O Brasil tem cinco títulos mundiais e o Paraguai já se contenta quando consegue classificar-se para a Copa. A diferença incomparável de currículos, no entanto, não será levada em conta pelos anfitriões do jogo de hoje à noite, em Assunção. Eles preferem ignorar com altivez as proezas do rival famoso e com craques supervalorizados, como forma de não se sentirem diminuídos.
“Para mim, o futebol não tem passado”, afirmou o técnico Aníbal Ruiz, após o treino de ontem em Ypane, onde os paraguaios estão concentrados. “O que aconteceu antes, não serve para nada”, insistiu. “O Brasil tem uma história respeitável, mas agora nos interessa é que este capítulo nos seja favorável.”
Ruiz foi cauteloso, como convém nessas ocasiões, ao frisar que não desrespeita a qualidade dos brasileiros. Mas, para não parecer contraditório, voltou a falar que está mais interessado em fazer com que sua equipe olhe para o próprio umbigo. “O Paraguai tem de jogar como Paraguai”, avisou, numa figura de linguagem surrada. “Não precisa ter medo, mas deve ser taticamente disciplinado.”
O técnico uruguaio chamado para comandar o time após o fiasco do italiano Cesar Maldini no Mundial de 2002 aposta na eficiência da defesa e na qualidade dos atacantes Cardozo e Roque Santa Cruz.
O discurso foi bem assimilado pelos jogadores. O volante Carlos Paredes seguiu raciocínio semelhante ao do treinador. “Não tem mais essa história de time pequeno, principalmente em eliminatórias”, avisou. “O Brasil é pentacampeão, mas não é coisa do outro mundo”, arrematou. “Nosso forte é o conjunto”, reforçou Cardozo.
O goleiro Villar (foto) vai ter muito trabalho para segurar o ataque brasileiro com Kaká, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho.