Parada agora, só em novembro. O técnico Paulo Bonamigo sabe disso, e aproveitou a folga que a seleção brasileira deu ao campeonato brasileiro e descansou dois dias com a família. De volta ao batente, o comandante do Coritiba tem consciência de que os próximos dezessete jogos podem jogar por terra tudo que foi feito nos 29 anteriores, e quer o Coxa mantendo a força nesta reta final de campeonato brasileiro.
Mas ele também teve que trabalhar como psicólogo nesses últimos dias, tentando evitar que o elenco sentisse em demasia a saída de Tcheco. Mesmo lamentando a ausência de seu principal jogador, Bonamigo tomou o caminho contrário, valorizando o clube e os atletas que ficaram. É esse Paulo Afonso Bonamigo que conversa com o repórter Cristian Toledo, da Tribuna, sobre o que vem pela frente – para ele e para o Coritiba.
Paraná-online
– O que se pode esperar dessas dezessete rodadas finais?Bonamigo
– Maior dificuldade, uma competição se afunilando. Todo mundo vai estar procurando seu objetivo – uns lutando pelo título e pelas vagas na Libertadores, outros tentando escapar do rebaixamento. Teremos muita emoção nesses últimos jogos. Serão partidas mais competitivas, as equipes talvez arrisquem menos. Em um campeonato longo dá para arriscar mais no início, jogando fora de casa. Mas chega um momento em que cada ponto se torna importante. Os times também estarão melhor preparados, mais entrosados, e a qualidade do jogo vai aumentar.Paraná-online
– Você acha que a luta pelo título pode ter alguma surpresa? Algum outro time pode entrar na briga?Bonamigo
– A tônica da competição foi ter os mesmos times lá na frente, mudando apenas o posicionamento. Até pode surgir uma força emergente nesse final, há times com potencial para isso, mas o título não vai fugir muito dos cinco primeiros (Cruzeiro, Santos, São Paulo, Coritiba e Internacional).Paraná-online
– Qual é a importância desse ?retiro? na Estância Betânia (a intertemporada começa hoje)?Bonamigo
– Começar a se alimentar melhor, conversar um pouquinho mais. O grupo está mobilizado, mas é a hora de uma retomada de posição, uma arrancada de dezessete jogos decisivos para o Coritiba. Um descanso maior, porque para alguns esse campeonato é muito desgastante. Quem jogou mais precisa de mais cuidado. Tudo isso vai ajudar a ter um grupo com energia total para a gente restabelecer o equilíbrio que o time vinha mantendo.Paraná-online
– Como o elenco absorveu a saída do Tcheco?Bonamigo
– Tranqüilamente. A gente está começando a trabalhar sem essa situação, mas o grupo mantém a alegria e a confiança. E o jogo vai dizer se a nossa equipe vai sentir a ausência do Tcheco. Eu acredito que não, pela personalidade que o grupo tem, pela estrutura que nós mantivemos. A saída de uma peça, mesmo que seja uma individualidade importante dentro do grupo, não pode colocar o trabalho de toda uma equipe em xeque.Coritiba retoma o Brasileiro disputando vaga na Libertadores
O campeonato brasileiro está parado, e só retoma suas atividades no sábado. Enquanto o país vê os primeiros passos da seleção na luta por uma vaga na Copa do Mundo de 2006, os 24 times do campeonato brasileiro seguem seus treinamentos, pois sabem que as dezessete rodadas finais podem alterar profundamente a tábua de classificação. O título da competição, se tem favoritos, não está na mão de ninguém, e o Coritiba está na briga.
Cruzeiro e Santos seguem despontando como os grandes candidatos ao título, mas nenhum deles tem a segurança de se considerar o grande favorito. Após passar toda a competição na frente, o time mineiro teve uma queda de rendimento no returno, chegou a perder a liderança e agora a divide com os paulistas -ambos os times têm 55 pontos.
E cada time tem a sua pressão específica. Mesmo garantido na Libertadores, o Cruzeiro segue tentando o seu primeiro título nacional – é o único time ?grande? que não tem o troféu. Enquanto isso, o Santos corre para conquistar o bicampeonato e para atingir a meta desejada de chegar à principal competição interclubes do continente, já que neste ano o Peixe caiu na final ante os argentinos do Boca Juniors.
Logo depois vêm São Paulo e Coritiba. O Tricolor do Morumbi segue seu caminho de inconstância – por duas oportunidades teve a chance de assumir a liderança do Brasileiro, mas perdeu-as com derrota para a Ponte Preta e empate com o Criciúma. Já o Cori segue em ascensão, mesmo com o empate com o Atlético-MG, domingo passado. É verdade que poderia estar bem mais perto dos líderes, mas diminuiu uma diferença que chegou a doze pontos para apenas cinco. O Internacional, que chegou a ser considerado a zebra, agora corre por fora. “O Inter começou o segundo turno bem, depois caiu e diminuiu muito as suas chances”, segundo o matemático Tristão Garcia.
Nas contas dele, a possibilidade do Coritiba chegar à Libertadores são grandes – 53%, para ser mais exato. Se considerada a possibilidade de cinco times chegarem ao torneio continental, esse percentual aumentaria ainda mais. Vale para o Coxa o expressivo número de vitórias (catorze) e a ótima campanha fora de casa. “Não é o melhor por pouco. Mas tem um aproveitamento extraordinário”, aponta Garcia.
Para Atlético e Paraná Clube, as chances de chegar à Libertadores são remotas. Tristão dá 1% para o Tricolor e ?traço? (menos de 1%) para o Rubro-Negro. Em tese, o número parece esdrúxulo, mas as contas do matemático levam em consideração o aproveitamento do time na competição, além dos confrontos que terá pela frente. Nem mesmo a curva de tendência o comove, tanto que a sensação Goiás tem o mesmo 1% do Paraná.
Critério
No site Infobola (www.infobola.com.br), Tristão Garcia explica como faz as contas de chances de classificação à Libertadores. “Para o cálculo das chances de classificação são considerados o mando de campo dos jogos e o retrospecto das equipes na competição. O sistema de cálculo permite comparar os clubes não apenas pela pontuação ou aproveitamento, mas também pela dificuldade dos jogos de cada equipe, avaliada em função dos adversários e do fator local.”
