O Paraná Clube deu um show de bola ontem no Pinheirão e arrasou o Atlético por 3 a 0 no primeiro clássico do campeonato brasileiro. Com o resultado, o Tricolor assumiu a supremacia nas estatísticas da história de confrontos entre as duas equipes e, de quebra, a liderança da competição. Numa partida marcada por estréias, o Rubro-Negro teve que amargar ver um de seus maiores heróis bloquear a trave adversária e ser responsável direto pela vitória de sua equipe. Agora, o time da Vila vai até Campinas enfrentar o Guarani, enquanto o Furacão recebe o Galo na Arena. Os dois confrontos serão realizados no próximo final de semana.
As duas equipes estrearam bem no Brasileirão e prometiam uma grande partida. A promessa foi cumprida parcialmente. O Paraná Clube entrou no espírito do jogo e jogou como se fosse uma decisão. Do outro lado, o Atlético estava mais para amistoso do que competição de pontos corridos. Foi envolvido desde o início e não soube sair da forte marcação. Para piorar, encontrou o goleiro Flávio diante da meta e estava sem Cocito na meia-cancha. O cartão de visitas do Pantera foi dado logo no início. O meia Fabrício cobrou forte uma falta, que o goleirão espalmou para fora mostrando que ainda está em plena forma.
Seria a tônica da partida. Nas poucas chances que tinha, Flávio estava lá para segurar o ímpeto atleticano. Do outro lado a defesa facilitava e o rápido ataque paranista aproveitava para incendiar a arquibancada. Numa dessas, Renaldo recebeu dentro da área e teve todo o tempo do mundo para encontrar Fernandinho desmarcado. O estreante só escolheu o canto para abrir o marcador. Mesmo perdendo, o Atlético ainda tentou equilibrar as ações, mas o meio-campo criava pouco e o ataque desperdiçava as poucas oportunidades que tinha.
Sem pena do adversário, que voltou a ficar sem pontaria, o Tricolor voltou a pressionar. E a defesa atleticana a errar. Num cruzamento de Fabinho, a bola cruzou a área e sobrou para Renaldo só cumprimentar de cabeça. Nova explosão no Pinheirão. Perdendo de dois, coube ao técnico Cuca manter a pegada do time enquanto Osvaldo Alvarez tentou reanimar sua equipe. “Temos que correr atrás e aproveitar as chances que tivermos”, pediu Vadão. Não deu certo.
O Paraná voltou atuando da mesma forma e mais uma vez chegou ao gol adversário. Com poucos minutos, Renaldo apanha uma bola e passa de calcanhar para Marquinhos entrar na área e tocar na saída de Diego. Perdendo de três, Vadão tentou uma cartada final e tirou Fabrício e Ilan para dar novo gás à sua equipe. Entraram Fernando e Fabinho, mas a situação não se alterou muito. A falta de criatividade para furar o bloqueio paranista se manteve e, quando a defesa era suplantada, Flávio estava lá para segurar os atleticanos. O time da Vila ainda ficou com um jogador a menos após a expulsão de Éverton. Mesmo assim, ainda foi mais perigoso e só não aumentou a goleada porque Diego defendeu um pênalti no final da partida, cobrado por Fernandinho.
Três vezes vingado
Lucas Duarte
Uma estréia de arrepiar. Jogando como nos bons tempos de Atlético Paranaense, o goleirão Flávio demorou apenas uma partida para cair definitivamente na graças do torcedor paranista. E que partida fez o “Pantera”. Nem mesmo ele imaginava que seu retorno aos gramados fosse tão excepcional. “Eu sempre penso em fazer um bom jogo, mas esse vai ficar para sempre na minha memória”, disse. “O melhor mesmo foi que todos jogaram muito bem”, completou.
Nem mesmo as vaias e xingamentos da torcida rubro-negra ao final do segundo tempo do clássico de ontem desanimaram o goleiro paranista. “Isso é normal, eles estão apoiando a equipe deles. Mas não é por isso que vou ficar nervoso com uma torcida que já me deu grandes alegrias”. Flávio também fez questão de novamente lembrar a todos que a saída do Atlético foi por desavenças com a diretoria e não com o torcedor. Ao ser questionado se sua atuação serviu de resposta para essa mesma diretoria, Flávio foi irônico. “Isso eu deixo para eles mesmos analisarem”.
Mas o que o goleirão – agora tricolor – prefere curtir mesmo é o novo momento que está passando. “Realmente estou motivado e essa estréia com o pé-direito faz com que eu tenha mais vontade para os jogos que ainda virão”. Outro fato que o Pantera fez questão de ressaltar nesta sua estréia em grande estilo foi o carinho recebido pelo torcedor que até pouco tempo atrás era considerado “inimigo”. “Estou muito emocionado com o incentivo que recebi do torcedor do Paraná e agradeço a Deus por isso”.
Flávio deixou o gramado aplaudido de pé e com seu nome gritado em coro pela torcida tricolor. A atuação dele na convincente vitória do Paraná Clube na tarde de ontem, não deixa qualquer dúvida sobre sua qualidade técnica atual.
Local: Pinheirão
Arbitragem: Paulo César de Oliveira (Fifa-SP), auxiliado por Roberto Braatz (PR) e Gílson Pereira (PR)
Gol: Fernandinho aos 10 e Renaldo aos 24 do 1.º tempo; Marquinhos aos 7 do 2.º tempo
Cartão amarelo: F. Miguel, Ígor, Ageu, Marquinhos, Adriano, Diego
Expulsão: Éverton
PARANÁ CLUBE
3X0
ATLÉTICO
PARANÁ
Flávio
Mílton
C. Avalos (S. Blum)
Ageu
Fabinho
F. Miguel (C. Romero)
Goiano
Fernandinho
Marquinhos
Caio
Renaldo (Éverton)
Técnico: Cuca
ATLÉTICO
Diego
Alessandro
Ígor
R. Correia
Ivan
Leomar (L. Santos)
Rodrigo
Fabrício (Fernando)
Adriano
Ilan (Fabinho)
Dagoberto
Técnico: Osvaldo Alvarez
