Cartas na mesa e pacto firmado. A diretoria do Paraná Clube abriu o jogo para os jogadores – apresentando a real situação financeira do clube – em uma reunião ontem pela manhã. Foi um diálogo franco, com duração de aproximadamente uma hora. A “transparência” sensibilizou os jogadores que confirmaram voto de confiança aos dirigentes e fizeram um pacto para que dentro de campo o time não sofra reflexos desta crise financeira.
A missão tem início hoje à tarde, frente ao São Caetano. Estiveram presentes da reunião todos os dirigentes ligados ao futebol: Enio Ribeiro, Aramis Tissot, Altair Barranco, Pedro Poitevin Neto, Ocimar Bolicenho e Luiz Carlos Casagrande.
Neste “jogo limpo”, os dirigentes confirmaram que a situação é pouco confortável, mas contornável. Deixaram os jogadores à vontade e se alguém estivesse pouco à vontade para continuar na “batalha”, não seria feito nenhum impedimento. “A guerra é essa e não temos muita munição”, confirmou Bolicenho. “Sentimos que o grupo está unido em torno de um objetivo e com vontade para encarar as dificuldades”, disse. A posição do grupo deixou diretoria tranqüila e comissão técnica confiante. Otacílio Gonçalves não se cansa de destacar que “se não somos os melhores, devemos ser os mais fortes”.
Com um time que alia juventude com experiência, o treinador espera atingir o ponto de equilíbrio para conduzir o Paraná à uma boa campanha. O fator de desequilíbrio poderá ser o entrosamento da dupla de ataque, com Maurílio e Márcio. As novidades ficam restritas ao setor defensivo, com os zagueiros Cristiano Ávalos e Fábio Luís e os volantes Leandro, Sidnei e Ronaldo.
André ganha o passe
Que acordo, que nada. Oito dias após a audiência de conciliação entre o zagueiro André e o Paraná Clube, a Justiça do Trabalho concedeu ontem sentença favorável ao jogador, que está livre do vínculo com o Tricolor. Desde o início do mês, jogador e diretoria diziam que estavam conversando na busca por um acerto amigável. O despacho do juiz Bento Luiz de Azambuja Moreira permite a imediata transferência do jogador para qualquer outra agremiação do futebol brasileiro ou mesmo do exterior.
Pela primeira vez um atleta obtém vitória nos tribunais alegando mora contumaz. A ação, defendida pelo advogado Mafuz Abrão, baseia-se no pagamento de salários dois meses e 29 dias após o vencimento, de forma sucessiva, numa forma de elidir a legislação. O pedido foi acatado e determinada a rescisão indireta do contrato de trabalho mantido entre as partes, com o fim do vínculo desportivo até então mantido. O juiz ainda ordena o encaminhamento de ofícios à Federação Paranaense de Futebol e à Confederação Brasileira de Futebol, comunicando a decisão, com o fim de viabilizar o registro do atleta em outra agremiação.
Também foi expedido mandado para que o Paraná libere o passe do atleta no prazo de 48 horas, sob pena de pagamento da multa diária no valor de mil reais. “Esta decisão serve para mostrar que o jogador não é escravo. Não precisamos ficar à mercê dos desmandos dos dirigentes”, comentou André. O zagueiro está na mira de pelo menos quatro equipes. O seu procurador, Hilton Ferreira, só esperava a decisão da Justiça para definir a situação do atleta, que está nos planos de Flamengo, Fluminense, Botafogo e Atlético Mineiro.
“Só parti para este caminho devido à indiferença de alguns dirigentes”, disparou o jogador. André conta que quando retornou da excursão à Ucrânia, tentou receber alguns atrasados para poder viajar para a casa de seu pai, no interior paulista. Sem dinheiro, foi obrigado a ficar em Curitiba. “Sei que o clube passa por uma situação difícil, mas o que me magoou foi ter sido tratado desta forma. Me deram as costas”, afirmou.
Fora dos planos
O atacante Luciano também está fora dos planos. Não houve acordo com o procurador do atleta, o ex-artilheiro Saulo, e o jogador já não está mais treinando em Vila Capanema. Saulo acredita que acertará um contrato para Luciano na próxima semana, mas não quis revelar o destino do atacante.
A saída de Luciano será compensada com a presença de Marcelo. O jogador assinou ontem contrato com o clube. Indicado por Otacílio Gonçalves – que trabalhou com o jogador no Santa Cruz – o atacante de 27 anos impressionou nos treinos e será uma opção para este Brasileirão. O contrato do jogador vai até o fim do ano. Para o setor ofensivo, o Paraná dispõe agora de Márcio, Maurílio, Flávio, Marcelo e Waldir.
Torcedor ainda pode comprar seu carnê
Com diretoria e jogadores “remando para o mesmo lado”, falta agora o apoio do torcedor para que o Paraná Clube reconquiste o equilíbrio necessário para o Nacional. O objetivo é apagar a imagem preocupante deixada no ano passado, quando o clube ficou com a prior média de público entre os 28 participantes. Enquanto a liberação do Pinheirão não vem, o Tricolor recorre ao Couto Pereira para atrair sua torcida.
O Pass Card teve uma boa aceitação na última semana, atingindo a marca de 500 pacotes vendidos. O carnê continuará sendo comercializado mesmo após a primeira rodada. A partir da próxima semana, haverá uma redução proporcional com base no número de jogos adquiridos. O Pass Card completo custa R$ 100,00 (R$ 60,00 para sócios) e só pode ser adquirido na sede social da Avenida Kennedy. Para o jogo desta tarde, o ingresso de arquibancada custa R$ 10,00, sendo que sócios, mulheres, menores e estudantes pagam R$ 8,00. Nas cedeiras, o torcedor paga R$ 30,00 (R$ 20,00 para associados).
“O apoio do torcedor será muito importante. Se nossas cotas não atingiram o valor esperado, precisamos compensar o déficit com boas bilheterias”, comentou o presidente Enio Ribeiro. O jogo desta tarde será um real “termômetro” para se medir o interesse do torcedor paranista em seu time e no Brasileirão-2002.