Paraná Clube joga para tentar vantagem na volta

Dono da melhor campanha do paranaense 2006 com aproveitamento de 66,67%,  o Paraná Clube busca hoje, fora de casa, um passo decisivo para pôr fim ao incômodo jejum de títulos estaduais.

"Bicho-papão" dos anos 90s, o Tricolor não levanta a taça desde junho de 1997, há exatos oito anos e dez meses. Para atingir a meta traçada no início do ano, o time de Luiz Carlos Barbieri quer vitória neste primeiro confronto para trazer a vantagem para Curitiba, como ocorreu nas etapas anteriores, contra Iraty e Rio Branco.

Só que agora, o duelo é com um time "tinhoso", que já mostrou seu valor ao eliminar da disputa a dupla Atletiba. A Adap, mesmo derrotada nos dois jogos que fez contra o Paraná (na primeira fase), possui um grupo de inegável qualidade. "Vários jogadores deles interessam a outros clubes para a disputa do brasileiro. Isso mostra o bom trabalho que executaram na temporada", destacou o treinador paranista. Ele mesmo, que já negocia a renovação com o Paraná, gostaria de contar com alguns dos rivais de hoje na Série A, que começa daqui a duas semanas.

A diretoria nega, mas Felipe Alves e Batista estão nos planos do Tricolor para a seqüência da temporada. Dois jogadores que hoje receberão marcação especial. "Vai ser um grande jogo. Os dois times chegaram até aqui por méritos", comentou o zagueiro Gustavo, que volta ao time após cumprir suspensão. Ele entra na vaga de João Paulo e esta é a única alteração na equipe, que fez na última quarta-feira a melhor partida do ano. "Conseguimos aliar garra e técnica. Uma receita infalível para se atingir bons resultados", disse o meia Sandro, que somente nesta reta final recuperou a condição de titular.

A sua presença deu ao Tricolor maior poder de fogo e os números comprovam isso. Foram cinco gols nos dois jogos das semifinais, com o trio de frente formado pelos meias Sandro e Maicosuel e o atacante Leonardo balançando as redes do adversário. "Não vamos perder o foco. Faltam ainda dois degraus para atingirmos nossa meta e serão jogos dificílimos", ponderou o artilheiro Leonardo, que vibra com a boa fase. Afinal, depois de quase um ano parado – foram duas cirurgias de tornozelo -, o atacante finalmente recuperou a forma física e o ritmo de jogo. "Sou sincero. Pelos primeiros treinos que fiz aqui no Paraná, só um maluco me contrataria", brinca.

Leonardo foi uma aposta do diretor de futebol Durval Lara Ribeiro, que fez um "investimento de risco" ao trazer o atleta. A recompensa veio mais rápida do que se esperava. Com nove gols, Leonardo é o artilheiro do clube e, além da simpatia do grupo – tem um jeitão descontraído e vive sorrindo, de bem com a vida -, já goza de prestígio junto à galera. É com esse espírito de união, agregando experiência e juventude, que o Paraná entra em campo hoje à tarde, disposto a somar mais três pontos e colocar uma mão no troféu de campeão paranaense.

Coincidências na trajetória de Barbieri

Luiz Carlos Barbieri está a 180 minutos de seu segundo título como treinador. Uma marca histórica para o profissional, que no ano passado conduziu o Criciúma à conquista do campeonato catarinense. "Há tantos profissionais que estão na estrada há anos e ainda não sentiram esse gostinho. Estou muito feliz e confiante", assegurou o treinador. Curiosamente, o Criciúma também chegou lá após nove anos de jejum. "Foi, também, a primeira vez que o clube conquistou um título jogando fora de casa", recordou.

Depois de encerrar a carreira de jogador aos 37 anos (no modesto União de Mogi das Cruzes, algo que ele nem faz questão de lembrar), Barbieri partiu para o novo desafio em 2000. Sem papas na língua e disciplinador, o técnico tem um perfil explosivo. Não tem vergonha de arrancar o boné e jogá-lo no chão quando a jogada não sai da forma como ele queria e repreende os jogadores de forma direta e autêntica. Essa transparência é, no seu entender, uma virtude.

"Os jogadores confiam em mim porque sabem que comigo não tem trairagem. Busco o melhor para o time e só falo cara-a-cara, olhando nos olhos", disse. Na sua primeira experiência no futebol paranaense, Barbieri discorda daqueles que consideram o estadual "fraco". "É uma competição equilibradíssima. É claro que para um brasileiro, é preciso se reforçar. Mas isso vale para todos os times, à exceção, talvez, dos paulistas", justificou. O treinador, mesmo sem ter renovado seu contrato que expira ao término do paranaense, tem participado de reuniões onde se discutem possíveis contratações.

"Há bons jogadores no interior do Paraná e que podem ser úteis, além de estarem num padrão financeiro mais próximo da nossa realidade", disse. Quanto ao acerto para mais uma temporada, mesmo já tendo tido uma conversa preliminar, Barbieri só definir a questão após o término do estadual. Para a diretoria, o treinador fica. (IC)

Flávio não fala em superstições

Avesso a crendices, o goleiro Flávio confia no trabalho para conquistar seu primeiro título com a camisa tricolor. "Já passou da hora. Não sei ficar tanto tempo sem uma conquista", disse o Pantera. Depois de amargar campanhas vexatórias em 2004 e 2005, o jogador vê no Paraná de hoje um time obstinado e guerreiro, capaz de pôr fim ao jejum de títulos.

Experiente e com uma bagagem de conquistas, Flávio admite que momentos como esse ainda provocam aquele "friozinho na barriga". "É algo normal. Numa decisão, a concentração aumenta e isso provoca esta sensação. Só traz mais motivação", explicou. O Pantera não leva amuletos para os jogos ou para a concentração, nem mesmo para quebrar a ansiedade que gira em torno de uma decisão. "Minha superstição é o trabalho. Confio naquilo que treinamos", argumentou. (IC)

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