Paraná Clube apenas empata e se despede da Libertadores

Antes de qualquer coisa: na avaliação geral, o Paraná fez bonito na Copa Libertadores da América. Fez mais do que muitos acreditavam – passou pela primeira fase, eliminando o Cobreloa, e depois classificando-se no grupo 5 (junto com Flamengo). Ontem, terminou a caminhada continental do Tricolor, no empate em 1×1 com o Libertad, no Defensores del Chaco, em Assunção. Mas foi um time que chegou mais longe do que se previa.

Dito isto, é inevitável falar que faltou muito para o Paraná conseguir a vaga – que lhe daria o direito de enfrentar o Boca Juniors nas quartas-de-final. E falta muito para o Tricolor voltar a render o que dele se espera depois do ótimo início de temporada. Ontem, o time foi irreconhecível no primeiro tempo, sem conseguir chegar ao gol de Bava. O primeiro arremate foi aos 43 minutos (Joelson para fora), o primeiro escanteio aos 15? da segunda etapa e a primeira defesa do goleiro do Libertad aos 24 minutos.

Errando muitos passes e aceitando passivamente a marcação dos donos da casa, o Paraná foi presa fácil na primeira etapa. O gol paraguaio veio logo a 12 minutos, na jogada de Roberto Gamarra, que chutou forte. Flávio tentou rebater e acabou mandando a bola para dentro do gol. Dinelson, Vinícius Pacheco e Josiel estavam anulados pela marcação e o time não chegava no campo ofensivo. Parecia um final melancólico para a campanha tricolor.

No intervalo, Zetti fez o que ninguém imaginava – sacou Dinelson e colocou Lima. O Paraná melhorou bastante e começou a criar chances. Josiel teve uma chance incrível ao receber um presente da zaga paraguaia. Mas, ao invés de tentar o gol, pensou em cavar o pênalti e perdeu a jogada. No abafa, o Tricolor empatou em uma cobrança de falta perfeita de Joelson, aos 39 minutos.

Havia chance, mas o tempo era escasso. Os visitantes se lançaram em definitivo ao ataque para conseguir o gol que levaria a decisão para os pênaltis. Na empolgação, Vinícius Pacheco acabou atingindo o zagueiro Sarabia e foi expulso. Um golpe duro demais na reta final do jogo. Apesar da luta, o Paraná foi eliminado. Mas caiu de pé, e encerrou com dignidade sua primeira participação no maior torneio interclubes do continente.

COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA
OITAVAS-DE-FINAL – JOGO DE VOLTA
Súmula
Local: Defensores del Chaco (Assunção-PAR)
Árbitro: Rubén Selman (CHI)
Assistentes: Enrique Osses (CHI) e Lorenzo Acuña (CHI)
Gols: Roberto Gamarra 12 do 1º; Joelson 39 do 2º
Cartões amarelos: Balbuena (LIB); Beto, Daniel Marques, Léo Matos, Toninho, Joelson (PR)
Cartão vermelho: Vinícius Pacheco
Renda: 17,3 milhões de guaranis (aproximadamente R$ 6.900,00)
Público: 1.554 pagantes

LIBERTAD 1×1 PARANÁ CLUBE

LIBERTAD
Bava; Bonet, Ricardo Martínez, Sarabia e Balbuena; Aquino (Marín – 32 do 2º), Cáceres, Riveros e Guiñazú (Bareiro – 41 do 2º); Roberto Gamarra (Osvaldo Martínez – 10 do 2º) e Rodrigo López. Técnico: Sergio Markarián

PARANÁ
Flávio; Léo Matos (Gérson – 46 do 2º), Daniel Marques, Toninho e Egídio (João Paulo – 32 do 1º); Xaves, Beto, Joelson e Dinelson (Lima – intervalo); Vinícius Pacheco e Josiel.  Técnico: Zetti

O Paraná Clube não ficou abandonado na partida com o Libertad. Cerca de 30 torcedores, oriundos de várias cidades, vieram ao Defensores del Chaco dar força ao time.

