No início da manhã de sábado passado, dia 2, os pilotos e navegadores dos 65 carros que iriam participar das quatro categorias da etapa de Londrina da Mitsubishi Cup estavam alertas para iniciar a prova do maior rali monomarca da América Latina. Os participantes compunham um grupo heterogêneo – muita gente que encara o rali com um hobby e alguns pilotos que fazem das corridas sua profissão. Na área de apoio, em que ficam reunidos na maior parte do tempo, aguardando a vez de largar, foi possível observar o que os motiva: paixão por carros, velocidade e terrenos desafiadores, sede de adrenalina e a possibilidade de trocar idéias com pessoas que gostam de todas essas coisas.

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Embora a maioria absoluta dos competidores seja homens, duas mulheres também participaram, como navegadoras. Foi Adriana Parra, 31 anos, quem incentivou o marido Paulo Rugna, 32 anos, a começar a correr. Eles, a princípio, faziam trilhas de jipe. Com o tempo, diz Adriana, optaram por fazer rali de velocidade. "Foi um caminho natural", explica ela.

Os dois paulistas correm há quatro anos e participam da Mitsubishi Cup na categoria L200 RS Light, que envolve participantes que não estiveram entre os sete primeiros da antiga categoria L200 RS do ano passado. Adriana é navegadora e Rugna, o piloto. "Ele tem medo que eu pilote melhor que ele", alfineta Adriana. "Que nada", brinca Rugna, "ela pode acabar com o meu brinquedo."

Aficcionados

Nem mesmo após o acidente no Rali dos Sertões que o deixou quatro meses parado, com uma lesão na vértebra, em 2001, José Oscar Bibas, 62 anos, deixou as corridas. Curitibano, engenheiro florestal e empresário, Bibas diz que é no rali que descontrai totalmente. "Sempre se quer ganhar, mas a corrida em si mesma nos deixa satisfeitos", explica ele, que participa na categoria L200 RS Light.

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O administrador de empresas Felippe Bibas, de 29 anos, filho de José Oscar, também participa do rali, mas na categoria L200 RS Master, na qual estão os pilotos mais rápidos e experientes da Mitsubishi Cup. "É uma forma de sair da rotina e fazer amizades", afirma ele, que corre, além do Mitsubishi Cup, no Campeonato Brasileiro de Cross-Country. Segundo Felippe, há uma rivalidade sadia nos ralis, porque o piloto corre sozinho, não havendo brigas como em pistas. Para ele, a nata dos pilotos de rali do Brasil participa da Cup.

A paixão por velocidade e emoção faz com que muitos dos pilotos participem também de outras competições, como o Campeonato Brasileiro de Cross-Country, que tem como prova mais expressiva o Rali dos Sertões. Outros eventos de regularidade, como o Transparaná, também atraem pilotos. O catarinense Fidélis Barato Filho, 44 anos, é um dos que participa dessa prova. "A paixão por carro está no sangue do brasileiro", diz ele. O carro de Fidélis tem uma característica peculiar – foi pintado por Cid Mosca, o mesmo artista responsável pelo capacete de Airton Sena. Ele diz que o carro, nas cores azul, amarelo e preto, lembra uma bandeira de largada estilizada. (Rhodrigo Deda viajou a convite da organização)

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Patrocínio é raridade

Embora os pilotos de rali busquem recursos com patrocinadores para reduzir custos das corridas, são poucos os privilegiados que podem considerar o rali uma profissão. É na categoria L200 RS Master que esses pilotos vão se concentrar, junto com outros aficcionados que estão entre os melhores do País.

Guilherme Spinelli, 32 anos, o "Guiga", é um deles, e na etapa Londrina conquistou o segundo lugar. Ele afirma que uma característica interessante da Cup é que ela consegue reunir estreantes, que vêm com o objetivo de lazer de fim de semana, assim como aqueles que vêm para competir. "E no final todos saem satisfeitos", diz ele.

Spinelli atualmente é patrocinado pelo portal Terra. Mas nem sempre foi assim. Segundo ele, quando começou a correr, conseguir patrocínio era difícil, o que o fez ficar cinco anos sem competir. (RD)

Uma etapa em alta velocidade

No começo da noite de sexta-feira, 1.º de julho, véspera da etapa Londrina da Mitsubishi Cup, os pilotos eram avisados pelo diretor técnico do rali, Detlef Altwig, que havia chovido muito nos dois dias anteriores, o que poderia deixar o piso mais liso. Quase todas as outras informações sobre a pista já eram conhecidas dos competidores da Mitsubishi Cup – a área era de canavial, o piso, arenoso e de boa aderência. Com muitas retas o circuito permitia que os pilotos chegassem a atingir cerca de 160km/h e cuidassem para não quebrar os eixos nos grandes saltos que os carros poderiam dar nas várias lombas do circuito.

Mas, quanto aos problemas de quebras em lombas não teve jeito. O piloto Maurício Neves diz que muitos pilotos acabaram quebrando nas voltas, por arriscarem demais. (RD)