O aluno Renato Gaúcho, técnico do Fluminense, vem se mostrando um craque na hora de surpreender o mestre Carlos Alberto Parreira, à frente do Corinthians. Na hora da decisão, amanhã (21h40), no Morumbi, o técnico tricolor prepara o xeque-mate definitivo para seu time chegar à final do Brasileiro.

Todas as armas são válidas nesta hora. Principalmente o mistério. Ontem, Renato Gaúcho nem foi às Laranjeiras. Deu entrevista por telefone. Quando indagado se acha que Parreira vai mudar o seu sistema tático na hora da decisão, respondeu sem vacilar.

“Não vejo possibilidade de o Parreira mudar o seu esquema (4-3-3). O Corinthians precisa vencer e não acredito que vá mudar o que treinou o campeonato todo.

Se Parreira não vai mudar, Renato pode mudar. Ele já venceu o Corinthians em São Paulo jogando com três zagueiros e dois atacantes. Ontem, novamente venceu o clube paulista, desta vez jogando com dois zagueiros e três atacantes.”

A novidade pode ser o uso dos três atacantes e três zagueiros. Renato quer pensar bem, mas está inclinado a uma nova ousadia, na qual a vantagem que dispõe na partida, jogar pelo empate, fica guardada como uma espécie de poupança tricolor.

“Vencemos por 1 a 0, invertemos a vantagem e podemos jogar pelo empate. Mas se o Fluminense não for um time corajoso vai acabar perdendo. Melhor é enfrentar o time paulista guardando o empate como uma poupança”, afirma Renato.

A idéia de jogar com três atacantes em pleno Morumbi pode parecer ousada. Mas com esse tipo de formação, Renato vai obrigar o Corinthians a se preocupar com sua defesa. Só Romário – que não jogou na primeira partida em São Paulo – prende dois zagueiros. E com mais dois atacantes, os laterais corintianos não podem avançar tanto.

Com quatro homens no meio de campo contra três do Corinthians, Renato consegue exercer uma marcação severa no setor e conta com três zagueiros para a cobertura do setor defensivo.

Pode ser que na hora do jogo o técnico acabe escolhendo um esquema mais conservador. Neste caso, tiraria um atacante ou um defensor e escalaria mais um jogador no meio de campo. Mas no momento sua idéia é surpreender Parreira com uma terceira formação tática.

Acostumados ao sistema de Renato, que só informa a escalação momentos antes da partida, os jogadores entenderam o discurso passado pelo técnico no vestiário após a vitória de ontem.

“Não dá para jogar da mesma forma que fizemos diante do São Caetano. Se recuarmos demais vamos perder o jogo. A vantagem é curta e mais do que nunca vamos ter que suar a camisa e lutar muito para conseguir o resultado que nos interessa”, disse o zagueiro César.

Kléber que vem se destacando e revelando uma sorte digna da tradição dos grandes goleiros tricolores, recusou o rótulo que tentaram lhe dar, de ser uma espécie de novo Castilho, porque várias bolas chutadas pelos adversários neste Brasileiro, bateram na trave.

“Tenho três meses de Fluminense e não mereço ser comparado ao Castilho. Acho até, que por caminhos estranhos, a sorte dele está me acompanhando. Mas a semelhança por enquanto fica no campo da região geográfica. Ambos viemos do centro-oeste”, disse Kléber.

Roni que deu o passe de letra para Romário marcar o gol da vitória de 1 a 0 sobre o Corinthians, disse que o Baixinho o elogiou após o passe. “Você é o bicho!”

O atacante acha que passa por um dos melhores momentos de sua vida e torce para que o momento se prolongue.

“Você receber o carinho da torcida e sentir que o time está crescendo é gostoso. Mas o importante é pensar neste novo jogo contra o Corinthians que é decisivo. É o momento da afirmação definitiva do Fluminense”, disse. Uma esperança que bate no coração de cada tricolor que espera ansioso a hora de chegar à final.

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