Foi terrível. O Paraná Clube teve outra atuação desastrosa e, com a derrota por 3×1 para a Ponte Preta (e poderia ter sido mais), ontem, em Campinas, voltou para a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro da Série B. O time de Paulo Bonamigo venceu com sobras, e força o Tricolor a pensar primeiro em se manter na segunda divisão do que o sonho cada vez mais distante de voltar à Série A.
Era a tarde de estréia do técnico Paulo Comelli, e tarde também de reencontro do Paraná Clube com o técnico Paulo Bonamigo, que comandou a equipe nas primeiras rodadas da Série B.
E, da mesma forma, Comelli reencontrava a Macaca, equipe que “montou” no final da temporada passada. Todos se conheciam, portanto as apresentações eram dispensadas e que o jogo começasse.
Mudando o que tinha previsto, o novo comandante tricolor decidiu ficar no banco de reservas e não nas cabines. “Se é pra assumir o time, temos que ir até o fim”, explicou Paulo Comelli, muito cumprimentado pelos jogadores da Ponte antes
do jogo – em contrapartida, o time inteiro do Paraná foi saudar Paulo Bonamigo.
Com a opção, o técnico viu de perto o jogo. E viu o que lhe espera daqui pra frente: uma equipe sem motivação, errando um sem-número de passes, com dificuldade imensa para criar jogadas e falhando em demasia na defesa.
Comelli só não viu a deficiência nas conclusões porque o Paraná passou o primeiro tempo inteiro sem chutar na meta defendida por Aranha. “A bola não pára na frente. Estamos passando vergonha”, reclamou o capitão Luciano.
Passando vergonha mesmo. A Ponte fez o jogo que quis. Sem fazer o mínimo esforço, os donos da casa foram para cima, pressionaram e abriram dois gols de vantagem com facilidade.
Primeiro, aos 26 minutos, com Agenor tentando desviar uma cobrança de falta e fazendo contra. Depois, aos 39, em um contra-ataque puxado por Renato e concluído por Marcelo Soares. “Um time não pode errar tanto”, resumiu Paulo Comelli.
Ele resolveu mexer no time no intervalo, sacando Thyago Fernandes e Gílson para as entradas de Murilo e Leonardo. Por dez minutos, o Tricolor até que apresentou um futebol razoável, e Cristian perdeu uma chance inacreditável. Mas, aos 15, acabou o sonho – em outra jogada rápida, Marcelo Soares tocou na saída de Fabiano Heves e fez o terceiro.
O jogo estava resolvido, mas esperava-se – ao menos – reação do Paraná. O time, porém, voltou a apresentar um futebol constrangedor. Com erros de passes, falhas incríveis no setor defensivo e ausência completa de ofensividade.
Foram mais de trinta minutos de jogo modorrento, com o Tricolor sofrendo e a torcida da Ponte gritando “olé”. Cristian descontou aos 44 minutos, mas de nada adiantou. E, de novo, o representante paranaense na Série B figurando entre os quatro piores, cada vez mais perto da terceira divisão do que da primeira.
Fiasco assusta novo técnico
Faltam palavras para definir a fase do Paraná Clube. A quarta derrota consecutiva abalou de vez o elenco paranista, e fez com que Paulo Comelli tivesse uma prévia do trabalho que terá pela frente. Ele percebeu isso ao ver uma equipe triste, desmotivada e frágil tecnicamente.
“Da forma que as coisas aconteceram, precisaremos de reforços”, reconheceu o técnico, ainda assustado com o que viu ontem. “O 1.º tempo foi muito abaixo do que imaginamos. Depois a equipe teve mais atitude, criou, mas não foi suficiente”, comentou Comelli, que se reúne amanhã, já em Maceió, com o diretor de futebol Paulo Welter para debater o futuro do time.
Os jogadores encerraram mais uma rodada fracassada – e desta vez de forma retumbante, com a volta à zona de rebaixamento da Série B – sem maiores lamentações. Eles também já perceberam que nenhuma explicação convencerá a torcida.
“O elenco tem qualidade, mas não consegue jogar. Temos que evoluir urgentemente”, disse o volante Léo. “Não jogamos nada e temos muito que melhorar. Tem tempo, o segundo turno inteiro. Mas não podemos adiar”, resumiu, com propriedade, o atacante Leonardo. (CT)
BRASILEIRÃO – SÉRIE B
1º Turno – 17ª Rodada
PONTE PRETA 3×1 PARANÁ CLUBE
PONTE PRETA
Aranha; Eduardo Arroz, Gum, Jean e Vicente; Deda, Jairo, Leandrinho e Renato (Luciano Sorriso); Luís Ricardo (André) e Marcelo Soares (Moraes).
Técnico: Paulo Bonamigo
PARANÁ
Fabiano Heves, Claudemir, Daniel Marques, Luciano e Thyago Fernandes (Murilo); Agenor, Léo, Naves e Cristian; Éverton (Marcelinho) e Gílson (Leonardo).
Técnico: Paulo Comelli
Súmula
Local: Moisés Lucarelli (Campinas-SP)
Árbitro: Anderson Daronco (RS)
Assistentes: Paulo Ricardo Silva Conceição (RS) e João Lúcio Monteiro de Souza Júnior (RS)
Gols: Agenor (contra) 26 e Marcelo Soares 38 do 1º; Marcelo Soares 15 e Cristian 44 do 2º
Cartões amarelos: Leandrinho, Eduardo Arroz, Deda, Jean (PP); Cristian, Naves, Leonardo, Murilo (PR)
Renda: R$ 59.437,00
Público: 5.502 pagantes