A celeuma criada pelo Flamengo por causa da altitude de Potosí, na Bolívia, foi acompanhada de perto pelo Paraná Clube.
Em 10 de abril, pela 5.ª rodada do grupo 5 da Libertadores, o tricolor enfrenta o mesmo desafio a 4 mil metros de altura. Os paranistas ainda estudam a melhor maneira de se adaptar às condições adversas – e ao menos no aspecto científico, se solidarizam com os cariocas contra as partidas nestas altitudes.
O Paraná já jogou nos 2.200 metros de Calama, no Chile, mas nada se compara ao ar rarefeito dos 4 mil de Potosí – que o diga o Flamengo, que viu seus atletas passando mal e emitiu nota oficial garantindo que nunca mais jogará nas montanhas, o que considera ?antidesportivo e desumano?. A atitude dos flamenguistas, ainda sob avaliação da diretoria tricolor, já foi apoiada por Julimar Pereira, chefe do Departamento de Fisiologia do Paraná Clube e principal responsável pelo planejamento científico para o jogo na Bolívia. ?Vimos o que ocorreu com o Serginho (jogador do São Caetano que morreu em campo em 2004). Um atleta está muito mais exposto a uma sobrecarga cardíaca nesta situação. E também há o risco de uma embolia pulmonar. São hipóteses improváveis, mas não impossíveis?, disse o fisiologista.
Para o jogo de 10 de abril, o tricolor vai analisar algumas alternativas. A primeira é a tentativa de chegar em Potosí horas antes do jogo, o que minimiza o impacto da altitude. Mas tudo depende da logística e da possibilidade de fretamento de um avião, por exemplo. ?De repente conseguimos até um helicóptero para subir na hora do jogo?, conta o fisiologista.
Outros paliativos seriam a inalação de oxigênio, como fez o Flamengo na quarta-feira, a hidratação superior à habitual e a ?educação? da respiração. ?Os jogadores serão treinados a expelir todo o ar, em vez de puxá-lo com força?, diz Julimar, que não vê qualquer vantagem nos paranistas na adaptação em relação aos cariocas por Curitiba estar a 900 metros acima do nível do mar.
Além disso, o Paraná pretende mapear a exata condição física de cada jogador. Com o resultado dos testes em mãos, os preparadores físicos começam o trabalho individualizado duas semanas antes do jogo, para eliminar as deficiências que cada atleta tenderá a sentir no alto.
Já a câmara hipobárica, usada por jogadores do Flamengo antes da partida, deve ser descartada. ?O método do Flamengo foi de certa forma deficiente. Teríamos que fazer 15 sessões de quatro horas diárias para que houvesse algum efeito?, disse Julimar.
Todas as providências ainda serão debatidas até as datas mais próximas à partida. Mas o Paraná sabe que jamais eliminará o desconforto de atuar nestas condições. ?É a arma dos bolivianos?, diz o fisiologista.
Pelo paranaense, o tricolor joga amanhã contra o Paranavaí, às 20h30, no Waldemiro Wagner.