Foi com uma boa dose de sofrimento, mas assim os êxitos são mais gostosos de curtir. O Paraná Clube perdeu ontem para o Vitória por 2×1, sofrendo seus dois primeiros gols na Copa do Brasil e perdendo a invencibilidade na competição. Mas para que isso tudo importa? O que vale é a classificação conquistada em Salvador, em pleno Barradão. E, nas oitavas-de-final do torneio, o Tricolor enfrenta o Internacional – o mando e as datas dos jogos serão definidos pela CBF.
O Paraná tinha sua formação principal não com todos os titulares, porque Joelson e André Luiz, lesionados, sequer viajaram a Salvador. Mas Goiano reforçava a marcação pela direita e Fábio Luís era a confirmação de força ofensiva. No lado do Vitória, o técnico Vagner Mancini, que estreou no final de semana, buscava o ataque com os veteranos Ramón (ex-Atlético) e Jackson (ex-Coritiba) para municiar Michel e Marquinhos.
E a intenção dos baianos se confirmou. O time da casa, empurrado pela torcida, partiu para cima, e conseguiu criar algumas oportunidades. Com boas jogadas pelas laterais, o Tricolor foi com perigo, principalmente quando a bola chegava ao centroavante Fábio Luís. Foi ele quem levou maior perigo nos primeiros minutos, com um chute forte e uma cabeçada.
Mas a iniciativa do Vitória surtiu efeito em uma falha de marcação. Aos 37 minutos, Michel cruzou da intermediária e Jackson, livre, apareceu para abrir com estilo o placar. O resultado levaria a partida para os pênaltis, mas não houve muito tempo para o Leão comemorar. Quatro minutos mais tarde, Fábio Luís recebeu de Éverton, armou o chute e mandou de perna esquerda, deixando tudo igual. ?Está bom, mas podemos melhorar. Principalmente na marcação, nós estamos falhando?, alertou o técnico Paulo Bonamigo, no intervalo.
No segundo tempo, o Vitória tentou aumentar o poder ofensivo, mas o Paraná, seguindo as ordens de Bonamigo, mantinha-se mais postado, sem maiores ousadias. Mesmo assim, no contra-ataque, Éverton acertou o travessão baiano em um arremate despretensioso. Tudo corria da forma que o Tricolor queria.
Mas, com o passar do tempo, os donos da casa começaram a chegar com perigo. A pressão aumentou, e o ápice foi o pênalti cometido por Luís Henrique em Diego Silva. Aos 35 minutos, o velho Ramón cobrou e recolocou o Leão na frente – resultado, entretanto, que ainda favorecia o Paraná.
Daí em diante, foram momentos de angústia para a torcida paranista, que sofreu ouvindo a partida pelas emissoras de rádio que foram a Salvador. Só que o Vitória, batido pela tensão, não ameaçou o gol de Fabiano Heves, e o sufoco dos minutos finais virou a euforia da classificação para as oitavas da Copa do Brasil. E que venha o Internacional.
COPA DO BRASIL
2ª fase – Jogo de volta
VITÓRIA 2×1 PARANÁ CLUBE
VITÓRIA
Ney; Carlos Alberto (Williams), Marcelo Batatais, Anderson Martins e Gustavo; Vanderson (Marco Antônio), Bida, Ramón e Jackson; Michel e Marquinhos (Diego Silva).
Técnico: Vágner Mancini
PARANÁ
Fabiano Heves; Daniel Marques, João Paulo e Luís Henrique; Goiano, Léo, Jumar (Beto), Cristian (Daniel Cruz) e Everton; Giuliano e Fábio Luís (Clênio).
