Ainda sob os efeitos da derrota no clássico, o técnico Paulo Bonamigo busca soluções para tornar o ataque do Paraná Clube mais contundente. Já são dois jogos seguidos sem balançar as redes, o que coloca em xeque a classificação da equipe às semifinais do Paranaense.
Para chegar entre os quatro melhores do torneio, o Tricolor precisa de vitórias. Na visão da comissão técnica e da diretoria, esta reação precisa vir amanhã, em Irati.
A rigor, um novo tropeço não eliminaria o Paraná – o quadro só ficaria terrível caso o Engenheiro Beltrão vencesse o Atlético -, mas abalaria o moral do grupo. Na próxima quarta-feira, o Tricolor tem nova decisão, pela Copa do Brasil, ante o Vitória. ?Não tem conversa. Precisamos dessa reação, e já?, disse o atacante Joelson. Artilheiro da equipe na temporada, com 7 gols, ele teve poucas chances nas duas últimas partidas. ?Até tivemos volume, mas pecamos no último passe?, reconheceu o jogador.
Desde a chegada de Bonamigo, este é o primeiro jejum da equipe. Nos onze jogos anteriores, o ataque paranista só havia passado em branco uma vez, naquele empate com o Trem, no Amapá, quando atuou boa parte do jogo com dois atletas a menos. Agora, num momento de definições no Estadual, os gols rarearam, até desaparecerem. Contra o Engenheiro Beltrão, na semana passada, todos admitiram que a ineficácia ofensiva foi resultado de uma má jornada coletiva. No clássico, porém, o Paraná teve um desempenho até superior ao do adversário, mas não fez um gol sequer.
?Talvez o gol que sofremos seja até uma lição. Vale a pena chutar mais. O Atlético fez um gol de sorte, enquanto nós martelamos e não conseguimos vencer a marcação?, analisou o médio-ala Éverton. Sem muito tempo para treinar, Bonamigo vai tentar ajustar hoje a equipe para o jogo deste domingo – às 15h45, no Emílio Gomes -, diante do Iraty. Intimamente, o técnico vive um dilema. Com apenas um atacante (no caso Joelson) e três meias, ele havia encontrado um sistema de jogo capaz de envolver os adversários.
Só que a equipe, nos últimos confrontos, se mostrou pouco contundente. Os lances de bola parada deixaram de surtir efeito – foi em jogadas assim que venceu Iraty, Atlético e Vitória – o que pode resultar numa mudança estratégica: a utilização de mais um atacante. Bonamigo testou essa tática frente ao Beltrão, mas a expulsão de Léo, aos 26 minutos de jogo, jogou por terra qualquer parâmetro para uma avaliação mais precisa. A escalação de mais um atacante seria uma opção para suprir a ausência de Cristian, suspenso.
Outro que não joga em Irati é o zagueiro Luís Henrique, que também cumpre automática pelo terceiro cartão amarelo. Para a sua vaga, a tendência é a entrada de Nem, a não ser que o treinador decida abrir mão do sistema com três zagueiros. No meio-de-campo, Léo retorna à condição de titular, após desfalcar a equipe no clássico.
?Atlético está engasgado?
?O que me deixa puto é perder do jeito que perdemos?, disparou o zagueiro Daniel Marques, ontem, em entrevista à Rádio Transamérica. ?Não escondo que o Atlético está engasgado na nossa garganta. Mas a bola é redonda, o mundo dá voltas e não estamos mortos?, completou o jogador. Para o xerifão tricolor, essa é a hora da reação, da volta por cima. ?Jogamos mais do que eles e perdemos. Mas vamos nos encontrar lá na frente?, previu. ?Não gosto nem de empatar com eles, quem dirá perder em casa??.
Daniel Marques acredita que a derrota só serviu de alerta e que ninguém se deixou abater pelo resultado da última quinta-feira. ?Só que temos que jogar tudo o que podemos nessas duas rodadas que restam, já não temos aquela gordura para queimar?. O zagueiro, mesmo tendo entrado em campo sem a sua melhor condição física não deu moleza aos atacantes rubro-negros. ?Tive uns dias complicados, com diarréia e vômito. Mas acho que fui bem no jogo, na base da superação?, analisou.
Para Daniel Marques, o time não pode perder o foco. ?Defensivamente, acho que fomos bem. Tanto que eles acharam um gol e, fora aquele chutão, não chegaram na nossa meta?, disse. Esse deverá ser, segundo Daniel Marques, o comportamento do time nos dois jogos que restam. Pelo menos sob o aspecto defensivo. ?O time está bem arrumadinho. Só que apenas isso não basta. Temos que vencer, não importa como?, ponderou o zagueiro, sabendo que o Paraná terá pela frente um time que entra em campo para tudo ou nada.
Iraty só tem uma opção: vencer
O Iraty recolhe os cacos do empate (3×3) frente ao Engenheiro Beltrão, na última quinta-feira. Um pênalti nos acréscimos custou dois pontos ao time do técnico Antônio Lopes Júnior. Pior do que isso, tirou três peças importantes para o jogo decisivo contra o Paraná Clube. O meia Diogo, o ala Nill e o atacante Gilson foram expulsos após a confusão generalizada que ocorreu ao término da partida.
Para seguir com chances de classificação às semifinais, o Azulão terá obrigatoriamente que vencer o Tricolor. E os números não são favoráveis: em 21 jogos disputados, o Iraty só conseguiu duas vitórias, contra 8 empates e 11 derrotas. Porém, na atual temporada, o time do interior já aprontou. Uma vitória por 2×0, na fase classificatória, em plena Vila Capanema, determinou a queda de Saulo de Freitas e a mudança estrutural do Paraná.