Três jogos, três derrotas. Por mais pacientes que sejam torcedores e até mesmo dirigentes do Paraná Clube, o rendimento do time sob comando de Luiz Carlos Barbieri é preocupante. Ontem, em Campinas, o time não conseguiu passar pela frágil Ponte Preta, perdeu por 1×0 e consolidou o pior momento tricolor no campeonato brasileiro – uma combinação de resultados pode derrubar a equipe na tabela. A pressão sobre a comissão técnica paranista é cada vez mais forte, e pode ficar insustentável.
Para Barbieri, o jogo representava um reencontro e um desafio. Reencontro porque estava de novo em Campinas, onde fez grande parte da carreira como jogador e iniciou como treinador. E desafio porque ele sabia da necessidade da vitória – após dois jogos no comando do Paraná, Barbieri já se sentia ameaçado pelas derrotas.
Com tudo isso, era de se esperar um Paraná agressivo desde os primeiros minutos. E foi o que aconteceu – os tricolores tomaram conta do congestionado meio-campo e buscaram o gol no início da partida. Borges teve duas boas chances – uma concluindo com perigo e outra deixando André Dias livre. O centroavante errou e Neto perdeu no rebote. Era um desperdício imperdoável.
Depois de dez minutos de pressão paranista, o jogo caiu brutalmente de produção. A queda era proporcional à inoperância de Thiago Neves, que até começou bem, mas depois "desapareceu". A Ponte Preta não era perigosa – só chegava em falhas do Paraná, como quando Marcos quase fez gol contra. A torcida só se manifestou (e de forma violenta) quando um torcedor atirou um copo plástico no assistente Ênio Ferreira de Carvalho. O cidadão acabou agredido por outros torcedores, e foi detido logo depois. Ele certamente não viu um dos lances mais bizarros do Brasileirão: após receber cruzamento da esquerda, o centroavante ponte-pretano Tico (formado nas categorias de base do Paraná) perdeu um gol incrível. Sem goleiro, a menos de um metro da trave, de frente para a meta, ele conseguiu tocar por cima.
O Paraná voltou com alteração no segundo tempo – Sandro, fazendo sua estréia, entrou no lugar de Thiago Neves. A Ponte voltou com duas – e a entrada de Izaías mostrava que os donos da casa partiriam para cima. E o posicionamento ofensivo da Macaca surtiu efeito logo a sete minutos, quando Tico, aquele que perdeu um gol inacreditável, subiu sozinho para cabecear e abrir o placar. Esperava-se que a partir dali o tricolor se mandasse para frente, mas isso não aconteceu.
Muito pelo contrário. Viu-se um time amarrado, sem criatividade (Sandro não luziu), e principalmente inofensivo. Em quase quarenta minutos, o goleiro Lauro não precisou fazer uma única defesa. Em dado momento, Barbieri desistiu até mesmo de passar instruções. Sem ameaçar, os visitantes facilitaram a vida da Ponte, que venceu a segunda consecutiva e se reaproximou das primeiras posições. Para a torcida paranista, sobrou a tensão cada vez maior de ver seu time parecer uma nau sem rumo.
CAMPEONATO BRASILEIRO
PONTE PRETA 1×0 PARANÁ CLUBE
Ponte Preta: Lauro; Luciano Baiano (Rissut), Galeano, Preto e Bruno; Ângelo, Everton, Rafael Ueta (Izaías), Elson e Danilo (Romeu); Tico. Técnico: Estevam Soares
Paraná: Darci; João Paulo, Aderaldo e Marcos; Neto, Mário César (Maicosuel), Rafael Muçamba, Thiago Neves (Sandro) e Vicente; André Dias (Wellington Paulista) e Borges. Técnico: Luiz Carlos Barbieri
Súmula
Local: Moisés Lucarelli (Campinas-SP)
Árbitro: Jamir Carlos Garcez (DF)
Assistentes: Marrubson Mello Freitas e Ênio Ferreira de Carvalho (DF)
Gol: Tico 7 do 2º
Cartões amarelos: Rafael Ueta, Everton, Danilo, Romeu (PP); Neto, Aderaldo (PR)
Renda e público: não divulgados