Parecia até início de temporada. De uma só vez o Paraná Clube apresentou ontem os seis novos reforços para a seqüência do Brasileirão. O volume de contratações surpreendeu, agitou a tarde em Vila Capanema e abriu novas perspectivas para o clube na competição. As transações vinham sendo articuladas pela diretoria há tempos e o término da fase classificatória da Série B foi o ?sinal verde? para a chegada do ?Pacotão Tricolor?.
?Era um projeto antigo. Tanto que os jogadores que chegaram já estavam nos planos antes mesmo do início do Brasileiro?, explicou o diretor de futebol Durval Lara Ribeiro. A afirmação do dirigente é sustentada por fatos ocorridos num passado recente. O volante Pierre disputou a Série A de 2003 pelo Paraná e a cada temporada seu retorno é sempre cogitado. Neguete, zagueiro experiente e versátil (já atuou também como líbero), só não veio em 2003 porque tinha uma pendência judicial com o Atlético Mineiro.
Também o meia Éder era um sonho antigo. No ano passado, o clube acertou com Canindé quando a transação com Éder fracassou. Além deste trio, o Paraná trouxe ainda o meia Sandro e os atacantes Fernando Gaúcho e Esley. ?Acho que estamos qualificando, e muito, o nosso elenco. Ainda acredito numa vaga à Libertadores e esse é o objetivo?, afirmou Vavá Ribeiro, mesmo reconhecendo a dificuldade de se atingir esta meta. ?Não será fácil, mas a competição está muito equilibrada e com estes jogadores daremos um salto de qualidade?, assegurou o dirigente.
Este foi também o discurso dos atletas. Alguns mais tímidos, outros mais experientes, mas com uma postura que pode ser resumida nas palavras de Neguete. ?Não chegamos para tomar o espaço de ninguém. Isso se conquista com treinamento. O importante é o Paraná vencer, pois assim todos saem ganhando?, frisou o zagueiro. Um fator que pode acelerar o entrosamento é o perfil dos atletas que estão chegando, muito parecido com aqueles contratados no início do Brasileiro.
?Sempre trabalhei assim.
Não adianta trazer jogador de renome. Quero guerreiros, jogadores que desejam vencer na vida?, sentenciou Ribeiro. Mostrando ser um líder natural, Neguete admitiu ser inusitado o fato de tantos jogadores chegarem a um time que está bem. ?Normalmente isso ocorre nas equipes que estão tentando escapar do rebaixamento?, comentou. ?Mas, vamos lá. Não tem bicho papão neste Brasileiro e se hoje estamos em 7.º
lugar, dá para buscar uma Libertadores, com certeza?, disse.
Mais do que resultado imediato, a diretoria tricolor dá sinais de que desta vez não incorrerá em erros do passado. Deste grupo – agora formado por 30 jogadores – muitos permanecerão para o estadual. ?Vamos segurar uma base. No mínimo uma espinha dorsal. O clube precisa voltar a disputar títulos e o Paranaense do próximo ano é nossa próxima meta. Uma equipe como a nossa não pode ficar de fora por tanto tempo da Copa do Brasil?, finalizou Vavá.
Sandro faz um treino e já pode ganhar uma vaga
Luiz Carlos Barbieri, sempre direto em suas afirmações, não teve receio em antecipar que recém-contratados – desde que com documentação regularizada – podem ser utilizados já no jogo de amanhã. O coletivo realizado pouco depois da apresentação só confirmou a posição do treinador. Neguete, Pierre e Sandro iniciaram a atividade entre os suplentes e, na segunda etapa do treino, o meia Sandro já foi lançado no time principal.
O jogador, maior aposta da diretoria paranista, foi o sexto reforço apresentado. Aos 21 anos, o cearense chega ao clube animado com a possibilidade de estrear na Série A. ?É a grande oportunidade da minha vida. Fiz um treino até razoável, mas há muito o que melhorar?, avisou o jogador.
Sandro disputou a Série B pelo Ituano e diz ser um meia-ofensivo, que busca sempre aproximação com os atacantes e finaliza bem. Como todos os reforços estavam atuando, não haverá necessidade de um período para adaptações físicas. ?É treinar forte e mostrar serviço para o treinador. O resto é com ele?, disse Sandro, que ontem entrou na vaga de Thiago Neves.
Para o jogo de amanhã, além do goleiro Flávio (lesionado) e do zagueiro Daniel Marques (suspenso), o técnico não poderá contar com Beto. O capitão foi vetado pelo departamento médico devido a uma distensão na panturrilha. Barbieri escalou Mário César na posição e o time treinou com Darci; João Paulo, Marcos e Aderaldo; Neto, Rafael Muçamba, Mário César, Thiago Neves (Sandro) e Vicente; André Dias e Borges. Ainda com dores devido a uma tendinite, André Dias saiu de campo mais cedo e então Thiago Neves voltou ao time.