Uma equipe de atletas especiais, formada este ano em Curitiba, vem trazendo grandes alegrias ao Brasil. Composta por seis corredores, a Associação Atlética dos Deficientes Visuais (AADV) está representando o País em competições nacionais e internacionais, conquistando uma série de medalhas e troféus.
As irmãs Terezinha e Sirlene Aparecida Guilhermo, de 28 e 25 anos, Lucas Prado, de 23, Indayana Pedrina Moia Martins, de 18, Osmar de Souza, de 39, e Sérgio Luiz Negreiros Dias, de 41, vêm dando exemplo de talento, profissionalismo e força de vontade. Prova disso é que, no último final de semana, durante a primeira Etapa Nacional do Circuito Brasil Paraolímpico de Atletismo, em Porto Alegre, Lucas, da classe T11 (de deficientes visuais totais), bateu o recorde mundial dos cem metros rasos no atletismo paraolímpico.
Ele obteve a marca de 11s36, superando o recorde anterior, de 11s37, conquistado na Paraolimpíada de 2004 (em Atenas) pelo angolano José Armando Saiovo. O mais surpreendente é que o jovem começou a treinar recentemente, em meados do ano passado. ?Perdi a visão em 2002, devido a um descolamento de retina. Fiquei dois anos deprimido, mas em 2004 descobri o esporte e foi minha salvação. Comecei jogando futebol, depois fui para o goalball (modalidade esportiva criada especificamente para deficientes visuais) e posteriormente para o atletismo. Sempre fui muito determinado, gosto de fazer o melhor?, diz o atleta.
O coordenador-técnico da AADV é Mário Sérgio Fontes, que na década de 80 também participou de diversas competições de atletismo paraolímpico. Ele se diz orgulhoso de sua equipe e conta que o grupo tem muito a crescer e ensinar. ?Quero que os corredores que compõem a equipe sirvam de exemplo para outras pessoas que possuem deficiência visual, principalmente crianças e adolescentes. A idéia é que todos tenham a oportunidade de descobrir o esporte como caminho para a independência?, declara.
Segundo o coordenador, as dificuldades que os atletas cegos enfrentam são as mesmas enfrentadas por qualquer outro atleta. Eles têm como principais desafios conseguir patrocínio e dar visibilidade às suas modalidades esportivas. ?Vejo atletas com deficiência visual vivendo do esporte e sendo motivo de orgulho nacional. Há 20 anos, eu apenas vislumbrava estas coisas. Hoje, elas são realidade?.
Apoio
Hoje, representantes da AADV vão pedir apoio à Prefeitura de Paranaguá. Alguns atletas vão participar de uma reunião com o presidente da Fundação Municipal de Esportes, Mário Kugler Rodrigues, para avaliar a possibilidade de treinar na cidade. Atuakmente eles praticam nas pistas do Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba.