A derrota por 2 a 0 para a Ponte Preta na noite de quarta-feira, em Campinas, colocou o Palmeiras numa zona sombria. Além de praticamente abrir mão da classificação, o time precisa, urgentemente, pensar numa forma de escapar do rebaixamento. Projeções feitas ontem pelo matemático Tristão Garcia, professor da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), são pouco animadoras e mostram que a partir de agora, cada partida será uma decisão para a equipe palmeirense.
O time – que perdeu seis jogos em 11 e conseguiu apenas sete dos 33 pontos disputados até aqui – tem apenas 1% de chance de se classificar para a segunda fase do campeonato, de acordo com o estudo. Vai precisar de 11 vitórias e um empate, nos 14 jogos que lhe restam. Isso significa que terá de melhorar muito seu desempenho. Hoje o Palmeiras tem aproveitamento de 21,2%. Para chegar entre os oito, terá de apresentar um aproveitamento de 81%.
E não vai ser fácil. A equipe terá sete jogos em casa, sendo que quatro deles são os chamados “clássicos regionais”, contra São Paulo, Corinthians, Santos e Portuguesa. Destes, pega São Paulo, Corinthians e Lusa como mandante, mas os dois primeiros jogos deverão acontecer no Morumbi, um campo considerado neutro. Para complicar ainda mais, o jogo contra o Santos será na Vila Belmiro, onde o time santista ainda não perdeu neste campeonato.
No Palestra Itália, o time ainda vai enfrentar Paysandu, Juventude, Guarani, Botafogo e Flamengo. Como visitante, além do Santos, o Palmeiras pega Figueirense, Goiás, Vasco, Fluminense e Vitória.
Por conta da dificuldade em que se transformou a briga pela vaga nas oitavas-de-final, o professor Tristão Garcia dá um conselho. É mais prudente que os palmeirenses concentrem esforços em outra frente: na luta para fugir das últimas posições da tabela.
Segundo ele, nas condições atuais (sem contar os jogos desta quinta-feira) , as chances de o Palmeiras ser rebaixado são de 79%. Muito mais que Goiás (63%), Paysandu (39%) e Vasco (36%) – os mais ameaçados. Para evitar a queda, o time paulista precisará fazer 30 pontos (hoje tem sete). Isso significa que precisará vencer 8 de seus 14 jogos. Ou seja, do aproveitamento de 21,2% de agora, o time precisará ter um índice de produtividade de 54,7%.
Cálculo
Para o cálculo das chances de classificação são considerados o mando de campo e o retrospecto das equipes na competição. Tristão Garcia garante que o sistema de cálculo permite comparar os clubes não apenas pela pontuação ou aproveitamento, mas também pela dificuldade dos jogos de cada equipe, avaliada em função dos adversários e do fato de se jogar em casa ou não.
O Juventude é hoje (antes da partida contra o Grêmio, prevista para a noite desta quinta) o time com mais chances de classificação para a segunda fase, segundo o mesmo estudo. O time gaúcho tem 97% de chances. Em seguida aparecem São Paulo (66%), Santos e São Caetano (65%), Atlético Mineiro (63%), Coritiba (58%), Guarani e Corinthians (57%).
Massagista paga o “pato”
A mocinha é assassinada num filme policial e a culpa é de quem? Sobra sempre para o mordomo. No Palmeiras, a culpa da crise caiu sobre o massagista. Em vez de contratar reforços ou dispensar alguns atletas que não estão muito a fim de jogar bola, a diretoria palmeirense resolveu demitir Jorge Fernando, massagista. Jorginho, como é conhecido, estava no clube desde o início do ano e tinha bom relacionamento com os jogadores. Trabalhou, inclusive, na seleção brasileira, com Vanderlei Luxemburgo. Saiu por decisão administrativa, segundo a diretoria.
Ninguém será contratado para seu lugar. O Palmeiras deverá promover um profissional que vinha trabalhando no time B. Além de Jorginho, os dirigentes dispensaram o médico Altamiro Leite. Alguns conselheiros vêm criticando o trabalho dos médicos. Acharam estranha tanta demora para a recuperação de atletas como Lopes, Pedrinho e o zagueiro Leonardo.
Pedrinho, que gostaria de voltar ao time no jogo de sábado, contra o Figueirense, foi “barrado” pelo técnico Levir Culpi. Segundo o treinador, o meia ainda não tem condições de jogo.
Ontem, Levir mostrou que quem manda no time é ele. Não deu bola para as declarações do goleiro Marcos, que pediu para deixar o time, após a derrota para a Ponte Preta. O técnico confirmou que Marcos atuará em Florianópolis. “Precisamos dele e, com certeza, o Marcos não sai do time. Quem tem de ver a saída de um jogador é o técnico e não o atleta.”
O Palmeiras enfim voltou a vencer, ontem: 1 a 0 contra o Juventus, em jogo-treino realizado na Academia de Futebol. O gol foi marcado por Lopes, cobrando pênalti. “Ufa, ganhamos uma”, brincou o goleiro Sérgio, aliviado. O Palmeiras atuou com os reservas.
Apesar de o time ser o lanterna do Brasileirão com 7 pontos, o presidente Mustafá Contursi definiu o elenco como “poderoso” e disse acreditar na reação. Garantiu que não será candidato à reeleição, nas eleições de janeiro, mas seguramente fará o sucessor. Quase não tem oposição. O nome mais forte é o de Carlos Bernardo Facchina Nunes.