Sob a política do erro zero, o Paraná Clube entra em campo disposto a se manter vivo na disputa pela última vaga à Copa Libertadores da América. Mesmo tendo pela frente nada menos que o campeão das Américas e o vice-lider do Brasileirão, os paranistas apostam na regularidade de uma equipe que conquistou 75% dos pontos disputados em casa, considerando-se jogos realizados no Pinheirão e na Vila Capanema.
Com a certeza de casa cheia, jogadores e integrantes da comissão técnica convocam a galera para um ?mutirão? pró-Libertadores. ?Não tenho dúvida que essa conquista seria o marco de novos tempos para o clube. O estopim para a inclusão do Paraná, de forma mais consistente, no cenário nacional?, comentou o técnico Caio Júnior.
?O presidente Miranda está cuidando da parte política deste processo. A nós, cabem as vitórias dentro de campo?, disse o treinador.
Forjado sob o slogan ?o clube do ano 2000?, o Paraná se mostrou despreparado para o sucesso quase que imediato. Logo no seu segundo ano de existência faturava o primeiro título estadual e no ano seguinte, o título da Segundona nacional, que lhe abriu as portas para a divisão de elite do futebol brasileiro. Mesmo com bons desempenhos em 1993, 2003 e 2005, nunca o Tricolor esteve tão perto de uma conquista como essa, que para a realidade do clube tem ?sabor? de título.
?Sabemos o que essa reta final representa para a gente e para o Paraná?, disse o atacante Leonardo. ?Serão três jogos de muita emoção, onde esperamos não errar para fechar com chave de ouro uma temporada altamente positiva?, completou Gustavo.
Com parcerias e ?garimpando? o país na busca por atletas jovens e qualificados, o Tricolor surpreendeu os ?videntes de plantão?, derrubando prognósticos e indo além.
Internamente, o clube trabalhava com dois objetivos iniciais: a fuga do descenso e a vaga na Sul-Americana. Duas metas atingidas há tempos e com relativa folga. Com uma campanha marcada pelo equilíbrio, o Paraná viu ser possível brigar pelo topo da tabela e partiu atrás do que inicialmente era apontado como um ?sonho?. A três jogos do fim da temporada, acredita-se que com duas vitórias a Libertadores será uma realidade. Os números, porém, indicam que são necessários pelo menos sete pontos.
A comissão técnica tratou de deixar de lado a calculadora e focar toda a preparação neste jogo. ?Vencer o Inter é o primeiro passo. Depois, a gente vê o que teremos que fazer nas últimas rodadas?, finalizou o volante Pierre.
Reta final para um feito inédito
Quando o árbitro Wagner Tardelli Azevedo apitar o início do jogo, o Paraná Clube estará a 270 minutos de seu objetivo. Uma ?eternidade? para os tricolores, que ao longo da temporada foram recuperando a auto-estima e o grito de ?é campeão?, por tantos anos preso na garganta. Depois de pôr fim ao jejum com o título estadual, o clube está com o caminho aberto para um feito inédito.
Para isso, no entanto, terá que vencer nada mais nada menos que os dois melhores times do país na atualidade. Internacional e São Paulo, não por acaso disputaram a final da última Libertadores – com conquista gaúcha – e lideram com folga o Brasileirão. Se vencer o jogo de amanhã, o Paraná dá o título da temporada ao São Paulo, independente do que o clube paulista venha a conseguir diante do Atlético.
Essa situação ficou em segundo plano pelos lados da Vila. O clube trabalha exclusivamente com a possibilidade de recuperar a vaga na zona de classificação à Libertadores. A rigor, isso pode ocorrer até com um empate, desde que o Vasco perca para o São Caetano. Mas, depois dos deslizes contra Vasco e Santos, o Paraná não quer mais dar chance ao azar. ?Temos que fazer a nossa parte. Vencer os jogos?, lembrou o zagueiro Edmilson.
Para tanto, o técnico Caio Júnior lança mão de um time teoricamente ousado – com dois meias de criação e dois atacantes -, mas sem descuidar da marcação. Ao longo de toda a semana, alertou para os perigos do adversário e a cada treino focou uma jogada a ser anulada. Dos cruzamentos nas bolas paradas (faltas e escanteios) ao tiro de meta, que se transforma em ação ofensiva quando Fernandão aparece como pivô, organizando o ataque.
A partir dessa marcação é que o Paraná pretende impor o seu ritmo, jogando em velocidade quando em posse da bola. ?Gostei muito da aplicação de todos ao longo da semana. Agora, é só relaxar e preparar uma boa palestra. Falar em motivação é perda de tempo. O time, tenho certeza, está muito ligado?, finalizou Caio Júnior.