| Foto: Valquir Aureliano/Tribuna |
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| Daniel Marques, tentando entrar continua após a publicidade |
Desde a fundação do Paraná Clube, há 17 anos, jamais a Vila Capanema sediou partida tão crucial. Entre todos os jogadores, somente um (o goleiro Flávio) já vivenciou a emoção de jogar em casa numa Libertadores. Depois do excelente resultado como visitante, os nervos são adversários tão ou mais difíceis que o Cobreloa na partida que começa às 21h45 de hoje.
O maior exemplo é o técnico Zetti, bicampeão da competição como goleiro do São Paulo e tetracampeão mundial com a seleção na Copa de 1994. O currículo não o impede de mostrar a ansiedade típica de um iniciante – até por ser estreante em Libertadores na condição de treinador. ?É nosso jogo da vida, estaremos representando o Brasil. Perdi duas noites de sono só pensando em situações que teremos pela frente nos 90 minutos?, confessou o técnico.
A ansiedade também toma conta da torcida, que praticamente esgotou os mais de 18 mil ingressos. Dirigentes chegaram às lágrimas após a vitória por 2 a 0 em Calama,
como o vice de futebol José Domingos. Só jogadores evitam falar em tensão, mas reconhecem a importância da partida de hoje para o futuro tricolor. ?Sabemos que é um jogo especial.
Mas só os vencedores fazem parte da história, e é isso que buscaremos?, disse o zagueiro Daniel Marques. ?É um momento para ficar gravado na nossa história e na do clube?, repetiu o lateral André Luiz. ?Seria a realização do primeiro objetivo?, apontou Flávio.
Para que a ansiedade passe rapidamente na partida, nada melhor que um gol. E com este objetivo Zetti confirmou a escalação da dupla de ataque Josiel e Henrique – o primeiro substitui o zagueiro Aderaldo, titular no jogo de ida, que deixou o clube na segunda-feira para voltar ao futebol chinês.
O treinador, que já tinha intenção de trocar um beque por Josiel, quer dar ainda mais velocidade ao ataque e apostar em tabelas, penetrações e lançamentos. Até pela caraterísticas do time chileno. ?Eles tocam bem a bola e são altos. Como nosso ataque é baixo, não adianta ficar alçando bola na área?, falou Zetti.
Apesar da nítida ofensividade, o técnico, que dedicou a maior parte dos treinos da semana ao posicionamento defensivo, prega o equilíbrio. ?Não é porque temos dois atacantes que atacaremos de qualquer maneira. Chegaremos ao gol na hora certa?, falou.
Para que nada atrapalhe a concentração nesta ocasião histórica, Zetti ignora a provocação dos chilenos que questionaram a capacidade técnica do Tricolor. ?É um excelente adversário. Vamos respeitá-los?, desconversa.
?Vovô? tricolor é exemplo
Aos 26 anos, o volante Goiano é ?vovô? em termos de Paraná Clube. Do atual elenco, é disparado o que tem mais tempo de casa – são 11 anos, período que gerou natural identificação com o clube e deu-lhe bagagem com a camisa tricolor. Ele é o único remanescente do time ?B? que em 1999 disputou a Copa Conmebol, única experiência internacional oficial do Tricolor até 2007. Foram dois mata-matas seguidos – uma vitória sobre o San Lorenzo, do Paraguai, e uma derrota para o Talleres, da Argentina, ambas nos pênaltis. Na Copas Sul-Americana de 2004 e 2006, o Paraná não passou dos confrontos domésticos.
Hoje, o volante traz um pouco daquele aprendizado para os jogos contra o Cobreloa pela Libertadores.
Paraná-Online: Como administrar a vantagem de 2 x 0?
Goiano: Vamos nos impor, sem entrar na empolgação e abrir a defesa. O Cobreloa nos desrespeitou um pouco, é verdade, mas mostrou qualidade. Só que eles não têm mais nada a perder depois daquele resultado. Jogaremos com inteligência.
Paraná-Online: Mas o jogo terá casa cheia e o público quer ver gols.
Goiano: Vamos atacar sim. Mas o importante é conseguir a classificação. Zetti sempre frisa que na Libertadores não se dá show. Tem que ser sério, chegar junto e dar bicão quando for preciso.
Paraná-Online: Como muda seu posicionamento com apenas dois zagueiros?
Goiano: Revezo com o André Luiz pela direita. Temos que nos cuidar mais para não dar o contra-ataque a eles.
Paraná-Online: Que lições tirou daquela experiência internacional de 1999?
Goiano: Os jogos sul-americanos são muito competitivos. Contra o Talleres vimos que eles não desistem nunca, lutam até o fim. É um ensinamento para nós.
Josiel desde o começo
Bastaram uma partida e mais 20 minutos de outra para Josiel conquistar o torcedor tricolor. O atacante gaúcho, que mostrou raça e técnica, anotou nada menos que quatro gols neste curto período em campo – três contra o Londrina e outro contra o Cobreloa, depois de iludir o zagueiro chileno Olguín. Agora ganha a chance de ser titular e com maior munição à frente.
No jogo de ida, Josiel entrou no lugar de Henrique, na única vaga do ataque, e brigou sozinho contra os zagueiros chilenos.
Agora, os dois atuam juntos, com perspectiva de maior produtividade. ?Claro que é melhor ter um companheiro mais próximo. Não jogaremos só no contra-ataque e a tendência é evoluirmos bastante?, falou o jogador.
Revelado pelo Internacional de Santa Maria (RS), Josiel rodou por times pequenos do interior gaúcho até chegar ao Juventude, quando disputou o Brasileiro de 2005. Destacou-se naquela competição – marcou até um gol diante do Paraná, em Caxias do Sul -, mas não ficou porque o Inter-SM exigiu alto valor para liberá-lo. Foi emprestado ao Brasileiro para disputar o Brasileiro da Série B e agora, aos 26 anos, ganha a maior chance da carreira ao jogar uma Libertadores.
Mas nem isso altera o discurso sossegado do atacante. ?É diferente, mas apenas mais um jogo. Entro com a mesma responsabilidade de uma partida do Paranaense?, garante. Mas já traça um plano ousado. ?Sempre tenho esperança de ser artilheiro nas competições que disputo. Na Libertadores não é diferente?, sonha.
COPA LIBERTADORES
1ª FASE – JOGO DE VOLTA
Local: Vila Capanema
Horário: 21h45
Árbitro: Antonio Arias (PAR)
Assistentes: Atilio Invernizzi (PAR) e Amelio Andino (PAR)
PARANÁ
Flávio; André Luiz, Daniel Marques, Neguete e Egídio; Goiano, Beto, Gérson e Dinélson; Henrique e Josiel. Técnico: Zetti.
COBRELOA
Hurtado; Osorio, Olguín, Fuentes e Pérez; Ríos, González, Paredes e Díaz; Mannara e Barrios. Técnico: Gustavo Huerta.