Foto: Valquir Aureliano

Ontem, numa reunião, Miranda se defendeu e disse que está num fogo cruzado entre empresários.

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Parecia um barril de pólvora, prestes a explodir. Mas, seguindo exemplos de Brasília, tudo pode terminar em pizza. Foi uma segunda-feira ?quente? no Paraná Clube. Nem tanto pela situação do time, para muitos virtualmente rebaixado, mas sim pela turbulência política, diante da suspeita de irregularidades em transações de atletas durante a gestão de José Carlos de Miranda. Ao menos nesse momento, os dirigentes não farão nenhum pronunciamento sobre a questão.

Oficialmente, José Carlos de Miranda segue afastado de suas funções por ?problemas de saúde?. No entanto, o dirigente participou ativamente de toda a reunião de ontem, que contou ainda com as presenças de Aurival Correia (presidente em exercício), Durval Lara Ribeiro (diretor de futebol), Luís Carlos de Souza (presidente do Conselho Deliberativo) e Ocimar Bolicenho (presidente do Normativo). Uma coletiva chegou a ser cogitada, mas por votação os dirigentes decidiram resolver a questão internamente.

Até onde foi possível se apurar, as relações entre o presidente e o empresário Léo Rabelo seguirão sob investigação. O ?x? da questão continua sendo a negociação de Thiago Neves. Hoje, o meia tem seus direitos econômicos divididos entre os empresários Léo Rabelo (68%) e Luiz Alberto Martins de Oliveira Filho (32%). No final de 2005, Thiago foi negociado com o Vegalta Sendai. Segundo o empresário Luís Alberto, por empréstimo, no valor de U$ 400 mil.

Nessa transação, 60% dos direitos do atleta acabaram vinculados à empresa de Léo Rabelo, a Systema. ?Não quero falar mais sobre o assunto. Entreguei os documentos ao Paraná para que o clube apure os fatos e defina se houve irregularidade ou não?, comentou o sócio-proprietário da LA Sports. Miranda garante que naquele momento, o jogador foi vendido (30% do Paraná e 30% da LA Sports). Luiz Alberto negou ter em seu poder gravações que pudessem comprometer Miranda, apesar do boato sobre um suposto DVD ter corrido solto nos últimos dias.

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Enquanto o caso ganha proporções – e gera margem a especulações – o Paraná tenta superar a crise intramuros. O objetivo é não desviar o foco e manter a atenção nos sete jogos que o clube tem pela frente. Para não ser relegado à Série B, o Paraná terá que vencer cinco dessas partidas. Um quadro que deixa ao clube, no campo das projeções, apenas 16% de chances de sucesso. O Tricolor disputa três jogos em casa -Internacional, Goiás e Santos – e faz quatro partidas fora, contra Palmeiras, Atlético Mineiro, Botafogo e Vasco.

Miranda afirma que não há irregularidades

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O presidente José Carlos de Miranda acredita que se encontra num fogo cruzado entre empresários. Tudo por conta da supervalorização de Thiago Neves, um dos destaques do Brasileirão. ?Toda a questão está na briga entre a LA e a Systema, empresas que detém os direitos econômicos do atleta?, disse Miranda. ?Não há irregularidades na negociação. O jogador teve 60% de seus direitos vendidos há tempos, somente recentemente o Paraná negociou os 20% que haviam ficado com o clube?, justificou.

A ?bronca? surgiu, na visão de Miranda, porque enquanto a LA Sports pretendia negociar Thiago Neves com o Palmeiras (com um pré-contrato assinado), a Systema, de Léo Rabelo, acertou a negociação com o Fluminense. O Paraná, diante do quadro, ainda não deu o atestado liberatório do atleta. ?Vamos aguardar a decisão da Justiça. A verdade é que o jogador decide onde quer jogar e parece que fez a opção pelo clube carioca?, explicou Miranda.

O presidente, após a reunião de rotina da diretoria, disse que toda a documentação está sendo encaminhada ao Conselho Normativo para que este – formado por ex-presidentes e notáveis do clube – analisem os fatos e dêem um parecer definitivo. ?Só me afastei porque politicamente fiquei enfraquecido e sem a possibilidade de indicar um nome para a minha sucessão?, disse Miranda. ?Tudo isso só ganhou proporções pelo momento do time, que não realiza boa campanha?, afirmou.

Zé Domingos afirma que a crise será resolvida internamente

Rodrigo Feres – especial para Tribuna do Paraná

Foto: Valquir Aureliano

Para o vice de futebol, ?enquanto há vida há esperança?.

O presidente do Paraná, José Carlos de Miranda, afastou-se das funções administrativas alegando problemas médicos. Porém, uma denúncia contra o cartola vem agitando o tumultuado ambiente tricolor nos últimos dias. Irregularidades em transações de jogadores, caso de Thiago Neves, estão tirando o sono dos tricolores. Gravações suspeitas estão sendo analisadas pela cúpula paranista, mas, por enquanto, não são consideradas como prova de quaisquer irregularidades por parte do ?professor? Miranda.

Segundo o vice de futebol do clube, José Domingos, tudo será esclarecido em uma reunião com os ex-presidentes e a alta direção tricolor. Por enquanto, o foco é no futebol e esses boatos só devem atrapalhar o momento já complicado do Paraná. ?Isso só afeta a esfera política do clube. Os jogadores estão alheios a esses problemas. Hoje(ontem) tivemos uma reunião com o Miranda, com o atual presidente, e discutimos o problema. Nós vamos resolver esse assunto internamente?, desabafou Zé Domingos.

No campo

Passando por uma situação nada confortável nos seus bastidores, o Paraná se prepara para mais um jogo de vida ou morte nas pretensões do clube no Brasileirão. No sábado, o adversário é o Palmeiras, em São Paulo. Atual 5.º colocado, o Verdão não quer perder a chance de conseguir mais uma vitória e ingressar novamente no grupo dos 4, que se classificam para a Libertadores de 2008. O Palmeiras possui em seu elenco vários jogadores que atuaram pelo Paraná no ano passado. Além do treinador Caio Júnior, os zagueiros Gustavo e Edmílson, e o volante Pierre, classificaram o Tricolor para a Libertadores deste ano. Gustavo diz que vai torcer pela recuperação do Paraná no campeonato, mas só depois de perder para o Porco. ?Todos nós passamos por grandes momentos no Paraná e temos muito carinho por todos. Mas o nosso presente agora é o Palmeiras e temos a obrigação de vencer dentro de casa. Torcerei para o Paraná ganhar todos os seus jogos, mas somente após a partida contra o Palmeiras? , afirmou o zagueiro à Rádio Jovem Pan de São Paulo.

De acordo com o site chancedegol.com.br, o Tricolor tem agora 94,8% de chances de ser rebaixado para a Segunda Divisão. Restam apenas 7 jogos, e segundo os cálculos, o time da Vila Capanema precisaria de 5 vitórias para se manter na elite do futebol brasileiro. Para o vice de futebol, José Domingos, é perfeitamente possível. ?Enquanto há vida há esperança. Nós vamos continuar lutando até as nossa últimas forças e não vamos desistir nunca?, afirmou. Em relação ao prejuízo para o clube caso venha a se confirmar o rebaixamento, Zé Domingos foi enfático ao dizer: o Paraná não cai. ?Os prejuízos seriam extraordinários e incalculáveis. Nós temos que ganhar jogos, temos que fazer a nossa parte. O Paraná é um clube forte e vamos continuar na 1.ª divisão?, finalizou.