Na Vila Capanema, a palavra da moda é classificação. Mesmo que o time
precise vencer os quatro jogos que restam para depender apenas dos
próprios esforços para chegar à próxima fase, é só essa palavra que é
permitida.
No entanto, não há como negar que o time da Vila já se encontra entre o
céu e o inferno. Se vencer o Cianorte domingo, mantém a esperança de
chegar à próxima fase. Mas se perder e o União ganhar, o Tricolor
assume a lanterna do grupo A e passa a lutar contra o rebaixamento. A
pequena diferença de dois pontos em relação ao time do União já chama a
atenção.
No entanto, os jogadores preferem nem tocar no assunto. E não é para
tentar mascarar o problema. Diferente do que aconteceu nos anos
anteriores, o abatimento sobre um possível rebaixamento não existe.
?É natural que não exista, pois ainda temos chances claras de
classificação. E o que é melhor, desde que Lori assumiu, não perdemos?,
diz o confiante goleiro Flávio.
Aliás, a melhora no desempenho do time, mesmo que todos reconheçam que
ainda está longe do ideal, deixa todos na Vila mais otimistas. ?Se o
time continuasse jogando mal como há quatro, cinco rodadas, teríamos o
que temer. Mas mostramos muita evolução nos últimos jogos?, afirma o
volante Beto.
Mas para o clima continuar ameno na Vila, todos reconhecem que o único
resultado permitido no domingo é uma vitória diante do Cianorte. ?Com
respeito ao União, já era para vencermos no final de semana. Agora,
temos que fazer o serviço contra o Cianorte, mesmo reconhecendo que é
um dos times mais fortes do grupo.? De fato, a tarefa não será fácil.
Mas pelo menos no quesito obstinação, o time já está dando de goleada.
Tricolor dispensou mais três
No início da semana, o supervisor do Paraná, Ricardo Machado Lima,
ficou bastante irritado com as especulações em torno de uma lista de
dispensa do Paraná. Mesmo com a afirmação do técnico Lori Sandri de que
havia necessidade de enxugar o elenco, os dirigentes tentaram apagar o
"boato" e inclusive, dias mais tarde, o treinador preferiu não tocar
mais no assunto.
Entretanto, valeu a colocação inicial de Lori e, oficialmente, o clube
anunciou o desligamento de três jogadores: os meias André Chu e
Alberoni e o atacante Juan, que sequer foi registrado.
O primeiro da lista era carta marcada. Indicado pelo ex-treinador,
Paulo Campos, com quem trabalhou no Palmeiras, o jogador foi lançado
"na fogueira". Sem jogar a quase seis meses, foi escalado como titular
e logo se ressentiu da falta de ritmo de jogo. O baixo rendimento
acabou fazendo com que o torcedores fizessem dele o alvo direto das
críticas. Então, talvez para preservar o atleta, Campos o tirou do
time, até que estivesse no ritmo ideal de jogo. Não deu tempo. O
"padrinho" acabou deixando o comando técnico e Chu caiu no esquecimento
com o novo treinador, Lori Sandri. No treino da última quarta-feira,
Sandri ainda deu uma derradeira chance para o jogador, mas, ao que
parece, o desempenho no coletivo não foi o suficiente. Ontem, ele
sequer estava na Vila Capanema no período da tarde.
Diferente de Alberoni, que ficou sabendo do desligamento à tarde.
Bastante chateado, ele preferiu não falar. "Ainda não assinei nada",
disse. Depois, num tom mais calmo, indagou aos repórteres. "Fui mal nas
vezes em que joguei?", queria saber. Na verdade, ele teve três chances
de jogar e teve um rendimento razoável. Mas o treinador deve ter tido
as razões dele.
Confusão
Ao menos, Chu e Alberoni puderam jogar. Lamentável mesmo é a história
do atacante argentino Juan, que não recebeu um centavo do clube desde
que chegou, em janeiro, e sequer teve seu contrato registrado. "Eles
assinaram contrato comigo no final de janeiro, mas a cada dia o visto
demorava mais. Pelo que sei, não saiu até agora", lamentou o jogador,
que conquistou a todos com sua simpatia, contrariando a má fama dos
argentinos. Cabisbaixo, ele só lamentava o fato de não ter tido tempo
para mostrar o seu valor. "Queria ter jogado ao menos cinco minutos
para mostrar meu futebol. Só isso."
Juan é o típico exemplo de jogador que chega ao clube por indicação de
terceiros para fazer testes. depois de uma semana treinando, ele foi
aprovado pelo então técnico Paulo Campos. Só que o grande problema foi
com a diretoria. Segundo circula nos bastidores, o grande número de
ações trabalhistas contra o tricolor impediram o clube de conseguir o
visto de trabalho do argentino. Agora, Juan volta para o seu país e
deve acertar com o clube que o revelou, o Temperle.