Com fé e atitude, o Paraná Clube entra em campo hoje disposto a quebrar a banca de apostas. Favorito ao rebaixamento nas projeções dos matemáticos, o Tricolor recebe o Internacional – às 18h10, no Durival Britto – com a missão de manter viva a chama da esperança. Para sobreviver à degola, o representante paranaense precisa fazer, nesta reta final, tudo o que não conseguiu ao longo do segundo turno: vencer.
Como um caminhão desgovernado, o Paraná saiu de uma condição invejável – na 13.ª rodada era o vice-líder -para o sufoco da zona do rebaixamento. Equívocos na avaliação do grupo, trocas sucessivas de treinadores, falta de confiança, denúncias de corrupção, briga política… Cada torcedor tem uma opção sobre o fator decisivo para o fracasso. Porém, em meio à turbulência e ao descrédito, os jogadores garantem que ainda dá para sonhar.
?Não apenas sonhar, mas realizar?, disse o artilheiro Josiel. Com 18 gols, é o maior goleador do Brasileirão. Fez 50% dos gols do Tricolor, que tem o quarto pior ataque da competição, o que potencializa a sua fama de ?homem-gol?. Um quadro que na visão do próprio atacante poderia ser muito melhor. ?Ninguém imaginava que chegaríamos a esse ponto. Hoje, está difícil jogar sob pressão. Mas temos que acreditar?, frisou Josiel. Ele reconhece que uma eventual queda mancharia a ficha de todos os jogadores.
?As trocas no comando técnico atrapalharam. Mas, não foi só isso. Os maiores culpados somos nós, jogadores?, admitiu. ?Se há uma mudança de filosofia, em um ou dois jogos o grupo tem que assimilar e seguir em frente. Futebol se resume a simplicidade e eficiência?. E este é o perfil que Saulo quer ver em campo a partir desta noite. Não importa jogar bonito e sim somar pontos. O Paraná adota um discurso estritamente pragmático na sua luta contra o rebaixamento.
Num 4-4-2 básico, o treinador espera um time coeso na marcação – capaz de anular as virtudes do adversário – e eficaz no ataque. Uma sincronia perfeita entre todos os setores, usando como exemplo a Fórmula 1. O novo campeão do mundo, Kimi Raikkonen, é o exemplo a ser seguido. Foi o personagem central nas atividades de grupo comandadas pelo psicólogo Gilberto Gaertner. ?Ele derrubou prognósticos, com confiança, competência e trabalho de equipe. É tudo que precisamos?, comentou Gaertner.
O trabalho na ?cabeça? dos atletas visa não apenas criar um astral positivo, de serenidade – apesar do evidente desespero – ao menos nos 90 minutos de bola rolando. Mais do que isso, tirar o peso da ansiedade. Afinal, o Paraná vem de quatro derrotas seguidas, não faz gols há três jogos e somente com uma guinada de 180º tem chances de ganhar uma sobrevida na competição. ?É tudo ou nada. Mas, sem abrir mão da organização em campo?, finalizou Saulo de Freitas.
Uma semana decisiva
O futuro em sete dias. Assim que o árbitro Sérgio da Silva Carvalho, do Distrito Federal, apitar o início do jogo desta noite, serão três jogos para o Paraná Clube garantir 100% de aproveitamento, sair da zona do rebaixamento, ou se afundar de vez. Entre as partidas, um ?recheio? no mínimo indigesto: o julgamento do caso Batista, que expõe o Tricolor ao risco de perder 78 pontos na competição (o número aumentou, já que Batista está escalado para hoje).
?Nós nos colocamos nessa posição. Agora, temos que sair desse buraco?, reconhece o zagueiro Neguete. O Paraná encara Inter, Atlético-MG e Goiás, sendo que apenas o duelo contra o Galo será fora de casa. ?Por isso, o papel da torcida pode ser decisivo. Espero que a gente conte com esse apoio, com esse voto de confiança?, afirmou Vandinho.
Diante da péssima fase e do clima interno pouco amistoso – a cada instante surge nova polêmica sobre a administração de José Carlos de Miranda -, a diretoria resolveu reduzir ao máximo os preços dos ingressos: quem for ao estádio com a camisa tricolor (vale tudo, camisa do Paraná, das facções organizadas ou até mesmo nas cores do clube) paga meio-ingresso em todos os setores. Ou seja: com R$ 5 no bolso e muita fé, o torcedor pode dar aquele empurrão. Quem sabe assim, o Paraná embala, no tranco. (IC)
PARANÁ CLUBE x INTERNACIONAL
PARANÁ
Gabriel; Léo Matos, Nem, Neguete e Paulo Rodrigues; Goiano, Jumar, Robson e Batista; Vandinho e Josiel.
Técnico: Saulo de Freitas.
INTERNACIONAL
Clemer; Wellington Monteiro, Índio, Sorondo e Marcão; Edinho, Magrão, Guiñazu e Alex; Fernandão e Gil.
Técnico: Abel Braga.
SÚMULA
Local: Durival Britto (Curitiba).
Horário: 18h10.
Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho (DF).
Assistentes: Nilson Alves Carrijo (DF) e Angela Paula Régis Ribeiro (MG).