Cerca de 15 deles chegaram ainda ontem, no mesmo vôo que trouxe conselheiros, funcionários e parentes de diretores. A arquibancada dos visitantes teve até dois ex-presidentes paranistas – Aramis Tissot e Ocimar Bolicenho, que mostravam otimismo antes do jogo. ?A torcida do Libertad é pequena e o time teve resultados apertados em casa. Ninguém aqui jogou a toalha?, disse Ocimar.

Uma semana atrás, a mobilização dos tricolores para ?invadir? a capital paraguaia parecia intensa, mas os maus resultados esfriaram a torcida. ?Muita gente desistiu por causa dos maus resultados?, falou Carlos Alexandre Jonck, organizador de uma excursão da torcida Paran@utas que acabou abortada pela baixa procura – o mesmo ocorreu com a caravana da Fúria Independente. Havia ainda paranistas que vieram por conta própria de Londrina, Maringá e São Paulo.

Ainda que em pequeno número, os paranistas podiam ser ouvidos com nitidez no começo da partida, mas desanimaram com o gol. Só voltaram a gritar nos momentos de pressão do time tricolor e principalmente depois do gol de Joelson. Ao final da partida, continuaram cantando o nome do time, em reconhecimento à atuação no segundo tempo.

Sem tempo pra lamentações, domingo Paraná recebe o Grêmio

Carlos Simon

A Libertadores 2007 ficou marcada na história do Paraná Clube, mas já é passado. O Brasileirão começa no domingo para o Tricolor, que pega o Grêmio na Vila Capanema, e a diretoria não esconde a preocupação por causa da dificuldade em qualificar o elenco.

Até agora, apenas dois reforços chegaram para a competição – o zagueiro Luiz Henrique e o volante Adriano, além do lateral-esquerdo Márcio Careca, que veio há dois meses mas ainda não estreou.

O clube busca pelo menos mais dois atacantes e um meio-campista, mas reconhece que a disputa por revelações é sofrida. ?O mercado está concorrido e muitos clubes ou empresários aproveitam para inflacionar?, disse o vice-presidente José Domingos, que durante a passagem do Tricolor pelo Paraguai gastou algumas ligações internacionais para o Brasil tentando fechar novos acordos.

O próprio sucesso nos últimos anos do Paraná, que mesmo com orçamento curto montou bons times garimpando jogadores em clubes do interior do País, incentivou adversários a fazerem o mesmo.

As principais revelações dos estaduais têm sido disputadas com unhas e dentes pelos clubes das séries A e B. O Tricolor acaba de perder, por exemplo, o atacante Vítor Hugo, ex-Veranópolis (RS), para o Náutico. ?Até dois ou três anos atrás, dezenas de procuradores nos ligavam oferecendo jogadores. Hoje isso não ocorre mais?, conta José Domingos.

Com tanta concorrência, o Paraná já admite investir mais do que planejava para completar as peças restantes no elenco. ?Talvez necessitemos de um sacrifício financeiro extra?, falou o vice-presidente.

Saída com a cabeça erguida

Fora da Copa Libertadores, mas com moral elevada. O Paraná Clube deixou o Defensores del Chaco enaltecendo a própria conduta na competição, principalmente pela atuação no segundo tempo diante do Libertad – quando a chance de chegar às quartas-de-final escapou por um fio.

Para o capitão Beto, o time mostrou que poderia ter chegado mais longe. ?Muita gente não acreditava numa boa campanha. Vai ficar marcada na história a luta da equipe?, falou o jogador. O presidente José Carlos de Miranda também disse que a frustração pela eliminação foi compensada pelo papel satisfatório para um clube que disputava sua primeira Libertadores.

Zetti adotou discurso semelhante, exaltando a pressão do segundo tempo, quando o time atuou com três zagueiros. O técnico revelou, porém, que a mudança tática foi forçada pela contusão de Egídio – Dinelson também teve que ser substituído por questão física. ?Perdemos muitas chances, mas não há o que lamentar. Foi uma boa participação?, falou.

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