Ontem foi o dia de juntar os cacos na Vila Capanema. Com o fantasma do torneio da morte cada vez mais próximo, o técnico Saulo de Freitas mais uma vez lamentou a falta de qualidade de seu grupo.
“Não tem como mudar o discurso porque estamos a duas rodadas do final da primeira fase e a diretoria ainda está buscando reforços. E não está sendo fácil”, disse. A lamentar, o treinador tem a inutilidade que teve o projeto entregue por ele feito em outubro do ano passado. “Como fizemos um bom campeonato brasileiro, o ideal seria manter a base e ir lançando os pratas-da-casa aos poucos. Mas a diretoria optou por conter despesas. E agora ficou claro que vai sair mais caro reforçar o time agora do que teria sido manter os principais jogadores do ano passado”, diz.
Saulo não se redime da culpa pelas contratações, uma vez que indicou alguns dos contratados que já foram dispensados. “Indiquei jogadores que tinham boas referências, mas que estavam fora de combate há algum tempo”, assume o treinador.
No entendimento da comissão técnica e da diretoria de futebol, o ideal seria contratar seis atletas: dois laterais, dois meias, um volante e um atacante. Entretanto, a diretoria já adiantou que não tem como investir mais do que em dois atletas, pelo menos por ora. Apesar do sigilo da diretoria, especula-se que os reforços para o ataque venham do Atlético de Sorocaba. Luciano Henrique e Da Silva estão na mira do clube e o piauense Leonardo, ex-Sport, voltou a ser assunto na Vila Capanema ontem à tarde.
Esperança ameaça se mandar
No campeonato paranaense de 2004, o Paraná Clube está contrariando o princípio básico do futebol, que é marcar gols. Após a partida contra o Atlético Paranaense, no último domingo, o Tricolor completou 450 minutos sem marcar, chegando à pior marca de sua história. A persistência da marca negativa faz com que o site oficial do clube ainda mantenha no ar uma enquete que seria curiosa, não fosse trágica. Quem marcará o primeiro gol do time no campeonato? Certamente, os torcedores não esperavam que na quinta rodada ainda tivessem oportunidade de opinar.
A decepção da torcida tricolor com a inoperância do ataque é tanta que quem lidera a pesquisa, com 51%, é Fábio, que sequer estreou com a camisa do clube. Ele ainda espera a autorização de seu registro por parte da Confederação Boliviana de Futebol. “Saber dessa esperança que a torcida deposita em mim só me deixa ainda com mais vontade de jogar”, diz o jogador, que perdeu as contas de quantos gols fez nos treinamentos da semana passada. Entretanto, Fábio já perdeu a paciência com os dirigentes bolivianos, responsáveis diretos por sua ausência no time titular no clássico de domingo. Ontem, ele garante ter “rodado a baiana” para forçar a agilidade em seu processo. “Agora larguei. Vim para jogar e não para resolver problemas administrativos. Se a situação não se resolver essa semana, vou ser obrigado a pegar minhas coisas e ir embora”, dispara. Afinal, faltam apenas duas partidas para o término da primeira fase. Partidas essas que serão determinantes para salvar o time da disputa do torneio da morte.
Mesmo sem poder entrar em campo, Fábio fez questão de acompanhar a partida nas cadeiras da Arena da Baixada e fez uma analisa fria do desempenho do time. “A defesa foi bem. Mas não tem como a equipe ficar apenas se defendendo. Tem que colocar o coração no bico da chuteira e partir para cima, com a cabeça erguida e com orgulho”, diz. Diferente de alguns dirigentes, Fábio não passa a mão na cabeça da gurizada. “No Atlético também tem gurizada e eles seguram a pressão. Nós também podemos segurar, pois depende apenas de brigar, bater, jogar e resolver.” O atacante fala com conhecimento de causa. Quando chegou no Mariscal Braw, da Bolívia, a sua equipe estava na segunda divisão. “Assumimos um compromisso e levamos o time para a primeira. Tem que ter orgulho próprio.”