Fé, união e psicologia. A partir desses três elementos, o Paraná reencontrou a paz espiritual e a auto-estima. As conversas de dispensas, zona de rebaixamento e lamentações se abafaram.
Afinal, o Tricolor passou por uma verdadeira sessão de descarrego e a palavra da salvação faz parte do novo culto após cada vitória do time da Vila Capanema. O primeiro passo da equipe foi manter a crença nos milagres divinos. Mesmo sofrendo uma tormenta atrás da outra, até a glória alcançada no clássico Paratiba, os evangélicos tricolores não se abateram. Mantiveram a rotina de louvar Jesus Cristo, tendo a música gospel como o grande ofício da futura consagração.
Momentos antes das seis bênçãos alcançadas diante do Cerâmica-RS, na quarta-feira, o atacante Márcio Diogo empunhava um violão. Questionado sobre os acordes preferidos, ele passou a bola para dois companheiros paranistas.
“Eu apenas carrego. O Irineu e o Wellington é que mandam ver. Eles tocam legal”, dizia, com a convicção de quem crê que a fé move montanhas, mas ainda sem saber que seria ele o santificado da vez contra os gaúchos.
Outro exemplo de consagração ocorreu com Marcelo Toscano. O atacante sofria com o encosto de quem não marcava há sete jogos. Estava triste, errou dois pênaltis durante a trajetória de maldição. E agora, depois de reencontrar o caminho do gol, finalmente o atacante pôde repetir diversas vezes a saudação: “graças a Deus”.
Explicando o momento de quem finalmente teve a vida sentimental restaurada, Toscano também recordou das obras e missões do grupo comandado por Marcelo Oliveira.
“Fizemos uma corrente entre os jogadores. Com certeza essa corrente vai até o final do Campeonato Paranaense e da Copa do Brasil. E ela não vai arrebentar”, ressaltou na tarde de ontem, pouco antes do treino regenerativo no Estádio Durival Britto.
Quem também está em estado de graças por causa da redenção paranista é o psicólogo Gilberto Gaertner. Contratado pela diretoria, Gaertner trabalhou com os atletas mesmo a possibilidade de os gaúchos virarem o primeiro tempo em condições mais harmoniosas que a do time da Vila. “Antecipamos sair em dificuldade, com a torcida jogando contra no primeiro momento. Foi aí que valeu o brio dos jogadores”, completou.
Reforço
Com as credenciais de quem já disputou a Libertadores pelo Paraná Clube, o lateral André Luiz foi apresentado ontem na Vila Capanema. Ele chegou confiante na possibilidade de reconquistar a posição de titular, já que Murilo está lesionado e Jefferson é a única opção para o posto. “Estou conhecendo o grupo agora, mas chego com confiança”, disse.