Paraná abre a 9.ª rodada depois das miniférias

O Paraná Clube abre a rodada que marca o recomeço da disputa do Brasileirão hoje à tarde, contra o Botafogo, no Pinheirão. Após uma parada técnica de quinze dias da competição em função dos jogos da seleção brasileira – contra Argentina e Chile – a bola volta a rolar no Pinheirão e a expectativa da diretoria é levar um bom público ao estádio.

Na última rodada disputada em casa – derrota para a Ponte Preta por 1 a 0 – foi registrado o menor público em casa até agora. Contra a Macaca, apenas 3.440 torcedores compareceram ao estádio para assistir à primeira derrota do time em casa.

Tentando reverter esse decréscimo na arrecadação, diretamente ligados aos últimos resultados – o Paraná vem de duas derrotas -, a diretoria movimentou as bilheterias desde segunda-feira e espera que o retorno da competição sirva como chamariz. Especialmente com a expectativa de resultados melhores, depois da equipe ter ficado dez dias em concentração total na cidade de Piratuba, no interior de Santa Catarina. O “retiro” serviu para o treinador fazer alguns ajustes no time, que pormetem deixar o Paraná mais criativo no setor ofensivo. Foi justamente essa ausência de criatividade na frente que prejudicou o time nos últimos compromissos. Além disso, será a volta ao time do zagueiro Baresi.

O “novo” Paraná terá como primeiro adversário o laterna do campeonato. Quando se fala em último colocado na tabela, pode-se pensar que a tarefa é fácil, já que o time carioca não venceu ainda nesse campeonato. Some-se à péssima campanha do Fogão o fato de ser considerado um time “grande” e a lembrança de que o Paraná bateu todos os grandes que surgiram até agora. Pontos favoráveis para a equipe recomeçar o campeonato somando três pontos em casa. Entretanto, não há como esconder que o time carioca, desesperado, pode ser muito perigoso, especialmente jogando longe da cobrança da torcida.

Na busca por mais qualidade, o técnico Paulo Campos decidiu alterar a estrutura tática do Paraná Clube. Nada muito drástico, mas a partir do jogo desta tarde – às 16h, no Pinheirão – frente ao Botafogo, o tricolor deixa de utilizar dois atacantes.

Com mais um meia-ofensivo aproximando-se de Galvão, o treinador espera um time com maior posse de bola, coeso e criativo. Após duas semanas de treinamentos, essa nova disposição só foi testada – com relativo sucesso – por aproximadamente quarenta minutos.

Durante toda a intertemporada em Piratuba, Paulo Campos procurou melhorar o posicionamento do meio-de-campo. Sacou Wiliam e Fernando para a entrada de Marcel e João Vítor. A estratégia era fortalecer a marcação, contando com a vitalidade de João Vítor, para aumentar a posse de bola e o índice de aproveitamento em rebotes ofensivos e defensivos. A opção, porém, não se mostrou completa. Com mais um volante no time, a bola não chegava com perfeição à área adversária. Mesmo com a boa mobilidade de Marcel, os atacantes Galvão e Adriano ficaram muito isolados à frente.

“Senti que de nada adiantaria ter dois jogadores na área adversária, pois a bola só estava chegando lá rifada”, admitiu Paulo Campos. Para não mexer muito na equipe, encontrou uma solução rápida. Fernando volta ao time e quem sai é Adriano. “É quase o que faz a seleção, quando tem o Ronaldo à frente e o Ronaldinho Gaúcho como segundo atacante”, exemplificou, sem querer traçar nenhum parâmetro de comparação entre os craques da seleção e os jogadores do Paraná Clube. Fernando terá a missão de “flutuar” entre o meio-de-campo e o ataque, com a liberdade que não teve em jogos anteriores.

“O Fernando foi um dos destaques da intertemporada. Fez seis gols em dois jogos treinos. Vamos esperar que ele repita a performance frente ao Botafogo”, disse Campos. O meia recebeu com tranqüilidade a nova função. “Nunca disse que aceitaria a reserva passivamente. Lutei para ficar no time e não vou falhar”, disse Fernando. O jogo será uma “prova-de-fogo” para o jogador, que teve alguns bons momentos nas primeiras rodadas do campeonato, mas sempre preso a uma esquematização tática. Frente a Santos, Flamengo e Cruzeiro, Fernando foi encarregado de “bater” com o lateral adversário, tendo pouca liberdade de criação.

Em números, o Paraná Clube permanece no 4-4-2, mas podendo preencher o meio-de-campo com cinco jogadores. Com a posse de bola, a ordem do treinador é para que Marcel, Fernando e João Vítor se lancem ao ataque e, dessa forma, o time teria, na essência, quatro atacantes. “Já pretendia usar essa formação quando aqui cheguei, pois pretendia escalar Aílton, Jean Carlo e Canindé”, explicou. Como Aílton não veio, Jean foi dispensado e Canindé só chega no fim do mês, Paulo Campos usa o material que tem para encontrar o equilíbrio necessário para voltar a vencer no Brasileirão.

Durante pouco mais de uma semana o Paraná Clube trabalhou intensamente nas cidades de Piratuba e Peritiba. Além dos treinos físicos, técnicos e táticos, houve ênfase a aspectos psicológicos do grupo. Além do tratamento de primeira no hotel Vila Germânica, admiradores e alunos da escolinha de futebol de Peritiba (que trabalha sob a marca Paraná Clube) estiveram presentes a quase todos os treinos do Tricolor, inclusive no amistoso frente ao Concórdia – 3×0 para o Paraná.

César Leobet, proprietário do hotel em Piratuba, estará em Curitiba para acompanhar o jogo de hoje, Paraná Clube x Botafogo. Deve fechar ainda uma parceria com o departamento social do Tricolor, assegurando descontos para sócios do clube na utilização do hotel Vila Germânica.

“A experiência foi muito interessante e procuramos observar pontos que podem ser melhorados para o futuro”, disse Leobet. Ele reconhece que os gramados precisam ser melhorados. Como durante o período em que o Paraná esteve em Piratuba não choveu, todos os treinamentos puderam ser realizados de acordo com o que programara a comissão técnica.