Contra crise, pressão e cobranças, o remédio é ganhar com muitos gols marcados. O Palmeiras usou desse artifício no Campeonato Brasileiro para aplicar 4 a 2 no Vitória, neste domingo, no Allianz Parque, e se recuperar da derrota por 2 a 0 para o Corinthians e de outros dois resultados negativos anteriores. O atual campeão conseguiu a melhor solução possível para ao mesmo tempo se recuperar, voltar a vencer e restaurar a autoconfiança.
O placar expressivo de 4 a 2 dá a falsa impressão de uma suposta facilidade. Engana-se quem pensa dessa maneira. O resultado foi de virada após o Palmeiras superar nervosismo, falhas de marcação, bola na trave e sustos dados pelo Vitória. Se a atuação não foi a perfeita, serve para iniciar a transição. Depois de uma semana complicada, o clube se prepara para em breve decidir vaga na Copa do Brasil e na Copa Libertadores.
O Palmeiras entrou em campo carregado pelo peso das três derrotas seguidas, situação agravada por ter perdido em casa para o Corinthians. O protesto da torcida organizada no sábado para cobrar empenho aumentou ainda mais a pressão para enfrentar o Vitória. Influenciado por isso, o time começou o jogo disposto a encurralar o adversário, marcar o gol o quanto antes e dar a resposta esperada pelos 36 mil torcedores.
No primeiro lance a equipe alviverde já chutou a gol, acendeu a torcida e parecia responder bem à expectativa para reagir. Tudo ia bem até um erro de passe de Felipe Melo na saída de bola acabar com o gol do Vitória aos nove minutos, com Uillian Correa. A partir disso, toda a pressão causou o efeito inverso. A impaciência do público fez o Palmeiras ficar nervoso e desaprender a atacar.
A fase de desequilíbrio durou mais de 20 minutos e foi marcada por passes errados, impaciência da torcida e contra-ataques perigosos da Vitória. O remédio para o nervosismo veio com o gol de empate. O árbitro marcou falta em Mina na área e Róger Guedes fez de pênalti, aos 36, para amenizar a angústia coletiva de jogadores, do técnico Cuca e da torcida. Resolvida a questão emocional, a técnica prevaleceu e a virada veio logo depois, com Dudu, aos 45.
O resultado estava encaminhado, mas não resolvido. Era preciso manter a calma para definir o placar, antes que o Vitória empatasse. O Palmeiras perdeu oportunidades claras no começo do segundo tempo e passou por muitos sustos. Neilton chutou para fora chance incrível, frente a frente com Prass, e Wallace cabeceou no travessão. Duas advertências claras de que era preciso se impor em casa.
O sufoco dado pelo Vitória fez o time visitante avançar e levar o troco fatal no contra-ataque. Dudu conduziu a bola contra a marcação de dois e cruzou. Willian finalizou na trave e no rebote, o lateral Mayke concluiu para o gol, aos 25. A imposição como mandante, necessária para vencer, estava cumprida. Para melhorar, virou goleada: Michel Bastos fez ótima jogada e presenteou para Dudu fazer outro, aos 31.
O Vitória diminuiu, com David, sem conseguir dessa vez ameaçar a comemoração alviverde. O time da casa se reergueu e apesar das falhas defensivas, poderá fazer a autoanálise em cima de um expressivo resultado positivo, e não com base em uma turbulenta derrota em clássico.
FICHA TÉCNICA:
PALMEIRAS 4 x 2 VITÓRIA
PALMEIRAS – Fernando Prass; Mayke, Mina, Edu Dracena e Egídio; Felipe Melo (Zé Roberto), Tchê Tchê e Guerra (Michel Bastos); Róger Guedes, Dudu (Borja) e Willian. Técnico: Cuca.
VITÓRIA – Fernando Miguel; Patric (Salino), Wallace, Alan Costa e Geferson; Uilian Corrêa, Renê, Yago (David) e Cleiton Xavier; Neilton (Jhemerson) e André Lima. Técnico: Alexandre Gallo.
GOL – Uillian Correia, aos 9, Róger Guedes, aos 36, e Dudu, aos 45 minutos do primeiro tempo. Mayke, aos 25, Dudu, aos 31, e David, aos 39 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Edu Dracena, Cleiton Xavier, Wallace, Geferson.
ÁRBITRO – Bruno de Araújo (RJ).
RENDA – R$ 2.712.846,15.
PÚBLICO – 36.263 pagantes.
LOCAL – Estádio Allianz Parque, em São Paulo.