Quem estava junto à porta dos vestiários ouviu. Em alto e bom som, jogadores do Paraná Clube bateram-boca de forma ríspida minutos depois do empate em 1 x 1 com o Londrina, quarta-feira, no Pinheirão. No dia seguinte, com clima aparentemente mais ameno, atletas trataram de minimizar o incidente, considerado uma cobrança natural para a ocasião tensa.
Durante a discussão, sobraram palavrões e barulho de móveis arrastando. Uma das vozes mais exaltadas era a do goleiro Flávio, que cobrou maior atenção dos jogadores, especialmente do setor defensivo. O volante Beto, capitão do time, interveio em nome dos companheiros e entrou no confronto. O clima ficou pesado, mas não o suficiente para descambar para agressões físicas.
Para Beto, a discussão foi ríspida até pelo momento do gol de empate do Tubarão – aos 48 minutos da segunda etapa. ?Nem deu tempo de assimilarmos o golpe no gramado. Todos entraram com adrenalina alta no vestiário. Mas as divergências são normais quando a vitória não vem e as encaramos com profissionalismo?, falou o jogador.
O capitão relata que durante o bate-boca não houve citações à tática do time ou a um possível desinteresse de alguns jogadores. ?A equipe estava bem postada, não é pelo resultado que iríamos questionar a parte tática. E vibração também não faltou. O que faltou foi atenção no lance do gol, e este foi o ponto principal?, falou o volante. Na jogada do empate, um cruzamento da direita encontrou completamente livre o ala Bruno Barros, que correu da entrada da área até a marca do pênalti sem marcação.
O volante Rafael Muçamba, que também saiu visivelmente irritado da partida, considerou
a lavagem de roupa suja ?proveitosa?. ?Se houve bobeada no lance do gol, também perdemos várias chances à frente. Todos pecaram e todos se cobraram?, falou o jogador, garantindo que o time extrairá nova energia do incidente. ?Três empates em casa não dá para aceitar. No clássico (com o Coritiba, próximo jogo da equipe no Pinheirão) vamos nos desdobrar três vezes mais?, prometeu.
Conversa ao pé do ouvido
Reuniões entre diretoria e comissão técnica no dia seguinte às partidas são raridade no Paraná Clube. Ontem, depois do terceiro empate consecutivo em casa, a cúpula paranista sentou-se à mesa para discutir o desempenho do time com Luiz Carlos Barbieri e seus assistentes.
Participaram da reunião, na Vila Capanema, o presidente José Carlos de Miranda, o vice de futebol José Domingos e o diretor Durval Lara Ribeiro, além de toda a comissão técnica tricolor. O teor da conversa que antecedeu o treino leve não foi revelado, mas a diretoria garante que o cargo do treinador não corre risco. Ao final da partida contra
o Londrina, torcedores voltaram a pedir a saída de Barbieri – a exemplo do que ocorrera no jogo anterior em casa, diante do Paranavaí.
Isso evidencia que a relação entre a torcida e o treinador segue nada amistosa. Com reclamações veementes dos torcedores contra a estratégia utilizada pelo treinador quando arma o time.
Pleno do TJD reduz pena
O Paraná Clube livrou-se de pagar pesada multa referente à confusão na final do Campeonato Paranaense de Juniores do ano passado. O pleno do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) julgou ontem o recurso do clube e condenou o Tricolor a pagar R$ 5 mil e a perder o mando de campo de uma partida no próximo Estadual da categoria.
No julgamento em 1.ª instância, o Paraná havia sido condenado a pagar R$ 50 mil. O advogado Domingos Moro, que representou o clube, alegou na defesa que a pena era incabível para um jogo de categoria de base.
Dos sete auditores do pleno que votaram no recurso, cinco optaram pela redução para R$ 5 mil, um pela redução para R$ 10 mil e outro pela manutenção dos R$ 50 mil. A partida do Paraná contra o Atlético, na Vila Olímpica do Boqueirão, teve invasão de campo e arremesso de objetos no gramado um deles atingiu o assistente da partida.
Os defensores do clube irão solicitar ao presidente do TJD, Bortolo Escorsin, a reversão de um terço da multa em obras de assistência social, conforme prevê o Código Brasileiro de Justiça Desportiva.
