Uma longa expectativa do torcedor do Palmeiras vive a fase final da espera. A diretoria e os gestores do Allianz Parque utilizam o começo deste ano para intensificar as conversas sobre o novo memorial de troféus do time. O espaço original foi desativado em agosto de 2010 para dar lugar à construção da arena e desde então não há uma exposição fixa aberta ao público das cerca de 6 mil taças e inúmeras conquistas do clube em seus 104 anos. O objetivo do atual presidente alviverde, Maurício Galiotte, é terminar a obra até o fim do atual mandato, em 2021.
O projeto é tratado com sigilo pelas duas partes. Mas a ideia do memorial é um interesse em comum. Segundo pessoas envolvidas nas negociações, há bastante diálogo e otimismo em transformar tudo em realidade.
O impasse se arrasta por quase nove anos principalmente por não ter existido no primeiro momento consenso sobre quem seria o responsável por construir o novo espaço. Durante os últimos anos a relação entre o Palmeiras e o Allianz Parque viveu alguns desentendimentos e até discussões em câmaras de arbitragem. Pelo menos no que diz respeito ao salão de troféus do clube, os atritos agora estão amenizados.
A meta é erguer o novo memorial dentro do Allianz Parque. Já há, inclusive, alguns rascunhos de possíveis locais a passarem por reformas e estarem adequados para a vinda dos troféus. O plano é fazer o salão das conquistas estar integrado à uma nova loja do Palmeiras, ao clube social e também ao tour do estádio. Os passeios pela arena reúnem em média 50 mil pessoas por ano e registraram em janeiro o recorde mensal de 7 mil visitantes.
O potencial impacto positivo da novidade e a expectativa dos palmeirenses em ter contato com taças e itens históricos do clube recomeçou a mobilizar os dirigentes ainda em 2017. O Palmeiras montou uma comissão para organizar o projeto e se reunir com os gestores da arena. As reuniões marcadas para o começo deste ano servem para traçar um cronograma para a implantação.
A pressão para se ter o novo memorial é grande entre conselheiros do Palmeiras e também pela própria torcida, que aguarda a oportunidade de ter mais contato com a história alviverde. Desde quando o clube iniciou a reforma do antigo Palestra Itália para dar lugar ao Allianz Parque, a reconstrução de local nobre para as taças está na fila da espera.
ARMAZENAMENTO – Durante os últimos anos uma pequena parte das milhares de taças e itens históricos do Palmeiras foram expostas ao público em ocasiões esporádicas, como no aniversário do clube e em eventos. Os principais troféus estão guardados dentro da sede administrativa, próximos à sala da presidência, outros estão na Academia de Futebol.
Outra parte de acervo de taças, como conquistas de torneios de menor relevância e de outros esportes, está guardada em outro local, por não ter mais espaço disponível na sede. O Estado apurou que o Palmeiras decidiu acomodar esses itens em um depósito na Zona Norte de São Paulo. O clube paga mensalmente um aluguel para guardar os itens em ambiente seguro e discreto.
Anteriormente, o depósito escolhido para receber as taças rendeu bastante polêmica nos bastidores. As taças foram acomodadas inicialmente em um imóvel em Pinheiros cujo dono é o ex-diretor de futebol do Palmeiras, Salvador Hugo Palaia.
Em 2011, o Conselho de Orientação Fiscal (COF) do clube chegou a questionar um possível gasto por mês de R$ 3 mil para manter um cachorro como guardião do espaço. A informação foi negada na época pelo então presidente, Arnaldo Tirone.
O memorial do Palmeiras também guarda episódios tristes na história do clube. Em 1990, o local no antigo Palestra Itália foi invadido por um grupo de torcedores depois de o time não ter conseguido vencer a já eliminada Ferroviária, no Pacaembu. O empate sem gols fez a equipe não passar para a final do Campeonato Paulista e dar chance para o Novorizontino avançar. Revoltados com o empate sem gols, alguns palmeirenses foram ao memorial e quebraram algumas das taças.