura invejável e dinheiro em caixa, o Tricolor esboçou a possibilidade de se tornar o grande clube do futebol paranaense. Mas, os títulos e a falta de planejamento para os mesmos cobraram seu preço.
Saulo de Freitas, por exemplo, saiu da condição de auxiliar-técnico para comandar o Paraná no Brasileiro de 2003, o primeiro disputado por pontos corridos. O ex-artilheiro, aliás, esteve à frente do grupo em dois períodos distintos. Num primeiro momento, foi guindado a “técnico interino” após a saída intempestiva de Adílson Batista. Foram apenas sete jogos e a diretoria decidiu apostar em Edu Marangon. Talvez o maior “tiro no pé” da história do Paraná. Um mês depois, Saulo voltaria ao comando, desta vez como técnico efetivo. Com um bom time (mas sem peças de reposição), atingiu o 10.º lugar da Série A e uma inédita vaga na Copa Sul-Americana.
Só que o futuro do treinador seria terrível. O time foi desmontado e a estrutura armada para o Paranaense de 2004 deixou muito a desejar. Ao cair para um vexatório torneio da morte, Saulo de Freitas acabaria demitido. Ainda arriscou nova sorte no Paraná, em 2007. Tentou mudar o destino do clube nas oito últimas rodadas. Acabou sendo vítima, também, de uma tremenda crise política, que culminaria com o afastamento do presidente José Carlos de Miranda e, no fim, o rebaixamento para a Série B do Brasileiro, posição da qual o Tricolor não consegue se desvencilhar até hoje.
Outro ídolo
Na atual temporada, o Paraná construiu seu alicerce a partir da figura emblemática de Ricardinho. Diferente do acontecera no passado, desta vez a diretoria procurou estabelecer um planejamento. Trouxe Alex Brasil para gerir o departamento e pinçou a dedo algumas peças-chaves escolhidas por Brasil e Ricardinho. O início foi promissor, com campanha positiva na Copa do Brasil e a conquista da Segundona Paranaense. Porém, houve desgaste no relacionamento entre comissão e diretoria. Por mais que os dirigentes afirmem o contrário, o treinador se sentiu “abandonado” ao não receber reforços para o ataque na Série B.
No fim, Ricardinho optou por deixar o Paraná. Um filme que o torcedor já viu muitas vezes, especialmente ao longo dos últimos cinco anos. Uma rotina que não poupa ninguém, de técnicos com relativa experiência a novatos. E até mesmo ídolos. O consolo fica apenas no simples fato de que desta vez o clube segue fiel a um planejamento. Com uma estrutura ainda deficitária, mas com perspectivas de crescimento.