Paraná Clube e a pior crise dos últimos anos

O técnico Paulo Comelli nem bem chegou e já se depara com a pior crise técnica da história do Paraná Clube. Jamais o clube havia sofrido uma seqüência de derrotas atuando por uma divisão menor do futebol brasileiro. Na terceira divisão de 1990 ou na disputa da Série B – em 1991, 1992 e 2000 – o Tricolor sequer sofrera duas derrotas seguidas. O pífio desempenho diante da Ponte Preta, no último sábado, resultou no quarto revés “em cascata” e no retorno à zona do rebaixamento.

Se até aqui o temor existia de forma superficial, agora parece que “a ficha caiu”. O Paraná, intimamente, já não almeja nada nesta temporada senão a fuga da Série C. Uma posição vexatória para um clube que há pouco tempo ostentava a imagem de “melhor do Estado”, representando o futebol paranaense na Libertadores da América. Depois disso, só desastres, só lamentações. Da crise política (e moral) que assolou o Paraná, o torcedor não teve mais motivos para sorrir.

Um quadro que se agrava com a seqüência de tropeços em campo, e também fora dele. Após a oitava derrota (quase a metade dos jogos disputados até aqui), o Paraná desabou para a 18.ª colocação. Um quadro mais do que preocupante e que faz do jogo de amanhã – às 21h45, no Rei Pelé, frente ao CRB – um duelo de vida ou morte. Afinal, novo deslize, frente ao lanterna absoluto da Série B, pode representar um caminho sem volta para o Tricolor.

Na prática, a cada rodada a fragilidade do grupo se torna mais evidente. O problema é que mais do que a baixa qualidade técnica, o elenco não dá sinais de reação também sob o aspecto emocional. O jogo em Campinas foi emblemático, numa semana tensa. Após mudanças no comando diretivo e técnico, esperava-se uma nova postura da equipe, mas o tiro saiu pela culatra. O que se viu em campo foi uma equipe derrotada. A Ponte Preta nem precisou forçar muito para praticamente definir a vitória no primeiro tempo.

Paulo Comelli admitiu que o primeiro tempo da equipe foi “assustador”. Sem tempo para trabalhar, o técnico busca no diálogo uma solução imediata para o péssimo desempenho do time. Já não descarta a possibilidade de escalar mais um zagueiro para ao menos melhorar o desempenho defensivo do time. Vale lembrar que, recentemente, os raros bons momentos do time ocorreram no sistema 3-5-2. Só que a dificuldade vai além, já que nesse jogo, um empate já seria um resultado ruim, frente a uma equipe que soma apenas 9 pontos.

Se 46 é o número mágico para se manter na Série B (pode haver uma variação, para mais ou menos), o Paraná terá que conquistar 46% dos pontos que irá disputar a partir de amanhã. Muito mais do que os atuais 33,3%. É o que restou ao Tricolor, já que para voltar à primeira divisão, teria que conseguir um aproveitamento superior ao do líder Corinthians. Uma utopia, diante da comprovada “indigência” técnica do grupo paranista.

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