Valquir Aureliano |
Gilson Kleina está com a corda no pescoço. Se não vencer domingo o Juventude… |
Após passar a metade do primeiro turno no G4 do Brasileirão, dando a impressão que mais uma vez brigaria por vaga na Copa Libertadores da América, o Paraná Clube acordou para uma triste realidade. O time, como um caminhão desgovernado, caiu para as últimas colocações e a cada rodada sente a inconveniente aproximação dos retardatários. Num desconfortável 15.º lugar, o Tricolor já admite que sua missão, nesta temporada, é tentar se safar da degola.
O técnico Gilson Kleina segue à frente do grupo, ?prestigiado? pelo presidente José Carlos de Miranda. Mas, o próprio dirigente admite que domingo, frente ao Juventude, o futuro do treinador no clube estará em jogo. ?No caso de um revés, a situação seria insustentável?, comentou. É sob essa pressão que a comissão técnica trabalhará a partir de hoje, buscando arrumar a casa para um duelo ?de seis pontos?. Na vice-lanterna, o Juventude tem sete pontos a menos que o Paraná e é um dos ?favoritos? ao rebaixamento.
O efeito de um novo deslize iria além da simples troca do comando técnico. Deixaria o Paraná ainda mais próximo do abismo e numa crise técnica que há tempos não se via nos bastidores da Vila Capanema. Reflexo de um desempenho pífio ao longo das últimas oito rodadas. Sob a direção de Gilson Kleina, o Tricolor computou uma vitória, dois empates e cinco derrotas, com aproveitamento de 20,83%. Curiosamente, o mesmo rendimento que lhe custou o emprego no próprio Paraná, há exatos três anos.
Os números de Kleina só não são piores do que os do América-RN, último colocado do Brasileirão (e com ?passaporte carimbado? para a Segundona). O técnico, logo após a derrota para o Grêmio, reafirmou que acredita no grupo e no seu trabalho para mudar o rumo dessa história. Como as projeções indicam que para se manter na Série A um clube precisa somar aproximadamente 48 pontos, na prática o Paraná tem apenas 18 jogos para fazer os mesmos 24 pontos que computou ao longo das 20 rodadas realizadas.
Ou seja: elevar a pelo menos 44,44% o seu aproveitamento a partir de domingo. Seria o mesmo que vencer oito dos dezoito jogos que disputou. Missão que hoje se mostra improvável para um time que não vence há sete jogos e que há cinco rodadas não sabe o que é fazer um mísero gol. Nem mesmo tendo no seu ataque o artilheiro Josiel, que chegou a ostentar média de quase dois gols por jogo e hoje amarga um jejum de sete jogos sem balançar as redes adversárias.
Portugueses atrás do artilheiro Josiel
A ida de Josiel para o Belenenses, da primeira divisão do futebol português, é o assunto do momento, pelo menos em Portugal. O site do jornal Record, um dos principais daquele país, aponta que o atacante tricolor é o primeiro nome da lista de reforços do clube. Além dele, o Belenenses também está de olho no zagueiro Edson, do CRB, que disputa a segunda divisão. Ainda, segundo o jornal português, um dirigente do Belenenses está no Brasil ?para garantir a contratação dos dois?.
Já a diretoria paranista não confirma nenhuma proposta oficial. ?Não tenho conhecimento de nada neste sentido?, disse o presidente Miranda, sobre uma possível oferta do futebol português pelo artilheiro Josiel. O dirigente lembrou ainda que o clube já sofreu demais com especulações, que afetaram o desempenho do atleta neste Brasileiro. ?Ele estava embalado, marcando muitos gols e despertando interesse. Mas, só de empresários?, revelou. Miranda disse que a única oferta ?quente? pelo jogador veio do futebol italiano.
A oferta de 1,5 milhão de euros não foi aceita pela diretoria e pelo Grupo de Investimentos. Depois disso, muito se falou sobre a saída do jogador para o futebol russo, mas novamente tudo não passou de especulação empresarial. Na oportunidade, até definiram valores para o negócio, mas os empresários foram embora da mesma forma que chegaram ao clube, sem apresentar um documento sequer de algum clube, confirmando interesse pelo jogador.
?Acho que ele sentiu toda essa carga, de ser o artilheiro do Brasil, de procuradores e empresários ligando a todo instante. Isso mexe com a cabeça do atleta. Mas foi só: sondagens e mais sondagens?, finalizou Miranda.