Não bastasse a noite gelada, os poucos corajosos torcedores do Paraná que compareceram ao Pinheirão, ontem à noite, ainda tiveram que assistir a uma das piores apresentações do Tricolor no ano. O empate em 0 a 0 com o Figueirense foi um fiasco total. Tanto que ao final da partida, o coro das arquibancadas era um só: fora Caio Júnior.
O Paraná teve raras oportunidades de vencer um adversário que optou claramente por marcar e, se possível, assustar Flávio. Sem inspiração, o time de Caio Júnior empacou e perdeu dois pontos importantes dentro de casa, e corre risco de terminar a sétima rodada do Campeonato Brasileiro na zona de rebaixamento.
O Paraná veio com uma novidade: Parral apareceu na ala-direita, e Goiano foi mantido no meio-campo.
A intenção do técnico tricolor era forçar as jogadas pelas duas laterais – além de Parral, Batista tinha a incumbência de partir pro ataque. Mas uma peça importante do esquema tricolor saiu de cena nos primeiros minutos. Beto chocou-se com Rodrigo Souto e leou a pior.
Sentiu uma fisgada na coxa esquerda e teve que ser substituído logo a dois minutos da partida. Felipe Alves entrou em seu lugar.
E se o primeiro tempo correu sem muitas emoções, os técnicos tiveram que trabalhar. Depois de Caio ser obrigado a mexer, Adílson Batista perdeu o lesionado Soares aos 15 – Tiago Silvy o substituiu.
O controle do jogo era paranista, mas as chances pequenas. Na melhor delas, Cristiano tentou um voleio, mas o goleiro Dalton defendeu. Faltava maior chegada ofensiva ao Paraná, que tinha Cristiano isolado e Gérson e Maicosuel muito marcados.
Além disso, alguns jogadores não realizaram um bom primeiro tempo – Felipe Alves não soube suprir a ausência de Beto. Goiano e Gérson estavam apagados e Batista parecia sentir a pressão de entrar na vaga do ?intocável? Edinho. ?A gente tem que saber trabalhar com todos estes problemas?, disse Caio Júnior ao final do primeiro tempo.
E como se esperava, Leonardo apareceu no time após o intervalo (no lugar de Gérson). Ele era a tacada decisiva do treinador paranista, que apostava na qualidade do atacante para melhorar o poder ofensivo. ?Tomara que ele seja feliz?, confessava Caio. Mas o Paraná voltou pior na segunda etapa, com dificuldades na saída de jogo e muitos erros nos passes. Os atacantes continuavam isolados.
Com extrema dificuldade, não havia alternativa senão partir definitivamente pra frente. Então, Caio Júnior sacou Parral e colocou Sandro, que voltava de longa inatividade. Só que a falta de criatividade e a forte marcação do Figueira não deixaram o Paraná chegar perto do gol de Dalton (mesmo depois da expulsão de Vinícius, aos 33 minutos), e o justo empate se consolidou.
A próxima partida tricolor será no sábado, contra a Ponte Preta, em Campinas.
Com paciência esgotada, torcida quer saída de Caio
Foi a primeira vez que Caio Júnior ouviu aquela frase que atormenta a vida dos técnicos. Ao final do empate com o Figueirense, os poucos torcedores que foram ao Pinheirão gritaram ?Fora Caio Júnior?, pedindo a cabeça do treinador – que manifestou tranqüilidade, mas admitiu que, se estivesse nas arquibancadas, teria feito a mesma coisa.
?Sou um personagem, sou o treinador. Qualquer um que estivesse aqui seria cobrado como eu fui. Mas eu estou tranqüilo, sou um profissional com história no clube e sei que o nosso trabalho está sendo bem feito?, comentou Caio.
?Se eu fosse torcedor, também iria reclamar, também iria vaiar?, completou o técnico.
Mas se ele não reclamou dos apupos, os jogadores -liderados pelo capitão Emerson – ficaram chateados. ?O adversário dificultou muito. Fomos infelizes, mas é injusta esta cobrança?, reclamou o zagueiro.
Caio Júnior avaliou o trabalho dos jogadores como positivo e ressaltou o sistema defensivo do Figueira. ?Eles têm um time forte e vieram com uma proposta defensiva. Mas tivemos o controle da partida e criamos oportunidades para vencer o jogo?, afirmou o treinador, que admitiu que alguns jogadores não renderam como o esperado. ?O Parral sentiu a falta de ritmo, o Batista infelizmente não esteve bem?, reconheceu.
Mas o técnico paranista voltou a lamentar a falta de sorte e a série de contusões. ?Fica difícil trabalhar. Perdemos o Beto no primeiro lance da partida, estamos com vários desfalques, tivemos um desgaste muito grande na viagem a Fortaleza.
Mas vamos melhorar e vamos conseguir os resultados que precisamos?, finalizou Caio Júnior.
CAMPEONATO BRASILEIRO
Súmula
Local: Pinheirão
Árbitro: Antônio Hora Filho (SE)
Assistentes: Ivaney Alves de Lima (SE) e Antônio da Cruz dos Santos (SE)
Cartões amarelos: Neguete, Maicosuel (PR); Tiago Prado, Vinícius, Dalton (FIG)
Cartão vermelho: Vinícius
Renda: R$ 28.960,00
Público: 2.760 (2.217 pagantes)
PARANÁ CLUBE 0x0 FIGUEIRENSE
Paraná
Flávio; Gustavo, Emerson e Neguete; Parral (Sandro), Goiano, Beto (Felipe Alves), Gérson (Leonardo) e Batista; Maicosuel e Cristiano. Técnico: Caio Júnior
Figueirense
Dalton; Vinícius, Chicão, Tiago Prado e Marquinhos Paraná; Henrique, Rodrigo Souto, Carlos Alberto e Fernandes (Cícero); Schwenke (Samir) e Soares (Tiago Silvy). Técnico: Adílson Batista