Se não venceu os adversários do grupo A na 1.ª fase, o Paraná Clube deixou para quando valia. Numa apresentação de pouca técnica e muita raça, o Tricolor largou na 2.ª fase do Campeonato Paranaense com uma suada vitória por 1 x 0 sobre o Iraty, ontem, na Vila Capanema. Resultado que premiou a persistência do time que mais buscou o gol e deu moral aos paranistas para o clássico com o Atlético, domingo, na Baixada.
Desde o início o Azulão mostrou porque é uma das sensações do Estadual. Sem se intimidar, o técnico Antônio Lopes Júnior buscou o jogo com o rápido Rodriguinho auxiliando o forte e hábil Gílson enfiado no meio da zaga. Nos 10 primeiros minutos o Iraty levou mais perigo.
Pouco a pouco o Tricolor tomou conta do meio-campo e controlou a posse de bola. O que não significa que era dono da partida. Apesar da boa movimentação de Giuliano, Joelson e Éverton, as jogadas pelo meio não funcionaram. A atuação irregular dos alas Araújo e, principalmente, Daniel Cruz prejudicava as jogadas pelo lado. Os chutes de longe passaram a ser opção, mas os tiros de Joelson, Éverton e Léo não tiveram direção. Para piorar, o fraco árbitro Almir Rogério Ruiz Garcia era tolerante com o excesso de faltas do time do interior.
Enquanto isso, o Iraty esperava em seu campo e partia com quatro ou cinco jogadores em alta velocidade nos contragolpes. Não fossem alguns erros nas assistências e a defesa paranista ficaria em maus lençóis.
Apesar dos pesares, as melhores chances do primeiro tempo foram paranistas. Aos 17, Joelson se esticou mas tocou fraco na pequena área, e o goleiro Welder salvou quase em cima da risca. Aos 41, Daniel Marques apareceu sozinho na área mas não conseguiu completar.
No início da 2.ª etapa, como o panorama não mudava – com exceção da chuva que caiu com mais força na Vila -, Paulo Bonamigo arriscou ao trocar o marcador Léo por Cristian, de volta após 40 dias afastado por contusão. Ainda que meio desordenado e errando jogadas ofensivas, o Paraná foi encurralando o Iraty, que perdeu a força ofensiva do primeiro tempo. Na base do abafa, Éverton apanhou uma sobra e chutou firme para defesa de Welder, aos 26. Mas a bola não entrava e Bonamigo tentou a última cartada, tirando Daniel Cruz e colocando o atacante Rodrigo Pimpão como terceiro atacante.
Três minutos depois de entrar, Pimpão perdeu a melhor chance do jogo ao aproveitar um chutão e, na cara do gol, tocar por cima do goleiro, fraquinho. A zaga iratiense salvou em cima da linha. Em seguida novamente Pimpão teve o gol à disposição, mas cabeceou fora um cruzamento de Cristian.
A torcida sentiu o momento, empurrou o time e o Iraty ficou cada vez mais acuado. O gol estava maduro. E de tanto insistir, o Tricolor foi recompensado. Da intermediária, Cristian bateu falta à meia-altura. João Paulo tentou cabecear, tocou com as costas e a bola, mansa, bateu na trave antes de entrar. Um gol que retratou o jogo: sem jeito, mas determinado até o fim, o Paraná saiu vitorioso.
Campeonato Paranaense
1.ª rodada – 2.ª fase
Paraná 1×0 IRATY
Paraná
Fabiano Heves; Daniel Marques, João Paulo e Luís Henrique; Araújo, Jumar (Goiano, aos 34-1º), Léo (Cristian, aos 13 do 2º.), Giuliano e Daniel Cruz (Rodrigo Pimpão, aos 30 do 2º.); Éverton e Joelson.
Técnico: Paulo Bonamigo.
