Walter Alves
Juliano vai reforçar a zaga para
tentar somar um ponto em Porto Alegre.

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O Paraná Clube terá um novo plano tático para o jogo desta tarde, em Porto Alegre. O técnico Otacílio Gonçalves recorre ao 3-5-2 para tentar um maior equilíbrio defensivo frente ao Internacional, no estádio Beira-Rio. A estratégia já foi usada com relativo sucesso no passado e mesmo o atual treinador utilizava um sistema similar, mas “disfarçado”. O volante Sidnei vinha executando as funções de um líbero, mas agora o Tricolor passa a atuar com três zagueiros específicos. A novidade é a presença do garoto Juliano, 19 anos, oriundo das categorias de base, que estréia no Brasileirão-2002.

A reformulação da defesa é uma alternativa para por fim à “síndrome do pijama”. O Paraná Clube já igualou seu recorde negativo em campeonatos nacionais ao ser derrotado pelo Corinthians. São seis jogos consecutivos fora de casa sem somar um ponto sequer. A situação – que já era preocupante – se agravou a partir da derrota para o Guarani, em Curitiba. “Para sair da crise, só há uma resposta: vitória”, comentou Otacílio Gonçalves. O treinador se diz “vacinado” contra estas pressões inerentes ao futebol. “Não me deixo abater. Mas, é importante dar tranqüilidade ao grupo e trabalhar muito para tirar o clube desta situação”.

A nova formação foi testada ontem pela manhã, em um rápido treino tático. Foram apenas trinta minutos de bola rolando, onde a comissão técnica procurou fixar os jogadores ao novo perfil. “Não há nenhuma alteração profunda. Somente alguns detalhes que foram corrigidos”, disse Juliano. Destaque da equipe na excursão à Ucrânia, em junho, ele é o único zagueiro do atual elenco que ainda não participou da competição. O setor defensivo vem sendo alvo de muitas críticas, pois os 22 gols sofridos afetam diretamente a campanha do time. O Paraná ocupa a 23a. colocação – com 10 pontos ganhos – e não consegue sair da zona de rebaixamento. “Sei que o momento não é bom, mas isso não me assusta. Estou pronto para agarrar essa chance”, avisou Juliano.

Contrastando com as oscilações defensivas, o Paraná apresenta um ataque positivo, que já marcou 20 gols. E hoje, terá a volta de Maurílio, totalmente recuperado de uma lesão muscular na coxa esquerda. O capitão atuou frente ao Atlético Mineiro sem as reais condições físicas e isso comprometeu seu rendimento. “Não consegui sequer bater as faltas com eficiência”, reconhece. Nos últimos dias, ele mostrou que está em plena forma. Nos treinos, recuperou o índice de aproveitamento nas cobranças de faltas e escanteios. “Numa competição tão equilibrada, estes lances decidem um jogo. E o Paraná está precisando de um resultado que impulsione a nossa reação”, explicou o atacante.

Dois reforços para a zaga

Os sucessivos tropeços e a ameaça do rebaixamento fizeram a diretoria do Paraná Clube repensar sua política de não buscar reforços para este Brasileirão. Dois novos jogadores serão apresentados na próxima segunda-feira. A decisão foi tomada após a reunião de quinta-feira. Apesar das poucas opções e da falta de recursos, o objetivo é reforçar a zaga, setor mais carente do time desde o início da competição. Para Otacílio Gonçalves, esta é uma situação esperada, pois o Tricolor sofreu profunda alteração na sua defesa.

“No primeiro semestre, jogavam André, Hélcio e Ageu. Nenhum deles ficou e conseguir ajustar todo um setor em pleno Brasileiro não é fácil”, disse o treinador paranista. Após 12 jogos, apenas Cristiano Ávalos conseguiu se firmar. Porém, ele sofreu uma séria lesão muscular e ficará mais três semanas fora. Este foi outro motivo que levou os dirigentes a ir “às compras”. Rodrigão, Xandão e Fábio Luís não renderam o esperado e tendem a sair do time a partir da vinda destes reforços. O clube aposta ainda na qualidade do garoto Juliano, que hoje faz a sua estréia.

O superintendente de futebol Ocimar Bolicenho preferiu não antecipar nomes e disse apenas ter feito uma série de contatos nos últimos dias. A prioridade é um quarto-zagueiro, com o seguinte perfil: “deve ser um jogador experiente e que esteja em plena forma, atuando normalmente para que não precise de tempo para adaptações”, explicou. Por dedução, os zagueiros que o clube pretende devem estar em ação na Série B do campeonato brasileiro.

Além destes reforços, o Tricolor promoverá a reintegração de Édson, que estava treinando à parte. O jogador, também formado nas categorias de base do clube, teve boa passagem pelo Grêmio Maringá, ano passado, mas não conseguiu se firmar no elenco tricolor no primeiro semestre. “Vamos processar estes ajustes, mas sem mudar nosso perfil financeiro”, garantiu Ocimar Bolicenho.

Tricolor paga para jogar

Com a penhora de toda a renda do jogo contra a Portuguesa, o Coritiba vivenciou a dura realidade de ter que pagar para jogar. Apesar de ter seu próprio estádio, o que isenta o alviverde de pagamento de aluguel, há uma infinidade de despesas obrigatórias para a realização dos jogos – que geralmente são pagas com parte da renda.

As taxas de exame antidoping, por exemplo, consomem R$ 2.400,00. Com arbitragem, que inclui passagens aéreas, hospedagem e seguro, em média são gastos mais R$ 7 mil. Há ainda seguro obrigatório ao torcedor – R$0,15 por ingresso vendido, pagamento do representante da FPF (R$ 300,00), despesas com porteiros, bilheteiros, iluminação e seguranças. “Sem a renda, pagamos para entrar em campo”, diz Gionédis.

Outro clube que vive dias difíceis para bancar o espetáculo do futebol é o Paraná Clube, que com a pífia campanha tem afastado os torcedores do estádio. Mesmo não tendo sua renda confiscada pela Justiça, na última partida realizada em casa, contra o Guarani, a renda de R$9.996,00 não cobriu nem de longe os gastos com a partida, que chegaram a R$ 19.840,00. “Antes do campeonato prevíamos que com pelo menos 5 mil torcedores por jogo conseguiríamos manter as contas em dia. Com apenas mil, não dá nem para sonhar. Jogar em casa é prejuízo certo”, lamenta o superintendente de futebol do Paraná Clube, Ocimar Bolicenho. Com a cota do patrocinador já reduzida, o Tricolor não tem esperanças de um sensibilização por parte dos comandantes do futebol. “A tendência é que tirem cada vez mais. E salve-se quem puder”.

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