Uma tarde inesquecível. O Paraná fez a sua melhor atuação no campeonato brasileiro, talvez seu jogo mais espetacular nos últimos anos, goleou o Fluminense por 6×1 e subiu na classificação do campeonato brasileiro.
Foi um sábado de festa para a torcida, que lotou o Pinheirão (mais de 23 mil pagantes) e terminou o jogo gritando "Libertadores" a plenos pulmões. O Tricolor voltou a se aproximar dos primeiros colocados.
Apesar da troca de achocolatados por ingressos ter sido oficialmente esgotada na quinta, a torcida do Paraná virou alvo dos cambistas momentos antes do jogo. Quem não precisou enfrentar a ação deles, chegou antes ao Pinheirão e ocupou os lugares cobertos. A expectativa era de um jogo de alto nível técnico, pois o Tricolor sabia os ?atalhos? do gramado e vinha de bons resultados em casa.
Os primeiros quinze minutos de jogo foram de euforia absoluta. O Paraná abriu o placar antes mesmo que sessenta segundos passassem – Edinho chutou e Éder, de novo o melhor jogador tricolor em campo, marcou o gol. Os donos da casa ?amassaram? o Fluminense, que ficou acuado na defesa vendo o domínio técnico e tático paranista. A torcida estava extasiada, tanto que começou a gritar ?olé? antes dos dez minutos.
O Flu tentou se recuperar, até acertou uma bola na trave com o ex-Atlético e Paraná Mílton do Ó e chegou com perigo em um arremate de Arouca. Mas o desequilíbrio do jogo aumentou com a expulsão de Preto Casagrande, que acertou Daniel Marques com violência. Aí o controle tricolor se intensificou, mas sem que o time marcasse mais gols – um pouco por excesso de preciosismo, muito pelas ótimas intervenções do goleiro Kléber. "Temos que trabalhar a bola para resolver o jogo no segundo tempo", disse Éder.
Percebendo que estava aberto o caminho para o segundo gol, Luiz Carlos Barbieri fez a alteração "de sempre", sacando Neguete e colocando Sandro. E, como sempre, deu certo, tanto que logo a dois minutos o Paraná ampliou a vantagem com André Dias, aproveitando a falha da defesa carioca. E aos quinze já vencia por 3×0, após ótima jogada de Edinho, que venceu amplamente a disputa com Gabriel.
O único suspiro do Fluminense no jogo foi o gol de Gabriel, cobrando pênalti. Mas o jogo era tricolor e paranaense, e Borges aumentou a vantagem – homenageando a noiva Letícia Cristina, com quem casou à noite. Logo depois, Sandro recebeu ótimo passe do "noivo" do dia e fez o quinto, marcando o milésimo gol do brasileiro. Parecia um sonho, mas a realidade era mais espetacular, porque Borges fez mais um, o segundo dele no jogo e o sexto do Paraná. Desfecho perfeito para uma tarde inesquecível.
Torcida se empolga e grita ?Libertadores!??
A euforia era plenamente justificada. A torcida do Paraná Clube festejou muito a goleada sobre o Fluminense – a segunda maior dos paranaenses neste campeonato brasileiro e a terceira em toda a competição – e terminou gritando "Libertadores". Nada mais justo, pois o Tricolor terminou o dia mais perto dos primeiros colocados, deixando aberto o caminho para uma vaga no principal torneio interclubes do continente. E jogadores e o técnico Luiz Carlos Barbieri já começaram a fazer planos ainda mais altos.
Barbieri, satisfeito com o rendimento (e com o resultado), deixou claro que agora está olhando para a ponta da tabela. "Este grupo, com humildade, trabalho e bom futebol, vai chegar mais longe. Podem ter certeza", afirmou o treinador paranista. Mesmo pensamento de Rafael Muçamba. "Aqui nós sabemos o que queremos", disse o volante. "Temos metas elevadas neste brasileiro", comentou o zagueiro Marcos. Se a gente continuar com essa garra, com essa vontade, ainda vamos dar o que falar", completou o lateral-direito Neto.
Os tricolores apontaram a vontade como decisiva, mas Muçamba revelou um detalhe importante – a reunião dos jogadores antes do jogo. "Nós conversamos sobre como deveríamos atuar, e todos concordaram em colocarmos o coletivo acima do individual. Foi muito importante, e o resultado está aí, com a ótima atuação de todos. Podemos sim pensar alto, e não deixamos de pensar no título", avisou Muçamba.
Para os atletas, o domínio técnico e o controle tático do Paraná vieram da tranqüilidade de abrir o placar logo no início da partida. "O primeiro gol foi importante, porque nós pudemos deixar a partida ao nosso estilo. Depois nós tivemos a possibilidade de jogar com um a mais, e aí soubemos fazer o resultado", disse Neto.
Do outro lado, o técnico Abel Braga pouco falou do jogo. "Só posso dizer que o time foi abaixo da crítica", lamentou o comandante do Flu, que mais uma vez na carreira levou seis gols do Paraná – em 1999, como treinador do Coritiba, amargou um 6×2 do Tricolor. (CT)
CAMPEONATO BRASILEIRO
PARANÁ CLUBE 6×1 FLUMINENSE
PARANÁ: Darci; Daniel Marques, Marcos e Neguete; Neto, Pierre (Rafael Muçamba), Mário César (Beto), Éder e Edinho; Borges e André Dias. Técnico: Luiz Carlos Barbieri.
FLUMINENSE: Kléber; Gabriel Santos, Igor e Mílton do Ó; Gabriel, Arouca, Preto Casagrande, Petkovic (Rodrigo Tiuí) e Juan (Schneider); Adriano (Lino) e Tuta. Técnico: Abel Braga.
Súmula
Local: Pinheirão
Árbitro: Lourival Dias Lima Filho (BA)
Assistentes: Alessandro Rocha Matos (FIFA-BA) e Adson Márcio Lopes Leal (BA)
Gols: Éder 1 do 1º; André Dias 2, Edinho 15, Gabriel 19, Borges 31, Sandro 41 e Borges 44 do 2º
Cartões amarelos: Mário César, Pierre, Rafael Muçamba, Darci, Edinho, Borges (PR); Petkovic, Adriano, Tuta, Mílton do Ó (FLU)
Cartão vermelho: Preto Casagrande
Renda: R$ 62.500,00
Público: 23.485 (23.185 pagantes)