IRATY
Welder; Paulo Miranda, Éverson e Reginaldo Nascimento; Ayrton, Ricardinho (Eduardo, aos 24º do 2º.), Almeida (Diogo, intervalo), Ceará e Nill; Rodriguinho (Massai, aos 32 do 2º.) e Gilson.
Técnico: Antônio Lopes Júnior.
Gol: João Paulo, aos 40 do 2º tempo.
Cartões amarelos: Daniel Cruz, Léo, Luís Henrique, Goiano e João Paulo (P), Almeida e Ceará (I)
Local: Durival Britto (Curitiba).
Árbitro: Almir Rogério Ruiz Garcia.
Público: 2.748 pagantes
Total: 3.470
Renda: R$ 36.463,00
Assistentes: José Carlos Dias Passos e Marco Aurélio dos Santos.
Bona destaca a vontade de vencer
O Paraná Clube já teve atuações melhores sob o comando de Paulo Bonamigo. Mas a vitória de ontem foi a mais comemorada deste ano na Vila Capanema, pela perseverança do time e pela dramaticidade do jogo.
?A vontade de vencer e a raça fizeram a diferença?, falou Paulo Bonamigo. O técnico, que antes do jogo disse considerar o Iraty o melhor time do interior no Paranaense, confirmou a impressão. ?É uma equipe muito técnica, que também foi prejudicada pela chuva. Tivemos o mérito de ter jogado um pouquinho mais que o adversário, que valorizou muito a vitória?, falou.
O treinador só criticou o excesso de bolas altas entre defesa e ataque e os gols perdidos. ?Tivemos umas três ou quatro boas chances. É o tipo de jogo em que as oportunidades são raras e perdê-las pode acarretar em prejuízo?, cobrou.
Bonamigo não quis falar muito sobre o clássico de domingo, contra o Atlético. E evitou falar em surpresa pela derrota do rival para o Engenheiro Beltrão, que agora divide a ponta do grupo A com o próprio Paraná. ?Nessa fase com os oito melhores não dá pra falar em surpresa. Jogamos em Engenheiro Beltrão com o time misto (derrota por 3 x 0) e sentimos a dificuldade de encarar o calor e uma boa equipe?, disse.
Vavá detona arbitragem
Irapitan Costa
A diretoria do Paraná Clube pediu a palavra após o jogo. O vice de futebol Durval Lara Ribeiro não economizou nas críticas à arbitragem, que na sua visão não teve critério, exagerou nos cartões e ?tirou? dois jogadores do Tricolor, João Paulo e Daniel Cruz, do clássico. ?Não é de hoje que a arbitragem vem nos prejudicando. Já vimos erros lá atrás, na primeira rodada, contra o Iguaçu?, disparou o dirigente.
As reclamações não se restringiram ao árbitro Almir Rogério Ruiz Garcia. Os assistentes não foram poupados. ?A nossa arbitragem é muito ruim. E isso acaba pondo em risco o trabalho de todo um grupo?, comentou Vavá Ribeiro. Logo nos primeiros lances da partida, o juiz tirou a torcida do sério, invertendo faltas e não coibindo o anti-jogo do Iraty. ?Pior do que isso. O Paraná fez sete faltas no primeiro tempo. O adversário, dezesseis. E nós fomos punidos com dois amarelos?, lembrou.
Vavá foi além e disse que está na hora de Afonso Vitor de Oliveira, o diretor de árbitros da Federação Paranaense de Futebol, tomar uma atitude mais rigorosa. ?Quando nossos jogadores vão mal, são cobrados. Se os árbitros erram, têm que ser repreendidos. E o que falar dos bandeiras? Não dá para agüentar?, desabafou. Tanto José Carlos Dias Passos quanto Marco Aurélio dos Santos cometeram vários deslizes no jogo, invertendo laterais e marcando impedimentos duvidosos.
?Estamos atentos e não vamos aceitar que o Paraná sofra prejuízo. Vejo muitos jogos dos outros estados e a nossa arbitragem, salvo exceções, é muito fraca?, finalizou Vavá Ribeiro.