Um estádio vazio, silencioso. É assim que os paranistas acreditam que encontrarão o Anacleto Campanella, amanhã. Um clima nada compatível com a importância do jogo, que mexe com os dois lados da tabela de classificação do Brasileiro. Na ponta de cima, o Paraná Clube, precisando da vitória para se manter na luta pela última vaga do País pra Libertadores. Na outra extremidade, o São Caetano, que mesmo somando três pontos tem remotíssimas chances de fugir do rebaixamento.
Jogadores e integrantes da comissão técnica têm certeza de que este será o jogo no qual o Tricolor irá se deparar com o menor público em sua trajetória neste Brasileiro. ?Acho que no máximo teremos uns 1.500 torcedores?, disse o atacante Leonardo, com uma dose de otimismo. ?Não dá pra negar. É muito chato jogar num estádio vazio?, disse Leonardo.
Por isso, Caio Júnior quer o grupo mentalizado para deixar de lado o clima de ?fim de feira? que deverá se abater sobre o estádio do São Caetano. ?Sem torcida, dá-se a falsa impressão que o jogo não vale nada, que é um amistoso?, comentou o treinador. ?Mas, ocorre justamente o oposto. Trata-se de mais um jogo decisivo. Jogamos motivados na busca do nosso sonho, contra a pressão do adversário?, lembrou. Caio Júnior acredita que pelo menos 200 torcedores paranistas tentarão ?dar novo tempero? ao jogo.
Na tentativa de manter o time ?sempre alerta?, o treinador decidiu retomar uma estratégia utilizada durante grande parte da competição.
A palestra final, onde Caio Júnior passa as últimas orientações sobre a estratégia de jogo, ocorrerá momentos antes da bola rolar, no vestiário do Anacleto Campanella. Uma tática interligada também ao fato de que o São Caetano está cheio de problemas e terá sua escalação definida de última hora. Um quadro bem diferente ao do Tricolor, que segue hoje para São Paulo definido e com apenas uma modificação: a volta de Batista ao meio-de-campo.
Pierre é peça-chave
O sucesso do novo esquema tático – após uma temporada quase que completa atuando com três zagueiros – está diretamente ligada à versatilidade de alguns jogadores. Méritos para os alas Peter e Eltinho e para o volante Pierre, que garantiram uma transição sem traumas. A partir da adaptação destes jogadores ao novo sistema, o Paraná Clube conseguiu manter uma postura segura (sofreu apenas um gol, de bola parada, em dois jogos), com relativo ganho ofensivo.
?Creio que não houve dificuldade porque todos cumprem bem as determinações do treinador.
O Paraná prima pela disciplina tática?, comentou Pierre.
O volante – e às vezes zagueiro -encara com naturalidade a mudança de posicionamento. ?O esquema de jogo depende muito do adversário?, alerta. Pierre não vê dificuldades em atuar como primeiro volante -se lançando à frente quando os espaços aparecem – ou como um terceiro zagueiro.
Ao longo da semana, o técnico Caio Júnior trabalhou a equipe nas duas situações. ?Se eu ficar mais preso à defesa, os alas avançam. De um jeito ou de outro, o time se mostra equilibrado?, analisou Pierre. Para o jogador, a variação depende exclusivamente de um sinal vindo do banco de reservas. ?Já estamos preparados para as duas possibilidades. Vai depender muito da postura do São Caetano?, explicou.
Diante do desespero do adversário, Pierre aposta na maior motivação do Paraná. ?Eles estão sob pressão. Então, temos que tirar proveito disso. É muito importante largar na frente, o que pode fazer com que eles se percam na partida?, finalizou.