Sem alarde e admitindo o amplo favoritismo do adversário, o Paraná Clube quer se transformar na ?zebra? da rodada. Frente ao Corinthians – às 16h, no Pacaembu -, o Tricolor busca a reabilitação para continuar alimentando o sonho de pela primeira vez disputar a Libertadores. A meta é subverter os prognósticos, encostar nos líderes e, de quebra, ?embolar? o Brasileirão. O jogo põe frente a frente a defesa menos vazada (Paraná, 38 gols contra) e o ataque mais eficaz (Corinthians, 67 gols pró) da competição.
Com uma ?concentração oriental?, o Paraná quer se desligar do clima favorável ao Timão. Com mais de trinta mil vozes apoiando o líder do Brasileiro, o técnico Luiz Carlos Barbieri projeta um time focado no adversário, preciso na marcação e mortal nos contragolpes. ?Vamos fazer um grande jogo. Disso, não tenho dúvida?, disse o treinador. Sua confiança aumentou a partir da confirmação do retorno de alguns titulares, como o zagueiro Marcos, o lateral-esquerdo Edinho e o volante Mário César.
Sem desmerecer os suplentes, Barbieri sabe que nesta reta final utilizar força máxima pode fazer a diferença. Hoje, o único desfalque é Daniel Marques. O zagueiro cumpre suspensão pelo terceiro cartão amarelo e dá lugar a Neguete. Assim, o Paraná atuará mais uma vez no 3-5-2. É com essa estratégia que o Tricolor entrou em campo em todos os 32 jogos deste Brasileiro. Mesmo tendo ensaiado uma mudança – aplicada nas etapas finais de vários jogos -, Barbieri aposta no grande equilíbrio da equipe a partir da utilização de três zagueiros.
Ainda mais frente a um adversário tão perigoso.
?O Corinthians é o favorito ao título. Concordo com o que disse o Leão (técnico do Palmeiras): eles só perdem o campeonato se errarem muito?, comentou Barbieri.
E a missão do seu time, hoje, é induzir o Corinthians a esse erro. Para isso, cobrou maior eficiência no passe, como forma de administrar a pressão que o adversário vai tentar impor a partir do apito do árbitro. ?Vamos marcar, mas sem retranca?, avisou.
O Paraná tenta surpreender o Timão em seu reduto com um forte bloqueio em todos os setores. ?O encaixe da marcação será decisivo?, explicou Barbieri. O posicionamento do Tricolor para este jogo determinará duelos específicos. Os laterais Neto e Edinho, por exemplo, terão que vigiar os alas corintianos. Assim como os volantes Pierre e Mário César, encarregados de anular a criatividade do meio-de-campo adversário. ?Nossa marcação deve ocorrer mais à frente, para que eles também tenham que correr atrás dos nossos atacantes?, destacou o capitão Marcos. Ele volta ao time, recuperado de uma contratura muscular, e comanda a zaga neste confronto com os atacantes Tevez e Nilmar.
Pierre é o ?perdigueiro?
Toda equipe necessita – dizem os especialistas – de um carregador de piano. Ao longo deste Brasileiro, o Paraná já contou com diferentes volantes. De Éverton César e Beto (nas primeiras rodadas), até hoje, muitas duplas estiveram em campo. Rafael Muçamba e Beto tiveram, por exemplo, um comportamento exemplar ao longo do primeiro turno. No momento, Pierre e Mário César são os titulares, com Barbieri designando o ?perdigueiro? Pierre para marcações individuais sobre os principais articuladores rivais.
Foi assim contra Lúcio (Fortaleza), Caio (Coritiba), Petkovic (Fluminense) e Edmundo (Figueirense). Pierre acredita que seu sucesso nessas missões foi apenas parcial. ?Acho que fui bem contra Fortaleza e Fluminense. Mas, como o Caio e o Edmundo fizeram gols, não fiquei satisfeito?, comentou. Exigente, Pierre reconhece que na última partida, sua queda ocorreu junto com a equipe, que não rendeu o esperado. Hoje, Pierre deve colar em Roger. ?Como temos uma zaga firme para segurar os atacantes, fico sempre com a marcação sobre o principal jogador de criação?, explicou.
No Ituano, Pierre enfrentou o Corinthians no último Campeonato Paulista. ?Ficamos no 0x0 e naquele jogo em vigiei o Tevez?, lembrou. Para o volante, é importante o time não mais oscilar na competição. ?Só assim vamos chegar entre os primeiros colocados e atingir nossa meta?, frisou.
Pacaembu não dá muita sorte
O sonho da Libertadores ficou meio ofuscado após o tropeço em Florianópolis. Hoje, a meta é recuperar o alto astral e aumentar significativamente as possibilidades de classificação à maior competição do continente. Segundo o site www.chancedegol.com.br, as chances do Paraná Clube terminar o Brasileiro entre os quatro primeiros colocados são de 26,1%. Frente ao Timão, o Tricolor tenta também derrubar um tabu: jamais ter vencido o adversário atuando no Pacaembu.
Até hoje, foram realizados seis jogos no Estádio Paulo Machado de Carvalho, com total vantagem dos paulistas: cinco vitórias e um empate. A única vitória do Paraná sobre o Corinthians, em São Paulo, ocorreu no Brasileiro de 1997 (1×0), mas no Canindé. Esse domínio territorial confere ao Timão, também, a vantagem geral nos confrontos (8 vitórias, 7 empates e 3 derrotas). O fato curioso fica por conta do baixo número de gols marcados. Houve, nos 18 jogos, apenas duas vitórias com diferença de dois gols e pelo mesmo placar (3×1), sendo uma para cada lado.
Nos onze jogos com vencedor, nove foram pela diferença mínima – 1×0, cinco vezes; 2×1, três vezes; e 3×2, uma vez. Os empates também ocorreram com poucos gols, sendo quatro deles por 0x0 e outros três por 1×1. Se o Corinthians conta com o ataque mais eficiente, o Paraná aposta suas fichas no artilheiro Borges.
Com 16 gols, ele segue no encalço de Róbson, do Paysandu (21). ?O duro é que ele está marcando gol de tudo quanto é jeito, de cabeça, batendo falta. Daqui a pouco ele vai querer bater escanteio e chegar na área para cabecear?, brincou Borges.
CAMPEONATO BRASILEIRO
33.ª rodada
Local: Pacaembu (São Paulo).
Horário: 16h.
Árbitro: Djalma José Beltrami Teixeira (RJ).
Assistentes: Aristeu Leonardo Tavares (Fifa-RJ) e Hilton Moutinho Rodrigues (Fifa-RJ).
Corinthians x Paraná Clube
Corinthians
Fábio Costa; Eduardo, Marinho (Wescley), Betão e Gustavo Nery; Marcelo Mattos, Wendel, Rosinei e Roger; Carlitos Tevez e Nilmar. Técnico: Antônio Lopes.
Paraná
Flávio; Neguete, Marcos e Aderaldo; Neto, Pierre, Mário César, Éder e Edinho; Borges e André Dias. Técnico: Luiz Carlos Barbieri.