Foto: Valquir Aureliano |
Xô inhaca: Vandinho espera estufar as redes do Cianorte no Albino Turbay. Jejum está incomodando o paranista. |
O ano só está começando, mas o Paraná Clube já se encontra sob pressão. Com apenas dois pontos e a incômoda 13.ª colocação, tenta fazer do duelo de hoje – às 16h, no Albino Turbay -, diante do Cianorte, o ?jogo da arrancada? neste Campeonato Paranaense. Ao lançar mão do ?expressinho? nas duas rodadas iniciais e não passar de um empate com o Toledo na estréia do time principal, o Tricolor sentiu as primeiras reações de descontentamento do seu torcedor. Pior do que isso: viu seus principais rivais – Atlético e Coritiba – abrirem ampla vantagem na tabela de classificação.
É sob essas condições que o técnico Saulo de Freitas trabalhou nos últimos dias, sabendo que qualquer deslize pode agravar esse quadro. Em meio à turbulência, os jogadores garantem que dentro de campo – e no cotidiano dos treinamentos – e astral não poderia ser melhor. O zagueiro Nem (agora na condição de capitão, diante da saída de Beto da equipe) armou a ?metralhadora giratória?, detonou o grupo do ano passado e destacou a gana do atual elenco. ?Agora, não tem aqueles come-e-dorme que rebaixaram o time. O grupo tem qualidade e só precisa de tempo?, frisou.
O desafio da garotada comandada por Saulo de Freitas e Nem é justamente minimizar esse tempo de maturação.
?O bom futebol só chegará com o tempo. Mas os resultados têm que vir imediatamente?, admitiu o treinador paranista. O Tigre até chegou a testar uma formação com três zagueiros, mas acabou optando pela manutenção do 4-4-2, um esquema do qual é adepto confesso. A mudança mais significativa fica por conta da entrada de Giuliano na vaga de Beto, que curiosamente não foi sequer relacionado para o banco de reservas.
?Com o Giuliano, o time ganhou dinâmica, sem perder o poder de marcação?, sustentou Saulo. Resta ver se fora de casa, tendo pela frente um adversário que não se limitará à marcação, o sistema se mostrará eficaz. ?Com dois ou três zagueiros, pouco importa. O que vale é o time ter o sentido coletivo de que é preciso marcar. Com todos pegando, nosso trabalho lá atrás fica fácil, fácil?, ponderou Nem, que mais uma vez formará com Leonardo Dagostini a dupla de zagueiros do Tricolor.
Ainda sem um ?goleador? -ou ?o? camisa 9, como diz o vice de futebol Durval Lara Ribeiro – o treinador tentará mais uma vez compensar a não presença de área com mobilidade. A estratégia não surtiu efeito na estréia, muito pelo estilo de jogo do adversário, que em momento algum se lançou à frente. ?Agora, teremos mais espaços. Isso sem contar que o entrosamento chegará aos poucos, com a seqüência de jogos?, destacou Vandinho, que continua ?marcado? pela torcida paranista. O jogador sonha com gols, para tirar a inhaca e mostrar com a bola rolando os motivos que fizeram diretoria e comissão técnica apostarem no seu futebol para esta temporada.
Piazada ainda busca espaço
Num claro momento de transição, ainda em busca de equipe ideal – e com desfalques significativos – o Paraná recorre aos pratas da casa para preencher lacunas. Foi assim com Wellington, chamado às pressas para a vaga de Eltinho (que foi para o Cruzeiro), e agora com Araújo, que entra na posição de André Luiz, vetado pelo departamento médico. Uma oportunidade que não quer deixar passar em branco.
?Quero um lugar no time. Não é porque sou jovem que vou me contentar com a reserva?, disse Araújo. O ala sabe que sua missão não será fácil. André Luiz foi um dos destaques do time no início da temporada passada, antes da lesão no tornozelo, e na estréia foi um dos melhores em campo do ?novo? Paraná. ?Sei que vou ter que ralar. Mas estou pronto para o desafio?, disse Araújo, que tem a seu favor um bom aproveitamento em cobranças de faltas.
?Sinto que é o meu ano. Se não for jogando todas, ao menos quero ter as oportunidades para mostrar meu futebol e me firmar nesse grupo?. O objetivo de Araújo é o mesmo de outros tantos garotos desse elenco. Entre os titulares, ele, Wellington e Giuliano formam o trio de pratas da casa. Porém, as opções de Saulo de Freitas para eventuais mudanças são quase que todas ?caseiras?. A exceção é o experiente Luís Henrique, que ao natural espera reconquistar seu espaço no time. Hoje ele fica no banco junto com os ?meninos? Luís Carlos, João Paulo, Goiano, Rodrigo Pimpão, Éverton e Jéfferson, todos formados na base do azul, vermelho e branco.
Cianorte briga pra se firmar
O jogo desta tarde vale ao Cianorte uma vaga na zona de classificação à 2.ª fase do Paranaense-2008. Mais do que isso, representaria a afirmação de uma equipe que iniciou a competição de forma instável, mas que dá sinais de reação. Pelo menos está é a avaliação do técnico Cláudio Tencatti, que exalta o poder ofensivo de sua equipe, mesmo sem contar com jogadores conhecidos no cenário estadual.
Foram sete gols em três jogos, seis deles marcados nos jogos em casa. Resumindo: no Albino Turbay, o Leão do Vale não quer saber de cautela. ?É claro que contra o Paraná, não podemos nos descuidar. Mas a vocação desse time é atacar?, destacou Tencatti. Ainda sem contar com o volante Aroldo – que se recupera de uma lesão muscular – o treinador mantém Davi no time.
Só deixou no ar a possibilidade de promover a estréia do zagueiro Thiago, recém-contratado do futebol do Líbano. O técnico, porém, não antecipou qual dos dois zagueiros deixaria o time. Tencatti também testou variações táticas. Com três volantes no time, quase sempre recorre ao 3-5-2, fixando um dos cabeças-de-área com a dupla de zaga. ?Vamos ocupar os espaços, não deixar o Paraná jogar e tentar deslanchar na competição?, disparou o treinador do Cianorte. (IC)