Preparado contra as armadilhas do falso favoritismo, o Paraná Clube começa hoje uma nova etapa em sua aventura pelas Américas. O Tricolor larga na fase de grupos da Copa Libertadores às 20h30 (horário de Brasília), contra o Unión Maracaibo, um dos representantes do emergente futebol venezuelano.
A Venezuela já foi saco de pancadas na América do Sul. Mas o panorama vem mudando aos poucos, com investimentos maiores dos clubes e rápida popularização do esporte, que hoje já rivaliza em espaço na mídia e preferência do público com beisebol e basquete, antes soberanos na terra do presidente Hugo Chávez.
O oba-oba futebolístico ganhou impulso com a realização da Copa América-2007 na Venezuela. Atento à visibilidade proporcionada por bons resultados em quadras e gramados, Chávez, que investe mais em esporte que o Brasil, mesmo com população seis vezes menor, criou fundo equivalente a R$ 1,5 bilhão para bancar as obras da Copa América – quantia considerada inédita pela Conmebol. ?Faremos a edição mais bem organizada da história?, proclamou o presidente.
Os resultados recentes confirmam o crescimento.
Nas Eliminatórias para a Copa-2002, a Venezuela terminou em penúltimo, à frente do Chile. Quatro anos depois, superou Peru e Bolívia, com nada desprezíveis 18 pontos em 18 jogos – retrospecto animador para quem costumava segurar a lanterna e amargar goleada atrás de goleada.
Na Libertadores, os venezuelanos começam a incomodar. O Deportivo Táchira chegou entre os oito primeiros em 2004, deixando para trás Libertad (Paraguai) e Tolima (Colômbia) na 1.ª fase e despachando o tradicional Nacional (Uruguai) nas oitavas. No mesmo ano, o Unión Maracaibo também fez bonito em sua estréia na competição: classificou-se em segundo de sua chave, eliminando o Vélez Sarsfield (Argentina), e só caiu numa espécie de repescagem para as oitavas-de-final diante do Barcelona (Equador). Em 2006, o adversário paranista não se classificou por um ponto, mas arrancou um empate em 1 x 1 com o futuro campeão Internacional, em Maracaibo, na 1.ª rodada.
Se ainda não são potências, os clubes venezuelanos ao menos fizeram por merecer maior respeito. Conhecido por ter boa estrutura, o Unión Maracaibo tem quatro jogadores que disputaram na semana passada um amistoso contra o Chile – o lateral-direito Luis Vallenilla, os volantes Pedro Fernández e Miguel Mea Vitali e o atacante Daniel ?Cafu? Arismendi.
?A superioridade do futebol brasileiro é só teoria. Não vamos desmerecer a equipe deles e espero que não nos desmereçam?, falou o zagueiro tricolor Daniel Marques.
Pressão total
O Paraná deve enfrentar um ambiente adverso hoje, em Maracaibo. A começar pela pressão da torcida – embora os venezuelanos não estejam entre os mais fanáticos do continente, a diretoria do Unión Atlético abre os portões do ?Pachencho? Romero e o público terá acesso gratuito à partida.
Além disso, a temperatura alta é outro empecilho para o Tricolor. Mas nada tão amedrontador – o jogo é às 18h30 e a previsão para hoje é de mínima de 24ºC e máxima de 33ºC.
O chileno Jorge Pellicer, técnico do Unión, demonstrou otimismo. ?Temos esperança tremenda de começar com três pontos. Seria um passo enorme para uma possível classificação e vamos buscá-la até a morte. Mas será um jogo difícil, e precisamos do apoio maciço e da paciência do público?, afirmou, em entrevista ao sítio oficial do clube.
Pellicer também traçou suas observações sobre o adversário de hoje. ?O Paraná se postou da mesma forma em casa e fora. Fechou-se e explorou ofensivamente um atacante e um meia-atacante?, avaliou, elogiando muito o ?meia 10? (Dinelson).
?Tem características muito especiais, é um jogador de grande projeção para o futebol brasileiro.?
Copa Libertadores
2ª fase – Grupo 5
1ª rodada
Súmula
Local: Estádio José ?Pachencho? Romero
Transmissão: FX (Canal 54-NET, e 65-TVA)
Horário: 20h30 de Brasília (18h30 locais)
Árbitro: Samuel Haro (EQU)
Auxiliares: Carlos Vera e Fernando Tamoyo (EQU)
Unión Maracaibo x Paraná
Unión Maracaibo
Angelucci, Vallenilla, Bovaglio, Fuenmayor e Martinez; Fernández, Mea Vitali, Figueroa e Urdaneta; Cásseres e Arismendi. Técnico: Jorge Pellicer
Paraná
Flávio; André Luiz, Daniel Marques, Neguete e Egídio; Goiano, Beto, Gerson e Dinelson; Henrique e Josiel (João Paulo). Técnico: Zetti