O Paraná Clube espera para hoje a denúncia formal do STJD no caso Batista. O advogado Domingos Moro confirmou que o inquérito é amplo e muito bem elaborado. ?A situação é complicada, mas preciso esperar a denúncia para definir a melhor linha de defesa?, disse Moro, que ontem teve uma longa reunião com o presidente em exercício, Aurival Correia.
?O inquérito envolve clube, atleta, presidentes de Paraná e Avaí e funcionários da federação e da CBF?, lembrou Domingos Moro. Todo o processo foi montado a partir de contratos do meia Batista, com Adap, Paraná e Avaí. Um deles, inexplicavelmente registrado em março e sem o aval de Adilson Batista, presidente da Adap Galo.
?É uma questão que suscitou dúvidas e por isso o inquérito foi montado. Mas, as partes envolvidas sequer foram ouvidas?, lembrou Moro, acreditando que a possibilidade do Paraná ser penalizado com a perda de 72 pontos – 6 pontos por jogo em que Batista atuou – é remota. ?Até porque, o clube tinha a liberação da CBF para utilizar o atleta?, lembrou Moro.
O advogado levantou ainda outra questão favorável ao Tricolor. ?Quando a denúncia do Náutico foi feita, a CBF se pronunciou confirmando o registro legal do Batista. Então, o clube continuou escalando-o com o aval da entidade e do tribunal?, explicou Domingos Moro. No entanto, deixou no ar a real possibilidade de que pessoas venham a ser punidas. ?Se pessoas agiram mal, poderão ser punidas. Mas o clube não agiu e deve ser preservado?, comentou.
Além do Paraná Clube, estão citados no inquérito o ex-presidente José Carlos de Miranda, o atleta Batista, o presidente do Avaí (João Zunino) e os funcionários da Federação Paranaense de Futebol (Laércio Polanski) e da CBF (Luís Augusto de Castro). A partir da denúncia formalizada é que o Paraná saberá a data do julgamento e a linha de defesa a ser adotada.
Aurival Correia não está preocupado com eleições
Aurival Correia não teme que a turbulência em torno do Paraná Clube tenha reflexo nas urnas. ?Minha preocupação, hoje, é com o time. Estamos mobilizados para iniciar uma arrancada neste domingo?, disse o presidente em exercício. Ele voltou a afirmar que os escândalos envolvem aspectos diretivos, mas não a contabilidade do clube. ?Financeiramente, tudo está registrado?, lembrou. Ao longo dos dois últimos anos, Correia foi o vice financeiro do Tricolor.
Somente na próxima semana a comissão de investigação será constituída, mas é certo que além do caso Thiago Neves, a negociação envolvendo Eltinho também será avaliada. ?São transações idênticas?, frisou Aurival. O dirigente confirmou que para o conselho diretor ? até bem pouco tempo atrás – os dois jogadores tinham sido negociados por empréstimo para o futebol japonês. ?E esses valores foram devidamente pagos. Está tudo registrado?, disse.
O problema está na cessão – até agora sem registro financeiro – de 30% dos direitos econômicos desses jogadores à Systema, empresa de Léo Rabelo. ?Este será o alvo principal da investigação?, confirmou Aurival Correia. ?Mas é algo que não pode respingar sobre tudo de bom que essa diretoria fez ao longo dos últimos quatro anos. Se há culpados, que sejam punidos?, desabafou. ?Recuperamos nossas sedes, voltamos à Vila e tudo isso sem ficar devendo um tostão.?
Correia garante que independente dessa crise – que envolve também empresários, até então aliados do clube – e do risco iminente de rebaixamento, a diretoria está ?fechada? e com força para seguir no comando do clube nos próximos dois anos. Credita recentes críticas de alguns conselheiros, como o ex-ouvidor Sérgio Junqueira, como oportunistas. ?Quem me conhece, sabe como sempre agi com extrema austeridade. O Paraná é hoje viável e as contas estão equilibradas?, assegurou.