O Brasileirão ?começa? para o Paraná Clube neste domingo. Restando 12 rodadas, o clube tenta sair do sufoco reeditando o bom desempenho do início da temporada, quando obteve um aproveitamento de 52,78%. Naquele momento, sob o comando de Zetti (dois jogos) e Pintado (dez), o Tricolor viveu seu melhor momento na competição, brigando inclusive pela liderança. O grupo, a rigor, pouco mudou e por isso todos acreditam que é possível dar uma guinada e voltar a apresentar um futebol sólido e convincente.
Se a comissão técnica não se descuida com os treinamentos – tentando chegar a um ponto de maior homogeneidade do grupo no que diz respeito à condição física – e trabalha na busca por uma estratégia de jogo equilibrada, os atletas preferem o bom diálogo para recuperar o perfil vencedor dos primeiros meses do campeonato. ?A comunicação é o caminho para se arrumar a casa. Temos muitos jogos pela frente, mas é preciso reagir já, enquanto temos autocontrole e o ambiente é bom?, analisou o capitão Beto.
Ele sabe que sob pressão é muito mais difícil trabalhar. Lembra da campanha de 2004, onde o Tricolor conseguiu virar um jogo que parecia perdido, justamente no primeiro ano do volante com a camisa paranista. Nas 12 rodadas finais daquele ano, o clube conseguiu cinco vitórias, três empates e quatro derrotas. ?O sinal vermelho está ligado e não dá para fugir disso. Mas não podemos nos acostumar com isso e ficar só lamentando. Esse clássico é o jogo para buscarmos o impulso para subir?, garantiu o capitão.
Beto prefere não citar números, mas confirmou que o grupo tem a perfeita noção do que é necessário para escapar da degola. ?O próximo jogo é sempre o mais importante. Mas temos as nossas projeções e temos que ganhar de cinco a seis jogos?, disse o volante. Curiosamente, há cinco meses, o Paraná enfrentava o rival Atlético, no Joaquim Américo, também precisando da vitória. E venceu, por 3×1. Só que o momento era outro. ?Tratava-se de um mata-mata, valendo vaga numa final. Agora, o clima é outro, a tensão é outra?, lembrou o capitão.
Hoje, está em jogo a permanência na Série A, num duelo onde o empate não é bom negócio para nenhum dos lados. ?Eles têm um ponto de vantagem, mas a situação dos clubes é quase idêntica. Os dois caíram muito de produção desde o encontro do primeiro turno e agora estamos pagando o preço por esta instabilidade?, analisou. ?Para mudar esse panorama, só tem um remédio: vitória?, finalizou Beto.
Trio experiente em campo
Flávio no gol, Nem na zaga e Josiel no ataque. Se não houver imprevistos, o retorno deste trio dará ao Paraná Clube a maturidade prometida por Lori Sandri para o jogo deste domingo – às 18h10, no Joaquim Américo – contra o Atlético. A estratégia a ser adotada, no entanto, continua sendo um mistério. Algo que deve se prorrogar até momentos antes do clássico.
Lori, ao que tudo indica, não vai antecipar a escalação do Tricolor. No primeiro tático da semana, o técnico testou o 3-6-1 e o 4-4-2. Independente da ?numerologia? a ser aplicada, o técnico busca um time equilibrado e coeso, capaz de pôr fim à instabilidade defensiva, que vem tirando o sono do treinador. No coletivo, escalou inicialmente três zagueiros, com Neguete, Nem e João Paulo formando o setor.
Com essa postura, os alas tiveram maior liberdade, tendo a proteção também dos volantes. Insuficiente, porém, para evitar um isolamento de Josiel. Na fase final, Vinícius Pacheco entrou na vaga de João Paulo e o time ganhou presença ofensiva. Com mais duas sessões de treinamentos, Lori Sandri pretende fortalecer essas duas opções, sem no entanto confirmar o time que inicia mais um jogo decisivo. ?Temos 12 decisões pela frente e é dessa forma que o grupo deve estar mobilizado, pois o Paraná não merece estar nas últimas colocações?, disse o zagueiro Neguete, que também volta ao time.
Paraná é freguês na Arena
Cahuê Miranda
Nos bastidores, a disputa é acirrada. Em campo, a expectativa é de um duelo equilibrado e de muita pegada. Porém, nas estatísticas, o Atlético dá um banho no Paraná. Pelo menos nos confrontos dentro da Arena. Desde a inauguração do estádio, em 1999, o Tricolor é o maior freguês do Furacão.
Até agora, os times se enfrentaram 15 vezes no novo Joaquim Américo. O Rubro-Negro tem oito vitórias, contra apenas uma do rival. Por seis vezes o clássico terminou empatado. No número de gols marcados, mais uma goleada atleticana: 30 x 14. Nenhum outro adversário perdeu tantas vezes no reduto rubro-negro.
O primeiro clássico na Arena aconteceu no dia 15 de setembro de 1999. Pelo Brasileirão, Kléber abriu o placar para o Furacão, aos 3? do segundo tempo. Porém, o Tricolor resistiu e o zagueirão Hélcio empatou, aos 48?.
O Caldeirão atleticano também é o palco da maior goleada do confronto, na primeira partida da decisão do Paranaense de 2002. Comandado pelo incendiário Kléber, que marcou quatro vezes, o Atlético foi impiedoso e venceu por 6 a 1. O placar garantiu o título para o Rubro-Negro, mesmo após uma derrota de 4 a 1 na Vila Capanema, no jogo de volta.
Porém, o último duelo na Baixada traz ótimas lembranças para os paranistas. No último dia 30 de junho, pelas semifinais do Paranaense 2007, o Paraná sapecou 3 a 1 no rival e acabou com o tabu. A vitória ainda deu ao Tricolor a vaga na decisão do estadual, mas o título ficaria com o Paranavaí.
Histórias de Atlético x Paraná
Carlos Simon
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Auecione marcou o gol da vitória em 98. |
Paraná Clube e Atlético já fizeram um ?clássico dos desesperados? no Brasileirão. Em 6 de setembro de 1998, os rivais duelaram na Vila Olímpica do Boqueirão em situação complicada: o Tricolor era o 13.º colocado, apenas três pontos acima da zona do rebaixamento, e o Furacão estava em penúltimo lugar, sem vitória em nove rodadas. Prevaleceu o time da casa: o atacante Auecione, que veio do Iraty e teve vida curta no Tricolor, marcou o gol da vitória com um chute no ângulo do goleiro Flávio, hoje no lado oposto. Pior para o Furacão do técnico João Carlos Costa, que terminou a rodada na lanterna. Naquele ano o Atlético teve arrancada espetacular na segunda metade do torneio e escapou da degola com mais folga que o Tricolor, que só salvou-se na última rodada.
