Pancadaria no aeroporto na chegada do Coritiba

Demorou, mas aconteceu. O clima de animosidade entre torcedores organizados e o time do Coritiba descambou para a violência ontem, no Aeroporto Afonso Pena. A fúria contra jogadores, comissão técnica e diretoria levou a São José dos Pinhais cerca de 50 pessoas ligadas à Império Alviverde, principal uniformizada do Alviverde. No desembarque, discussão, empurra-empurra e trocas de sopapos e agarrões entre os torcedores e atletas. Ninguém foi preso, mas a trégua entre as partes, selada na semana passada, foi para o espaço após oito jogos sem vitória do Coxa no Brasileiro da Série B.

Bastou o time perder mais uma na competição, dessa vez para o Ceará-CE (2 a 0), e começaram a pipocar mensagens para esperar a chegada da delegação na volta de Fortaleza. Mesmo com informações desencontradas sobre o horário correto da chegada do vôo coxa-branca, um pequeno grupo cercou a saída do desembarque sem muita resistência policial ou de seguranças. Os primeiros a saírem, incluindo aí o goleiro Artur, tentaram apaziguar os ânimos e dialogar com a torcida. Não deu resultado.

Com palavras de ordem e deixando o espaço restrito para as pessoas passarem, o confronto começou. Pelo menos três jogadores, o zagueiro Índio, o meia Cristian e o atacante Jéfferson, trocaram socos com torcedores. O último, por sinal, confundiu um segurança com torcedor e aplicou um sopapo em quem estava ali para garantir sua integridade. O atacante era um dos mais exaltados e tentou alguns golpes contra torcedores. Já o meia Cristian apelou para uma lixeira. Várias delas ficaram danificadas e espalhadas pelo saguão do Afonso Pena.

Pouco visado, o presidente Giovani Gionédis saiu ileso e o técnico Paulo Bonamigo foi indo embora antes de todo mundo, pegando um táxi. Com muito custo e alguns tapas tomados, os jogadores conseguiram chegar até o ônibus e embarcar até o Couto Pereira. No Alto da Glória, nova confusão. Outros torcedores esperavam a chegada da delegação, mas um forte esquema de segurança foi armado pela Polícia Militar e garantiu a integridade de todos. Do estacionamento do estádio alviverde, cada atleta pegou seu carro ou chamou algum amigo ou parente para pegar uma carona e vazar de toda a confusão.

Organizada: ?sem arrependimentos?

Nada mais que uma reação. Embora declarando-se contrário à violência na recepção ao time no Aeroporto Afonso Pena, o principal dirigente da torcida Império Alviverde afirma que a confusão da manhã de ontem foi causada pelos jogadores coxas-brancas, que teriam desferido a primeira agressão física. E o chefe da torcida não se mostra arrependido pelo episódio.

A caravana de 50 torcedores -na maioria filiados à organizada – saiu do Alto da Glória para aeroporto com intenção de ?cobrar energicamente? determinados jogadores, segundo o presidente da Império, Luiz Fernando Corrêa, conhecido como Papagaio. ?Já havíamos nos reunido com os jogadores para cobrar empenho. Mas contra o Ceará ficou nítido o corpo mole de alguns. Fomos lá para questionar especificamente estes atletas e pedir vergonha na cara?, disse, negando que a agressão estivesse na pauta da facção.

Papagaio diz que em meio ao bate-boca que se formou um dos jogadores agrediu um torcedor com um soco – o presidente da torcida prefere não nominar o atleta, mas outro dirigente da Império, Juliano Rodrigues, afirma que foi o zagueiro Índio. ?Uma ação gera uma reação. Não concordo com a violência, mas depois disso a coisa ficou incontrolável?, falou o diretor da torcida.

Papagaio considera a reação ?um ato exagerado?, mas não reconsidera a situação. ?Peço desculpas à torcida como um todo, mas não a esses jogadores que não desempenham em campo. Eles ganham bem, recebem em dia e deveriam ter o bom senso não enfrentar a torcida?, afirmou. Em nota inserida em seu site, a Império diz que não irá tolerar ?atitudes de jogadores de péssima qualidade como Paulo Miranda, Índio e tantos outros..?.

O presidente da Império foi detido pela Polícia Militar logo depois da confusão. Mas outro diretor da torcida apanhou o telefone e logo apareceu o presidente alviverde, Giovani Gionédis, que livrou a barra de Papagaio. ?Fui detido por ser presidente da torcida. Mas o Gionédis explicou que só estava separando a briga e os policiais entenderam?, alega o líder da facção. As imagens da confusão, porém, mostram o presidente da Império participando ativamente do quebra-pau.

Gionédis, por sinal, foi poupado da fúria dos organizados. Antes da briga, o presidente coxa conversou tranqüilamente com líderes da facção. ?Há alguns erros, como a falta de um diretor de futebol, mas Gionédis está tentando acertar?, amenizou Papagaio.

Derrota no Ceará aumentou a crise

A saída estratégica de táxi do aeroporto e a demora em aparecer no CT da Graciosa gerou a especulação de que Paulo Bonamigo não era mais técnico do Coritiba. Os dirigentes foram chegando aos poucos no centro de treinamentos, até a cúpula estar toda presente ao local. No final das contas, o trabalho da tarde de ontem atrasou, mas contou com a presença do treinador, garantido pela diretoria até o final da temporada. Ninguém deu entrevistas e somente hoje é que o presidente Giovani Gionédis se manifestará sobre o que está acontecendo no Coxa.

Sem a palavra de ninguém o clube soltou uma nota oficial lamentando a atitude do grupo de torcedores, que foi ao Aeroporto Afonso Pena e saiu no braço com os jogadores. ?Repudiamos de forma veemente o manifesto que terminou em agressão física aos jogadores durante o desembarque?, diz o relato, assinado pelo Conselho Administrativo. Para a diretoria, a liberdade de expressão está garantida, mas não pode extrapolar para a violência.

De acordo com os dirigentes, o projeto de voltar à 1.ª Divisão não será alterado. ?Continuamos trabalhando para que nosso clube seja vitorioso?, finaliza a nota. Dessa forma, comissão técnica e jogadores estão mantidos até segunda ordem. Ontem, reuniões foram realizadas e pela normalidade da cúpula diretiva no CT alguma atitude, se houver, será tomada somente hoje. À tarde, no Couto Pereira, Gionédis falará com a imprensa e, após o treinamento, será a vez de Bonamigo e dos jogadores.

Time – Parece azar mesmo. Além de perder gols, o atacante William voltou a fraturar o pé esquerdo, quase no mesmo local que o afastou por dois meses no início da Segundona. Desta vez, o departamento médico do clube aponta para cerca de seis semanas de recuperação. A lesão no jogador aconteceu após uma pancada recebida no jogo de terça-feira contra o Ceará-CE. Além de ele estar fora do confronto contra o Marília-SP, Bonamigo terá que encontrar substitutos para o zagueiro Batatais, expulso e o meia Caio, com o 3.º cartão amarelo. Em compensação, o zagueiro Henrique e o atacante Ânderson Gomes estão de volta após cumprirem a automática. O trabalho de hoje acontecerá no Couto Pereira.

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