O confronto entre Peñarol e Palmeiras começou na última quarta-feira, em Montevidéu, e só deve acabar daqui a um mês, nos tribunais. A unidade disciplinar da Conmebol vai analisar a súmula e os vídeos da partida para aplicar possíveis punições. Os dois clubes e os jogadores envolvidos na confusão no estádio Campeón del Siglo, após a vitória alviverde por 3 a 2, pela Copa Libertadores, correm riscos. A equipe paulista alega ser vítima de uma ação planejada.
A briga também se estendeu para as arquibancadas, onde torcedores das equipes entraram em conflito. Os uruguaios arremessaram bombas e pedras em direção aos palmeirenses e tentaram invadir a área reservada aos adversários. Segundo o jornal uruguaio El País, o tumulto terminou com 18 policiais feridos e 29 torcedores presos – o Ministério do Interior do Uruguai confirmou o mesmo número de agentes feridas e contabilizou 30 pessoas detidas.
As confusões em campo e na arquibancada serão avaliadas pela Conmebol. A entidade deve instaurar um processo disciplinar, notificar os clubes e abrir um prazo para a apresentação da defesa. Após essa etapa, o Tribunal de Disciplina da entidade vai julgar o caso e aplicar possíveis punições. O prazo estimado para esse trâmite é de até um mês.
O Palmeiras ainda não foi notificado. O clube deve ir à Conmebol e argumentar que se defendeu de uma confusão descrita como premeditada. Jogadores e dirigentes alegam que funcionários do Peñarol fecharam o portão de acesso ao vestiário para realizar uma emboscada.
O código disciplinar da entidade não estabelece sanções específicas para cada tipo de transgressão de conduta. Segundo o texto, caso um jogador agrida um adversário, a suspensão varia de, no mínimo, três jogos a um período indeterminado. Essa punição é a que pode ser aplicada, por exemplo, a Felipe Melo – por ele ter dado dois socos em Matías Mier. A situação do brasileiro é atenuada porque ele não foi expulso pelo árbitro.
Os clubes também podem receber sanções. O código prevê 15 diferentes tipos de punições, desde brandas, como advertências, até mais duras, como jogar com portões fechados, eliminação do torneio e suspensão da participação em edições futuras. Outras penalizações são de natureza financeira, com multas que podem variar de R$ 300 a R$ 1,2 milhão.
O diretor de futebol do Palmeiras, Alexandre Mattos, disse confiar no trabalho do novo presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Domínguez, e acredita que punições mais severas possam ser aplicadas ao Peñarol.
Uma das testemunhas do conflito, o médico do Palmeiras Gustavo Magliocca contou que, na confusão, três jogadores foram agredidos. Willian teve um arranhão no rosto, Jean levou uma pancada nas costas dada por um jornalista uruguaio e o goleiro Fernando Prass sofreu golpe na cabeça. “Tivemos sorte. Dentro de tudo o que aconteceu, nenhum atleta saiu machucado de fato. Houve escoriações apenas. Foi um clima hostil, com fotógrafos dentro do campo querendo nos acertar com os tripés das câmeras”, relatou o médico.
O time voltou ao Brasil na tarde da última quinta-feira e foi recebido pela torcida. Cerca de 200 palmeirenses foram ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, e ficaram à espera dos jogadores. Quando o elenco começou a chegar ao saguão, houve grande aglomeração para tirar fotos e cumprimentar os atletas. Um dos mais festejados foi o volante Felipe Melo, principal personagem do conflito no Uruguai.
A equipe ganhou folga após a chegada ao Brasil e não treina nesta sexta-feira. O próximo compromisso do Palmeiras será na quarta que vem, novamente pela Libertadores. O adversário será o Jorge Wilstermann, em Cochabamba, na Bolívia. Um empate o garante nas oitavas de final.