Para amigos, Felipão deixa seleção

Porto Alegre – Luiz Felipe Scolari faz mistério, sob uma rede de proteção de seus amigos fiéis, que, se sabem, não informam. Mas, nas entrelinhas, alguns deles deixam escapar que o técnico não está disposto a seguir comandando a seleção brasileira e vai anunciar sua saída do cargo amanhã, após reunião que terá com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, no Rio de Janeiro. O jornal Zero Hora, de Porto Alegre, que tem entre seus profissionais algumas pessoas próximas a Scolari, aposta na saída do técnico. Além disso, dois comentaristas esportivos de jornais e rádios que convivem com Scolari citam relatos de amigos comuns e dizem que não acreditam na renovação do técnico com a CBF.

Mas nem todos estão tão seguros assim. O jornalista Ruy Carlos Ostermann, que está transcrevendo para um livro o diário com as anotações que Scolari fez na Copa do Mundo, tem falado diariamente com o técnico e está convicto de que a decisão ainda não foi tomada.

“Talvez ele já tivesse feito sua opção, mas é possível que, diante dos apelos, tenha pensado um pouco mais e não decida nada antes de ouvir as ponderações (de Teixeira)”, comenta.

O presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Emídio Perondi, está na corrente dos que acreditam na permanência do técnico, de quem é amigo há pelo menos três décadas. “Ele gosta muito do Ricardo (Teixeira) e o presidente (da CBF) gosta muito dele”, argumenta.

Entre os motivos para Scolari permanecer estaria a perspectiva de um aumento para o salário de R$ 370 mil e o desafio de conquistar um título inédito para o futebol brasileiro, a medalha olímpica em Atenas, algo que mexe com os sonhos de um vencedor como o técnico que levou a seleção ao pentacampeonato. Mas Scolari também teria razões para deixar a seleção. Uma seria atender pedidos da família, que estaria cansada do assédio e da falta de privacidade. Outra seria a perspectiva de sair no auge, recomendada por alguns amigos. Além disso, o técnico sabe que o ambiente na CBF nem sempre é favorável como o atual. Ao final da Copa América, no ano passado, vários diretores teriam pedido sua demissão.

Scolari foi bancado no cargo por Teixeira, a quem dedica sua gratidão com constantes elogios nas entrevistas.

“Tenho que rir”, diz o delegado e secretário de Segurança de Canoas, Ben-Hur Marchiori, amigo íntimo de Scolari, sobre a ansiedade dos brasileiros pela informação. Ele sabe que o mistério faz parte do estilo do técnico e que se nem aos amigos e familiares é dado o direito de saber antes a escalação de um time, muito menos aos torcedores será antecipado um anúncio que já tem como data marcada amanhã.

Antes de viajar ao Rio de Janeiro para o encontro com Teixeira Scolari passará o dia em Passo Fundo, sua cidade natal. A prefeitura decretou ponto facultativo para que os conterrâneos possam homenagear o técnico no estádio Volmar Salton. O desfile em carro aberto pelas ruas da cidade foi cancelado a pedido de Scolari, que preferiu uma programação discreta por estar guardando luto pela morte do filho do preparador físico Paulo Paixão.

A dupla de músicos Osvaldir e Carlos Magrão vai apresentar uma composição feita especialmente para homenagear o filho ilustre da terra.

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