José Martins Manso, o campeão coritibano Paquito, vestiu a camisa do Coxa pela primeira vez em 1969, quando foi emprestado pelo clube União Bandeirantes por quatro meses. Habilidoso atacante, chamou a atenção dos dirigentes do Coritiba que não mediram esforços para trazê-lo ao seu plantel. Em 1971, um avião que conduzia dirigentes alviverdes pousou em Bandeirantes com a missão de transferir definitivamente Paquito ao gramado do Belfort Duarte. A operação foi um sucesso e não apenas Paquito como seu companheiro de ataque Tião Abatiá (artilheiro do campeonato paranaense do ano) mudaram-se para o Alto da Glória.
A “dupla caipiria”, como eram conhecidos, teve uma passagem curta pelo Coritiba. Sobretudo Paquito que fora emprestado ao Colorado, em 1973, e no ano seguinte viajaria para o norte do país para defender o Santa Cruz. Mas sua breve atuação no Coxa foi suficiente para conquistar imensa admiração da torcida sendo campeão paranaense em 1972.
O título estadual de 1972 carregava um clima especial para Paquito. Recuperando-se de uma cirurgia de menisco, não foi escalado para a excursão na Europa que renderia em julho a premiação Fita Azul ao clube, homenagem concedida aos que retornavam invictos de excursões internacionais. Frustrado por não participar de um evento tão especial, voltou aos gramados em agosto disposto a ser personagem decisivo na busca da taça paranaense.
Na semifinal, o Coritiba que há quatro anos não vencia um campeonato em cima do seu arqui-rival Atlético (já classificado para a finalíssima) precisava vencer o Colorado para ir à decisão. O placar mostrava 0 a 0 aos 30 minutos do segundo tempo, resultado que desclassificava o verdão. O técnico Tim olhou para o banco de reservas e chamou Paquito para tentar a vitória. Assim que entrou na grande área, recebeu bom cruzamento de Nilo e não desperdiçou: gol de cabeça que classificou a equipe para o esperado Atletiba. Na final, o Coxa se sagraria bicampeão vencendo o Atlético pelo placar simples, marcado por Krueger.
Paquito admirava a capacidade estratégica e visionária do técnico Tim. Em uma de suas histórias, conta que insatisfeito por não iniciar as partidas como titular da equipe e ser frequentemente substituído, cedeu entrevista na beira do campo afirmando com irritação que deixaria de jogar no clube. Tim, sabendo da limitação do preparo físico do jogador, guardou na memória seu depoimento e na partida seguinte contra o Santos escalou-o como titular. A orientação era que segurasse o futebol de Clodoaldo, volante muito veloz do time santista. A missão exigiu tanto esforço que ainda antes do intervalo Paquito sentiu fortes câimbras, solicitando substituição. O técnico não atendeu e o manteve em campo até o final do confronto.
Apesar de reconhecer que o Coritiba não atravessa bom momento na atualidade, Paquito reforça a importância do apoio do torcedor em quaisquer situações. “A torcida tem que amar o Coxa, tem que amar essa história até mesmo na dificuldade. É um clube centenário com um histórico maravilhoso”, afirma.
Projeto realizado em parceria com alunos da Faculdades Eseei.