São Paulo – O jogador Rogério, recém-transferido do Corinthians para o Sporting, de Portugal, corre o risco de ficar seis meses sem poder jogar oficialmente. Apesar do tom de urgência da decisão de quinta-feira da juíza Maria Aparecida Vieira Lavorini, titular da 26.ª Vara do Trabalho de São Paulo, que ordenou sua imediata reintegração ao Palmeiras, antes, porém o atleta precisa ser notificado judicialmente e, como está no exterior, o trâmite, via carta rogatória, demora, no mínimo, seis meses – período no qual só poderá fazer amistosos.
A CBF não liberou o atleta para jogar no Sporting e, segundo o assessor da presidência do Palmeiras, Antônio Carlos Corcione, nem o poderá fazê-lo após a decisão da Justiça do Trabalho. De acordo com o assessor jurídico da CBF, Valed Perry, “para a entidade, Rogério é um jogador sem clube”. Perry diz ainda que nenhum pedido de liberação foi feito pelo Sporting e afirmou que a decisão judicial exigindo a reintegração do atleta ao Palmeiras não foi comunicada oficialmente à confederação.
Na prática, ocorrerá o seguinte nos próximos seis meses. E quem explica isso é Corcione, do Palmeiras: “Ele não pode jogar no time português porque não está liberado para isso. O Rogério, no máximo, vai ficar disputando amistosos”, disse. O clube paulista, até nesse ponto, pretende dificultar a vida do ex-lateral-direito do time em Lisboa. “Já enviamos um comunicado ao Sporting informando-os que vamos pedir para sermos indenizados no caso de o atleta se machucar em alguns desses amistosos. Estamos defendendo nosso patrimônio.”
O empresário de Rogério, Jorge Baidek, teria dado informação diferente ontem a jornalistas portugueses. Um repórter ouvido pela Agência Estado ouviu de Baidek a afirmação de que a situação do atleta estaria totalmente regularizada com o Sporting e ele poderia sim jogar naturalmente. Baidek, a partir da tarde de ontem, deixou de atender seu telefone celular, mesmo procedimento adotado, durante todo o dia, pelo advogado brasileiro do jogador no caso, Heraldo Panhoca.
Caso se confirme a não inscrição do jogador no Sporting, Rogério terá de se acertar financeiramente com o Palmeiras antes de conseguir sua liberação. O valor pode ser definido com base em outro processo, iniciado há quatro anos e ainda sem decisão final, na Justiça Civil. Nele, o clube exige de Rogério e Corinthians uma indenização de R$ 8,64 milhões por perdas e danos pela suposta transferência irregular do atleta em setembro de 2000.
Corinthians
Para o advogado do Corinthians, Ivandro Sanchez, o clube já não tem mais nada a ver com o imbróglio judicial. Segundo ele, a decisão da 26.ª Vara do Trabalho define que Rogério tem uma questão pendente única e exclusivamente com o Palmeiras. “Nosso vínculo com o jogador já foi rompido.”
Ontem, o clube fez o primeiro pagamento determinado pela Justiça, no valor de R$ 200 mil (serão ainda mais dez parcelas mensais de R$ 37 mil). “Conosco está tudo certo”, reiterou o advogado.