Técnico: Paulo Bonamigo
Súmula
Local: Barradão (Salvador-BA)
Árbitro: Elmo Alves Resende Cunha (GO)
Assistentes: Jossemmar José Diniz Moutinho e Luciano José Coelho Cruz (PE)
Gols: Jackson 37 e Fábio Luís 41 do 1º; Ramón (pênalti) 35 do 2º
Cartões amarelos: Anderson Martins (VIT); Jumar, Everton, Daniel Marques, Clênio, Daniel Cruz (PR)
Renda e público: não divulgados
Missão cumprida na Copa do Brasil
Paulo Bonamigo deixou o Barradão muito mais tranqüilo que em outras oportunidades (certa vez, quase largou o Coritiba após uma derrota em Salvador). Classificado para as oitavas-de-final da Copa do Brasil com o Paraná, o treinador valorizou muito o trabalho dos jogadores e também a inteligência em administrar o resultado, que mesmo adverso foi favorável ao Tricolor. E, agora, só pensa na partida de domingo com o Engenheiro Beltrão, pelo Campeonato Paranaense.
Na avaliação do técnico paranista, a partida foi mais complicada no primeiro tempo. ?Levamos um sufoco maior na primeira etapa. Depois, acertamos e conseguimos levar a partida, mas cometemos um erro e o Vitória se motivou. Mas tivemos força para conseguir o resultado que nos interessava?, disse Bonamigo, que não nega o pragmatismo do momento. ?Os jogos são assim, a Copa do Brasil é assim. É claro que queríamos ganhar, mas o regulamento nos permitiu conseguir a classificação?, confirmou.
Para domingo, a maior preocupação de Paulo Bonamigo é o desgaste dos jogadores. ?Esses jogadores estão se dedicando muito e claramente vão sentir. O Vitória descansou todo mundo no final de semana, nós não podemos fazer isso?, afirmou Bona. ?Mas o Campeonato Paranaense é importantíssimo, nós temos interesse na conquista do título e para isso precisamos passar pelo Engenheiro Beltrão?, completou o técnico tricolor.
Agenda
O Paraná Clube vai passar o dia ?voando?. A saída de Salvador está marcada para o meio-dia, e tendo a sorte de não haver atrasos, a delegação chega a Curitiba às 18h. Logo depois os jogadores serão liberados, e a retomada dos trabalhos acontece na tarde de sexta-feira. Para o jogo decisivo de domingo, às 15h45, contra o Engenheiro Beltrão, na Vila Capanema, Bonamigo não poderá contar os suspensos Daniel Marques e Goiano, com o lesionado André Luiz e com Clênio, que não pode atuar no Campeonato Paranaense. Joelson, também machucado, é dúvida.
Sofrido até o último minuto
O símbolo da classificação do Paraná Clube para as oitavas-de-final da Copa do Brasil estava saindo praticamente arrastado do gramado do Estádio Manoel Barradas, o Barradão. Carregado pelo preparador de goleiros Renato Secco, o capitão Luís Henrique estava grogue. Ele não teve tontura, não teve um choque com qualquer adversário, nem levou uma bolada. Ele foi vencido pelo cansaço, pela entrega dele e de todo o time na partida contra o Vitória.
Partida que foi vencida mesmo com a derrota por 2×1. Com o resultado, e o empate no número de gols, valeu o gol marcado por Fábio Luís no primeiro tempo do jogo de ontem. ?Nós jogamos com o regulamento.
A competição tem uma regra e nós soubemos usá-la. A regra nos favorecia. Fizemos um gol e depois administramos a situação?, avaliou o zagueiro Daniel Marques, com uma boa dose de pragmatismo.
Para jogadores mais jovens, como Giuliano (o mais novo tricolor em campo), o jogo de ontem não foi tão calmo assim. Perguntado se o time sofreu nos últimos minutos da partida, o camisa 10 do Paraná não escondeu a reação. ?Na verdade, nós sofremos o jogo todo?, disse. ?Mas nós fomos inteligentes e tivemos muita determinação para conseguir a classificação?, completou o armador. ?Atuamos de acordo com o regulamento?, concordou o meia Cristian.
O herói da classificação, o ?Tanque? Fábio Luís, comemorou a eficiência do time. ?Quando estivemos bem na partida conseguimos o gol e a vaga. Depois tivemos muita raça para segurar o resultado?, afirmou. Agora, todos sabem que o desafio é grande – o Internacional, apontado pelos críticos como um dos melhores (senão o melhor) time do futebol brasileiro. ?Quando a Copa do Brasil afunila, só ficam os melhores. Será difícil, mas temos que fazer a nossa parte para conseguir passar por eles?, finalizou Daniel Marques.
